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Falta estrutura para rondas no litoral

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Marco Carvalho
repórter

O reforço policial no litoral do Estado não tem sido suficiente para alterar a realidade de insegurança vivida pelos moradores, veranistas e turistas. A Operação Verão teve um início tímido em decorrência do atraso no pagamento das diárias operacionais dos policiais e também em virtude da entrega de viaturas. Os casos de assaltos a casas de praia e  estabelecimentos comerciais tiveram pouca alteração após o início da operação. Durante esta semana, a equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE percorreu praias do litoral Norte do Rio Grande do Norte e percebeu a sensação de insegurança pela qual passam pessoas que buscavam férias, diversão e aquecimento nos negócios.

O aprimoramento no efetivo policial não foi acompanhado de uma igual estrutura capaz de tornar eficaz o serviço de segurança pública. Ao longo do litoral, policiais relataram as dificuldades em virtude da falta de viaturas, alimentação e infraestrutura. Por conseqüência, não foi difícil encontrar vítimas do descaso na segurança e que relataram casos de violência contra a família e contra funcionários de estabelecimentos comerciais.
Barra de Maxaranguape – O Pelotão Destacado de Maxaranguape conta com 26 homens durante o período do verão. A unidade também recebeu reforço de uma viatura que possibilita fiscalização na orla.
Enquanto praias de maior movimento, como Barra de Maxaranguape, apresentavam grande movimentação de policiais e realização de barreiras e patrulhamentos, os vizinhos menores permaneciam esquecidos. Em Caraúbas, a Polícia Militar não se fazia presente. Mais a frente, em Maracajaú, os pms não podiam atender ocorrências porque não havia viaturas. A Operação Verão não chegou a pontos intensificados pela movimentação turística e continua deixando a população à mercê da vontade de bandidos.

No trajeto da reportagem pelo litoral Norte, também foram encontradas deficiências em delegacias da Polícia Civil e postos de salva-vidas do Corpo de Bombeiros Militar. O reforço prometido de delegacias itinerantes e reforço de salva-vidas não foi percebido.

Na Barra de Maxaranguape, a PM se faz presente. O efetivo local passou de 17 homens, para 26 e agora também conta um caminhonete extra para a realização do patrulhamento na orla. Lá, a reportagem passou por uma barreira na entrada da cidade e também viu a ronda de pms pela praia. A realidade, no entanto, já se faz diferente na vizinha Caraúbas.

“No verão aqui, a atividade turística é muito intensificada. Tem dias que há 15 ônibus parados na orla. Mesmo assim não vemos polícia”. O relato é do comerciante José Gomes da Silva, proprietário de um quiosque há 15 anos na praia. “Estou fechando mais cedo por medo de assaltos”, lamentou. Em Maracajaú, o posto policial não contava com viaturas quando a reportagem passou pelo local. As possíveis ocorrências teriam que ser atendidas a pé.

O movimento de turistas é intenso em Maracajaú e a insegurança se reflete em arrastões a residências. Esse foi o caso do alemão Herfried Langer, 56 anos. O empresário do setor aeroviário teve a casa invadida e os pertences roubados. Para se proteger, está gastando mais de R$ 50 mil para reforçar a segurança da residência. O muro aumentou e o local ganhará cercas elétricas e câmeras de monitoramento. “A segurança aqui é lamentável. Nós conhecemos as pessoas que nos roubou, mas nada é feito”, reclamou o alemão.

Na orla, não há sinalização e fiscalização para o tráfego de carros. Em Maracajaú e Jacumã, carros, quadriciclos, motos e buggys passavam sem qualquer intervenção legal.

Insegurança é queixa mais comum

A insegurança no litoral potiguar também tem atingido empresários que dependem do aquecimento na movimentação turística durante o período de veraneio. Em Jacumã, por exemplo, não há postos de polícia. O patrulhamento fica por conta da base localizada em Muriú, que também é responsável pela cobertura na praia de Graçandú e outros distritos no município de Ceará-Mirim.

“Passamos 11 meses totalmente esquecidos na questão da segurança aqui e quando chega o período de verão, momento em que é fundamental um reforço no policiamento, não vemos o efetivo esperado”. A reclamação parte do empresário Jessé Wesley, proprietário de um restaurante a beira-mar de Jacumã. “Os policiais de Muriú trabalham bem. O problema é que eles tem que cobrir uma área muito extensa. Eles não são super-homens”, disse.

Segundo ele, “a violência tem imperado” no local e o “turismo está a mercê dos bandidos”. De acordo com Wesley, a insegurança é mais um fator que atrapalha a fragilizada infraestrutura do turismo. “Há um descaso muito grande com o turismo no Rio Grande do Norte. Isso gera reflexo negativo nos negócios”, informou.

Em Maracajaú, as proprietárias de um restaurante, que preferiram não se identificar, também criticaram a estrutura de segurança. “Se houver chamados, os dois pms que existem aqui terão que atender a pé. Era para haver um comprometimento maior no sentido de alterar essa situação”.

Os problemas seguem na praia vizinha. Em Pititinga, os dois policiais militares de serviço estão abrigados em uma pousada, pois o posto policial não teve a reforma concluída. De acordo com informações de moradores, o posto já foi uma doação de empresários italianos que se sentiam prejudicados pela ausência de agentes de segurança pública.

“Rondas têm surtido efeito”, diz PM

Para o comandante-geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, coronel Francisco Canindé de Araújo Silva, o reforço no patrulhamento na Operação Verão tem surtido efeito. Ele alerta que a intensificação ocorre durante os finais de semana e nas praias de maior movimentação. “O nosso trabalho tem conseguido inibir atitudes delituosas. Isso principalmente nos crimes de trânsito. Muitas blitzen têm sido realizadas”, declarou.

O coronel confirmou as dificuldades iniciais enfrentadas pela Operação Verão, mas esclareceu que o trabalho ocorre normalmente agora. “Realmente, com o atraso das diárias operacionais e a ausências das viaturas novas, começamos de maneira tímida. Mas agora, com o pagamento das diárias e as caminhonetes entregues, está tudo como o planejado”, informou.

O comandante da PM esclareceu que um apelo foi realizado junto ao secretário de segurança e a governadora no sentido de pagamento das diárias e outros reforços na estrutura da polícia. “O pleito ocorreu no sentido de valorizar o trabalho dos homens e mulheres que formam a PM. Isso é importante para que eles possam ir para a rua motivados”.

“A segurança é feita de faz de conta”

Bate-papo
»Sd. João Maria

Como o senhor analisa o andamento da Operação Verão até agora?

A segurança é feita de faz de conta. De que adianta mandar homens e não oferecê-los a estrutura adequada para a realização do trabalho. Mandaram os homens e esqueceram das condições.

Como isso se reflete na sensação de segurança na comunidade?

A cobrança da sociedade não corresponde à realidade de prestação de serviço da PM. Temos que repensar o modelo e analisar a qualidade antes da quantidade.

Quais as ocorrências mais recorrentes durante esse verão?

Temos registrados muitos assaltos a residências e furto de veículos. Mas isso passa também pela responsabilidade dos proprietários, por não prestarem atenção nos bens e deixá-los bastante expostos.

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