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Falta água na periferia de Natal

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Sem água na torneira, morador usa balde para dar banho no filhoApesar dos investimentos feitos pela Caern na rede distribuidora de Natal, a falta de água está mudando a rotina de moradores, que recorrem à compra de botijões de 20 litros de água mineral, a uma média de R$ 3,50, para o consumo doméstico. Na rua Capitão Mor Gouveia, já no final do chamado Km-6, os moradores passaram por esse vexame durante uma semana,  segundo Peter Luiz da Silva, residente na casa de número 1017. Ele chamou a TN para relatar o problema na manhã de ontem, mas tão logo fez a reclamação, telefonou de volta avisando que a água tinha chegado na torneira de sua residência.

Peter Silva disse que, normalmente, chega água um dia, outro não, “mas fazia tempo que não acontecia de faltar água tanto tempo”. Para atender ao consumo doméstico, ele disse que se valia da vizinha, “que tem uma caixa d’água maior do que a da minha casa”.

A vizinha dele, Elione Ferreira Maia, afirmou que mesmo quando a oferta da Companhia de Águas e Esgotos está regular, ela tem de se valer da “água que vem direito da rua”, porque água disponível no reservatório só é usada para fazer a comida e o banho da família, “e não sobe água todo dia”.

A água chegou na torneira na manhã de ontem, no entanto, Peter Silva disse que “estava vendo a hora o bairro virar sertão”, porque até carro-pipa a Caern prometeu  mandar, mas não chegou na noite da terça, dia 20.

Silva contou com um pouco mais de sorte, pois a água chegou em sua casa depois de sete dias. Mas, ontem, o problema persistia na travessa 13 de Maio, em Dix-sept Rosado, onde a dona de casa Eliana de Moura dava banho nos dois filhos usando um balde de água: “Tem vez que passa três dias sem chegar água e a gente faz comida com água mineral”.

Vendedor de água mineral envasada de porta em porta, João Amaro sai com carrinho de mão abastecendo toda vizinhança: “Antes eu entregava sete ou oito garrafões por dia, hoje entrego 15 e até 20”, informa ele.

A dona de casa Maria Mariana de Medeiros disse que o pessoal de Natal “é meio acomodado” e só reclama da Caern em último caso. Ela afirmou que já entrou na Justiça para garantir o fornecimento de água e energia elétrica outras vezes e aconselha que, na falta de algum desses serviços, “a pessoa tem de juntar a conta e só pagar quando chegar água ou luz”, pois só quando a empresa sentir falta de dinheiro para pagar os funcionários, o serviço volta à normalidade.

Alexandra Santos também mora próximo ao Km-6, reclama que além de ter de comprar um garrafão de água mineral a R$ 3,50 quase todo dia, a comunidade ainda “tem de conviver com a sujeira”, por conta do esgoto e do lixo acumulado nas ruas.

Falta de chuvas no RN reduz vazão do lençol freático

Parte do problema da escassez de água a Caern credita à falta de chuvas na região Nordeste, que vem contribuindo até para o rebaixamento do lençol freático  na Grande Natal. Segundo a empresa, por isso o lençol subterrâneo já chegou a baixar cinco metros em Macaíba. Estudos da Caern mostram que a maior parte do lençol subterrâneo está baixando e para captar água, os poços estão ficando cada vez mais profundos. Em algumas regiões do Estado, a pouca vazão e a qualidade da água que tem se apresentado salobra, vem dificultando o aproveitamento do aquífero.

O gerente de Hidrogeologia e Perfuração de Poços da Caern, geólogo João Maria Soares do Nascimento, explica que o Rio Grande do Norte possui seis aquíferos conhecidos: Bacia Potiguar (Formação Jandaíra e Formação Açu), Bacia Costeira (que se prolonga até os Estados de Pernambuco e Paraíba), grupo Barreiras, depósitos aluviais, depósitos dunares e Embasamento Cristalino.

Dos seis tipos, o aquífero Barreiras existente na costa oriental do Estado, de Baía Formosa até Touros, é o que oferece água de melhor qualidade, abastecendo Natal, municípios da região metropolitana, do litoral e parte do Agreste potiguar.

Mesmo assim, a Caern informa que os investimentos na perfuração de poços continuam, que serão acrescidos aos 343 poços em operação no Estado, dos quais 107 só em Natal (76 poços na Zona Sul e 31 poços na Zona Norte, incluindo algumas cidades da região Metropolitana). Em Mossoró e cidades adjacentes, a Caern trabalha com 37 poços; em Caicó e cidades próximas a empresa possui 10 poços; em Açu e redondezas, 19 poços; em Pau dos Ferros e área urbana dos municípios próximos, são sete poços; na região litorânea, cidades e praias existem 163 poços para captação de água.

De janeiro a outubro deste ano a empresa incluiu mais 24 novos poços que já estão operando com a produção de 962 mil litros de água por hora, no atendimento aos novos empreendimentos e aumento da demanda na capital e interior. Alguns deles foram perfurados pelas empresas responsáveis pelo empreendimento, com acompanhamento dos técnicos da Caern.

Parnamirim é o município com maior quantidade de poços, perfurados este ano,  seguido de São José de Mipibu com cinco, Natal e Canguaretama com três cada um.

O governo está anunciado que dos R$ 250 milhões oriundos da União para investimentos nas ações de combate à seca, cerca de  R$ 108 milhões serão aplicados na implantação de 11 projetos de abastecimento de água no interior do Estado, sob a responsabilidade da Caern. Outros R$ 42 milhões na aplicação de sete projetos voltados para a agricultura familiar e os R$ 100 milhões restantes serão liberados à medida que forem apresentados os novos projetos de ampliação e abastecimento de água.

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