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FBI admite falhas em exames

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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos e o FBI (a polícia federal norte-americana) admitiram  que integrantes da unidade de comparação microscópica de amostras de cabelo cometeram erros ao testemunhar em pelo menos 257 casos, ao longo de mais de duas décadas. Desse total, 32 casos resultaram em condenação à pena de morte, e 14 condenados já foram executados ou morreram na prisão. Os erros cometidos pelo FBI não significam que não houvesse outras evidências de culpa nesses casos.
Antony Hinton deixa a prisão no estado do Alabama, após passar 30 anos no corredor da morte
Em pelo menos 257 dos 268 processos que foram revistos até o momento, 26 funcionários da unidade — de um total de 28 — prestaram testemunhos equivocados sobre as análises de comparação de fios de cabelos, o que favoreceu a acusação.

Os números são da Associação Nacional de Advogados de Defesa Criminal (NACDL) e do Innocence Project, uma organização dedicada a inocentar pessoas que foram condenadas de forma injusta.

Em comunicado enviado ao jornal Washington Post, que noticiou os erros, o FBI e o Departamento de Justiça afirmaram que estão revendo a atuação da unidade forense entre os anos 1970 e 2000, período no qual foram identificadas as falhas.

Acusados e promotores federais e estaduais de 46 estados americanos, além do Distrito de Columbia, estão sendo notificados. O próximo passo, à medida que a revisão avança, é determinar se existem fundamentos suficientes para recurso em alguns dos casos. O Departamento de Justiça e o FBI dizem estar “comprometidos em garantir que os acusados afetados sejam notificados dos erros passados e que se faça justiça em cada instância.”

Antes dos testes de DNA, investigadores confiavam nas análises microscópicas de comparação de cabelo para saber se um acusado esteve na cena do crime. Mas essas análises não são confiáveis, pois cabelos de diferentes pessoas podem parecer ser da mesma pessoa quando analisados num microscópio. Só o teste de DNA pode dar certeza.

O FBI lembra que, hoje, “além das análises microscópicas, também trabalha com amostras de DNA, oriundas de fios de cabelo”, e que vai rever cerca de 2.500 casos nos quais o laboratório forense da agência trabalhou com amostras de cabelo de 1972 a 1999.

Para Peter Neufeld, co-fundador do Innocence Project, três décadas de uso de análises microscópicas do FBI para incriminar acusados foram um completo desastre.

Caso recente
No início da abril, um homem que passou 30 anos no corredor da morte, acusado de ter matado duas pessoas, foi libertado no Alabama depois que novos exames confirmaram que o revólver encontrado na casa do réu não podia ser a arma do crime. “Queriam me executar por algo que não cometi”, afirmou Anthony Ray Hinton, de 58 anos, após deixar a cadeia. Todas as acusações contra ele foram abandonadas por decisão da juíza Laura Petro, do tribunal distrital do condado de Jefferson. Hinton é a 152ª pessoa condenada à morte a ser inocentada desde 1973 nos Estados Unidos e a segunda neste ano.

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