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Família denuncia demora na realização de exames

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A dificuldade em realizar exames de alta complexidade em Natal resultou na morte do senhor José Vicente Simplício de 96 anos. Com suspeita de ter câncer de próstata, a família percorreu diversas unidades de saúde, desde o início do ano, para tentar dar início ao tratamento, mas o paciente faleceu dois dias após o resultado.

A ‘via crucis’ da família começou no posto de saúde de Igapó, local em que foram encaminhados para a Secretaria de Saúde, com a finalidade de marcar uma consulta em outra unidade, mais especializada.

Maria Roseane de Lima, filha de seu José Vicente, conta todo o sofrimento do pai para fazer os examesMaria Roseane de Lima, filha do paciente, conseguiu a marcação para o Hospital Onofre Lopes, mas no primeiro atendimento foi surpreendida com a notícia, do médico, que deveria levar seu pai para casa, pois o caso seria terminal e não havia mais condições de tratamento.

“Fiquei muito triste com isso, mas o o meu pai precisava de cuidados médicos, não poderia ver o sofrimento dele, sem fazer nada”.

Inconformada, Roseane levou seu pai para casa e continuou a procura de atendimento, chegou a solicitar uma consulta com o médico do PSF de Igapó, e este, receitou apenas medicamentos para pressão. Por perceber que o caso era grave, devido às complicações físicas que seu pai passou a apresentar, como dificuldade para andar, comer, além das fortes dores, Roseane resolveu se dirigir novamente ao Onofre Lopes. “O médico que nos atendeu a segunda vez, encaminhou para fazer alguns exames, um deles uma citologia óssea para ver se havia metástase. O resultado foi positivo, então foi solicitada uma biopsia, na próstata, a ser realizada na Liga. O exame foi feito no dia 10 de julho, com previsão para estar pronto em 10 dias, mas o meu pai faleceu no último domingo, 18”.

Roseane disse que chamou o Samu no domingo, quando percebeu que seu pai estava com dificuldades para respirar. O último atendimento ocorreu no hospital Santa Catarina. O paciente foi colocado na urgência e os aparelhos que medem pressão, respiração e batimentos cardíacos foram ligados, mas chegou a óbito no mesmo dia.

Ela disse que no hospital Santa Catarina só existia uma enfermeira e um médico para atender os paciente. Quando a pressão de seu pai começou a baixar correu para chamar a enfermeira que estava socorrendo outro paciente. “Nesse momento a enfermeira chamou o médico que ligou o aparelho de respiração (o que liga até o pulmão), no meu pai, mas faleceu 40 minutos depois, ainda ajudei a retirar os aparelhos”, conta.

Procedimentos feitos pela Liga

O superintendente da Liga, Roberto Sales, disse que José Vicente era paciente do Onofre Lopes e a Liga apenas recebeu uma solicitação de biopsia. “O exame foi realizado, ele não tinha câncer de próstata, cumprimos nosso papel, mas o tratamento deveria ter sido realizado no hospital de origem”.

Sales disse que a Liga recebe pacientes de todo o estado, aqueles que estão com diagnóstico de câncer ou suspeita, mas precisa existir o encaminhamento do médico, o que não ocorreu nesse caso.

“O paciente deveria ter outro problema de saúde, talvez tivesse câncer, mas não o de próstata. O Onofre Lopes também trata de pacientes com câncer, pode fazer  quimioterapia e as cirurgias de que os pacientes necessitam. Somente a radioterapia é um tratamento exclusivo da Liga.

O resultado da biopsia, entregue à filha do paciente na última sexta-feira, 19, traz como resultado ‘neoplasia da próstata’, no dicionário Aurélio é uma espécie de tumor benigno ou maligno. De acordo com o superintendente da Liga, esse resultado é negativo para o câncer.

A administradora do Onofre Lopes disse que não recebeu nenhuma reclamação da família e que o hospital não é credenciado para tratar pacientes com câncer. “Fazemos o tratamento, mas não recebemos por isso, os hospitais credenciados são: o do Coração, Natal Hospital Center, Varela Santiago e a Liga”.

Cláudia Barreto, auditora da Secretaria de Saúde de Natal, disse que não existe nenhuma ocorrência sobre o caso, mas que a alegação de não existir pagamento no Onofre Lopes. para o tratamento de pessoas com câncer, não corresponde à realidade. “Todos os procedimentos são pagos, existe uma comissão formada por servidores da Secretaria de Saúde e do Onofre Lopes, que avalia a cada três meses, a necessidade de aumentar ou diminuir o repasse desses recursos.

Questionado sobre a demora no tratamento, a administradora do Onofre Lopes, disse que iria averiguar o caso, analisando a ficha de atendimento dele, mas até o fechamento dessa reportagem, não obtemos informações.

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