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Falta qualificação aos professores

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Jotta Paiva – Jornal de Fato

Mossoró – Levantamento feito pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do RN (Sinte/RN), de acordo com a folha de pagamento da Secretaria de Educação, revela que dos 25 mil professores contratados da Educação, 5.300 ainda não têm curso superior. O pior é que desses, pouco mais de 800 estão procurando se qualificar.

Do montante geral, apenas 5% conseguiram terminar um curso de mestrado e só 1% tem doutorado. A única diferença ocorre no curso de especialização, que contempla 40% do quadro geral. Para piorar, devido ao déficit de profissionais em sala de aula, foi baixado um decreto vetando a liberação de professores que querem investir num curso de pós-graduação.

De acordo com a coordenadora estadual do Sinte, Fátima Cardoso, pelo menos dois fatores contribuem para o baixo nível de qualificação do professorado potiguar. O primeiro é a falta de valorização profissional, incentivo que só recentemente passou a ser adotado, e ainda com muita lentidão. O segundo é o grande número de pessoas que estão muito próximas de se aposentar. “Essas questões desestimulam os servidores a procurarem qualificação”, avalia Fátima.

Para a coordenadora, a falta de estímulo, aliada às péssimas condições de trabalho e salários ainda baixos são fatores determinantes para o atual quadro estatístico da educação local. Ela ainda reclama que há um déficit de mais de 2 mil professores e cobra do governo um concurso com 4 mil vagas.

O reflexo de tudo isso aparece nas estatísticas educacionais nacionais. As últimas avaliações sobre tema divulgadas no Brasil foram traumáticas para o Rio Grande do Norte que aparece na lanterna de todos os índices.

O Estado teve uma das piores colocações no ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), com média 3,9 nas séries iniciais, bem abaixo da média nacional que é 4,2. Na avaliação do Ensino Nacional do Ensino Médio (ENEM), apenas duas escolas potiguares aparecem entre as 200 melhores do país (Instituto Federal de Tecnologia do RN (IFRN) e o Colégio Ciências Aplicadas), de acordo com ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Com relação à avaliação feita pelo Ministério da Educação através do Sistema Nacional de Educação Básica (Saeb) em 2005, o RN aparece em último lugar em relação à 4ª Série do Ensino Fundamental. O Estado obteve as piores médias do País nas provas de Língua Portuguesa e Matemática – repetindo o desempenho da avaliação anterior, em 2003 – e está entre os últimos também no Ensino Médio.

As estatísticas revelam um RN fragilizado e que não tem priorizado a educação como fator primordial de transformação social. E isso não acontece apenas no ensino básico, também no ensino superior, especialmente a UERN.

Pesquisa considera fraco o desempenho profissional

Um estudo feito pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Planejamento do Processo de Ensino-aprendizagem (GEPP) do Campus Avançado Professora Elisa de Albuquerque Maia (CAMEAM/UERN) entre os anos de 2005 e 2007, constatou o alto índice de professores sem curso superior na educação de 1° a 4° séries do Alto Oeste. De acordo com a professora Lúcia Sampaio, doutora em Educação pela UFRN, o mais preocupante é que, nas escolas pesquisadas da jurisdição da 14° Diretoria Regional de Educação, foram feitas observações para analisar o desempenho entre os professores mais antigos sem formação universitária e os recém-formados e praticamente não houve diferença.

A pesquisa foi retomada recentemente e, até agora, pelo que foi levantado, quase não aconteceu avanço na qualidade docente. “Muitos professores que estão em sala de aula, no caso dos que trabalham com ensino de português, não têm noção do estudo de língua. Avalio esse quadro como caótico”, adianta Lúcia.

A professora também faz menção à falta de incentivo governamental com relação ao plano horizontal e da demora na renovação do quadro funcional da educação. “Encontramos uma série de erros dos gestores, começando com as condições de trabalho dos profissionais que são terríveis”, critica.

Para ela, a responsabilidade da “universidade” é muito grande para o que se vê em sala de aula. Lúcia acredita que o professor precisa sair do curso de graduação motivado para continuar sendo um pesquisador e transferir essa motivação para o aluno, que também precisa se interessar pela pesquisa. “Falta motivação. É preciso que o Estado dê perspectiva de futuro para o profissional.”

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