AE – Não havia modelos, passarela nem fila A. O desfile que abriu a 41ª edição da São Paulo Fashion Week na noite desse domingo, 24, ocorreu no Parque da Independência, em frente ao Museu do Ipiranga, e foi aberto ao público, que se sentou em degraus. A apresentação de Fause Haten uniu teatro, dança, música e, claro, moda. Membro da leva de criadores brasileiros que fez sucesso entre o fim dos anos 90 e o início dos 2000, e que venderam suas marcas para grandes conglomerados, já há algum tempo Haten não se define mais como estilista. Prefere ser chamado de artista.
Faz sentido. Seu desfile faz parte de um projeto do Sesc Ipiranga, a exposição #ForadaModa, e as roupas mostradas foram feitas aos olhos do público durante as últimas duas semanas. Nada de inspirações ou tema fechado como é praxe entre os criadores de moda. Seu ponto de partida foram bonecas, batizadas de Marlene, em uma alusão à atriz e cantora alemã Marlene Dietrich. A segunda referência foi a canção La Vie en Rose, de Edith Piaf, também cantada por Dietrich. “Decidi fazer a coleção toda nesse tom, pois precisamos ver a vida um pouco cor de rosa” diz Haten. “Precisamos de escapismo e poesia. Sempre fico pensando qual a minha função no mercado. Hoje, depois do período da moda corporativa, estamos voltando à era da moda de autor.”
A mudança faz parte de sua nova forma de enxergar a indústria. Para ele, a moda como é hoje está com os dias contados. “Esse mundo da moda que se estabeleceu aí não me interessa. Para mim está falido e tende a acabar”, afirma. “O que me interessa hoje é a molecada que eu vejo negando a moda. Uma juventude que tem movimento político, uma música e usa a moda como forma de expressão.”
Política
Na plateia do desfile, Paulo Borges, criador e organizador do SPFW, mostrava-se otimista com a temporada de desfiles que começa nesta segunda, 25, na Bienal. “A moda vai se mostrar muito forte. Em um momento tão especial do Brasil, em que as pessoas estão intolerantes e intransigentes, a semana vem com números importantes, recorde de patrocinadores e sete estreias”, diz. “A cada seis meses, a gente se reconvence do valor que tem o Brasil, de que somos criativos e empreendedores, fortalecendo a nós e ao próprio País.”
fonte: Estadão Conteudo