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Fim dos dicionários

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Começa o ano novo com uma constatação vinda do ano velho de que os dicionários, como um produto (livro) físico, estariam chegando ao seu crepúsculo, como se vê no título do artigo que me chamou a atenção para o fato: “Crepúsculo dos dicionários”. O autor é Celso Ming, analista de Economia, e foi publicado dia 26 de dezembro no Estadão. Começa assim: “Se você aprendeu a amar os dicionários,  não se assuste com o título acima. Não é o fim; há de ser apenas a espera de um novo amanhecer”.

A internet, mais uma vez, ameaça a vida do livro de papel, abrindo espaço para o livro digital. Títulos literários – romances, contos, poesia, ensaios – já são comuns nos e-books, os digitados, disponíveis nas livrarias ao lado das estantes dos impressos. Até os nossos machados de assis já aparecem com essa roupagem nova. Agora teria chegado a hora dos aurélios e dos houaiss. No seu artigo, Ming cita o editor Roberto Feith, diretor-geral da Objetiva, editora responsável pela publicação do dicionário de Antônio Houaiss: “Percebemos gradativa redução na procura por dicionários impressos e maior demanda por conteúdos digitais”.

Segundo informações das editoras dos três principais dicionários brasileiros, o Aurélio, o Houaiss e o Michaelis, “há uma estagnação na venda dos últimos três anos, depois de um pico em 2009, quando do início da vigência do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa”. O Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) aponta, baseado em dados recentes (2012), uma redução de 7,7% no total de leitores entre os anos de 2007 e 2011. Mais: uma queda de 46,7% do percentual de leitores interessados em dicionários e enciclopédias.

Celso Ming pergunta: “O que resta às editoras daqui pra frente?” O editor Breno Lermer, superintendente da Melhoramentos, que publica os dicionários Michaelis, responde que o horizonte do mercado eletrônico permanece nebuloso e acrescenta: “Estamos em busca de saídas. É difícil de imaginar a moçada consultando nossa maior edição, que pesa quase 4 quilos”. Mais adiante, Celso Ming cita o exemplo da Enciclopédia Britânica:

– O mais provável é que, para se manter no mercado, os editores de dicionários adotem a estratégia da tradicional Enciclopédia Britânica, que em março de 2012, depois de 244 anos de sucesso, decidiu pôr fim à edição em papel. Na ocasião, a companhia anunciou a concentração nos conteúdos digitais, o que inclui softwares e livros digitais para escolas, aplicativos para celulares e tablets, além de material atualizado diariamente no site disponível para assinantes.

E arremata:

– No Brasil, cerca de 45% dos leitores entrevistados pelo SNEL, em 2011, desconheciam a existência de livros digitais e, entre os que já conheciam, 82% nunca tinham lido um e-book. Sinal de que há longo caminho a ser percorrido pelas editoras brasileiras, não apenas no desenvolvimento de conteúdos mais atrativos, mas na própria formação dos futuros leitores.”

Bom, o colunista entra em férias neste alvorecer do ano novo. Que seja mesmo novo e bom. Já coloquei na sacola o “Dicionário de Luís da Camões”, com suas 1.005 páginas, editado pela Editorial Caminho, de Portugal, em setembro de 2011. O exemplar foi adquirido na Livraria Bertrand, da Rua Garrett, 73-75, no Chiado (a livraria mais antiga do mundo, lá se vão 281 anos),  bem perto da praça que tem o nome do Poeta Maior. Entre a  praça e a livraria, está Fernando Pessoa sentado no calçadão de A Brasileira, cubando a paisagem. Mais adiante, descendo pela rua do Alecrim em busca do Cais do Sodré, você pode tirar um dedo de prosa com Eça de Queiroz, numa pracinha escondida. Saudades de Lisboa! O dicionário foi um presente régio que me foi dado pelo amigo Ivoncísio Meira de Medeiros, vai fazer agora dois anos: “Lisboa, Dia dos Santos Reis de 2012”.

Vamos acreditar no novo ano recitando com Camões:

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, / Muda-se o ser, muda-se a confiança; / Todo mundo é composto de mudança, / Tomando sempre novas qualidades. // Continuamente vemos novidades, / Diferentes em tudo da esperança; / Do mal ficam as mágoas na lembrança, / E do bem (se algum houve) as saudades. // O tempo cobre o chão de verde manto / Que já coberto foi de neve fria, / E enfim converte em choro o doce canto. // E, afora este mudar-se cada dia, / outra mudança faz de mor espanto, / Que não se muda já como soía.”

Previsões

Não querendo ser chato nem pessimista, mas destaco  esta manchete de ontem da Folha de S. Paulo: “Em 2013 a Petrobras é a empresa brasileira com maior desvalorização”. Esta outra do Estadão: “Empresário deve se preparar para um 2014 de pouco crescimento e inflação”. Isso sem falar na copa da Fifa e das eleições gerais.

Do tempo Previsão do tempo para o Nordeste, neste primeiro dia do ano novo, segundo o boletim do CEPTEC: “No centro-sul do Maranhão e oeste do Piauí: variação de nuvens e possibilidade de pancadas de chuva; nas demais áreas da região, sol e poucas nuvens.”

Roberta Sá Deu na coluna de Ancelmo Gois, de O Globo:

– Roberta Sá já está preparando seu novo CD, dedicado exclusivamente ao samba. Marina Lima, Adriana Calcanhoto e Zélia Duncan, entre outras, irão compor especialmente para o disco de Roberta.

O mais falado

Outra nota de Ancelmo Gois, agora com o papa Francisco:

– Sabe qual foi o assunto mais comentado, em 2013, no Facebook no Brasil? As manifestações de rua. No mundo, o campeão foi o papa Francisco.

Livro

O velejador Nelson Mattos Filho, também colaborador desta TN, marcou para o dia 3, sexta-feira que vem, o lançamento da segunda edição do seu livro “Diário do Avoante”. Será na Sorveteria Oba! (avenida Márcio Marinho), na Praia de Pirangi do Norte. Começa às 17 horas

Alex

O poeta Alex Nascimento, que retornou segunda-feira da Alemanha (não passou por Frankfurt) garante para ainda este primeiro trimestre novo livro. Poemas? Nem Mariana sabe.

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