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‘FNF recuperou a credibilidade do nosso futebol’

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Com vistas a temporada de 2014, o presidente da Federação Norte-riograndense de Futebol reuniu a imprensa para mostrar as novas parcerias realizadas pela entidade e, com as quais, ele acredita que deverá ter condições de bancar 100% das despesas básicas dos filiados durante a realização do Estadual. O dirigente criticou os proprietários das tevês abertas locais, ressaltando que os mesmos demonstram completo desinteresse pelo futebol potiguar e também falou da esperança de quebrar a barreira e o receio antigo — ainda com aquela visão de que os dirigentes de futebol não mereciam credibilidade —  existente entre a FNF e o empresariado local. José Vanildo disse que ainda continua recebendo recursos da CBF, porém ,frisa que a “mesada” não interfere em sua posição junto a entidade onde ele está para defender os interesses do futebol da terra.
José Vanildo, presidente da Federação Norte-riograndense de Futebol (FNF)
A FNF está reunindo a imprensa para mostrar novos parceiros. Me conte como vem sendo essa nova fase da entidade?
No momento de dificuldades que nós estamos atravessando, sofremos não apenas pela ausência de auxílio do poder público, a crise se abateu de uma maneira geral. Então cabe a federação ter competência de buscar no mercado soluções inteligentes em busca de apoio para o futebol do RN. Esse é o objeto e principal função da FNF, na minha visão a entidade precisa de um gestor, nossa função não é ter torcida, nem receber aplausos, mas sim buscar alternativas para tornar nossas competições viáveis para todos os filiados e solucionar os problemas que surgem em época de crise financeira.

Como fazer isso em um estado onde corre pouco dinheiro?
Mostrando que o futebol é um grande gerador de emprego e renda ao poder público e gerador de negócios importantes que também é bastante importante ao desenvolvimento do estado.

Antes a presença do poder público era fundamental para o desenvolvimento das nossas competições. Hoje nem tanto. Isso seria um sinal de maturidade do futebol potiguar?
Eu acho que essa é a alternativa. Eu não acredito mais em poder público fazendo doações, caridades com recursos públicos. Acho que o governo deveria investir no futebol no sentido conjuntural, não individualmente e com soluções pontuais. Quero dizer que um evento do porte de uma Copa do Mundo é sim importante para o nosso estado, o Campeonato Estadual também é, ele gera o turismo interno, emprego e renda. Isso nós temos exemplos muito bom, basta olhar para Goianinha que construiu um estádio, abriu as portas para o América e passou a ser conhecida nacionalmente na última temporada. Agora um fenômeno idêntico está ocorrendo com Ceará Mirim, devido a construção do Barrettão. Essa cidade depois da crise que atingiu os usineiros, passou por sérias dificuldades e agora vem retomando sua notoriedade amparada na construção de um estádio que, no futuro, será um parque esportivo, voltando a gerar emprego e renda, a movimentar a economia local através do futebol. Nós temos de buscar no marketing um produto bom e vender o futebol como um instrumento com poder de gerar essa situação.

Mas hoje a FNF conta ou não com financiamento público?
A Federação Norte-riograndense de Futebol não vive de poder público. Ela não mais recebe esse tipo de recurso. A FNF  vai buscar no mercado as suas alternativas financeiras para tornar nossas competições cada vez maiores e  cada vez mais auto suficientes. Nós fechamos apoios e patrocínios com a TV Interativa, Chevrolet, Club Cap e começamos a discutir com a Arena das Dunas, um negócio que é irreversível, uma tentativa de conciliar   o interesse do capital e o futebol do estado. Estamos avançando nas conversas por compreendermos que não podemos ficar à margem do negócio chamado Copa do Mundo. O futebol é bem maior que qualquer questão pessoal.

Uma das grandes questões no passado, era o que fazer para tonar o futebol do RN num produto. Sua administração conseguiu fazer isso?
Nós temos de melhorar, mas eu posso garantir que nunca na história da própria federação e também do futebol do RN, a nossa entidade teve tantos negócios fechados com empresas privadas. Vou fazer uma observação: 99% desses contratos de parceria são fechados com empresas de fora do RN. Não só pela nossa vinculação junto a CBF, isso ocorreu bem mais pela eficiência na ação de marketing desenvolvida pela Dez Sports, que soube interpretar o momento do nosso futebol. A credibilidade e os avanços que tivemos dentro da FNF tendo capacidade de passar tudo isso e mostrar que a federação já poderia ser encarada com seriedade e receber outro tipo de tratamento e que poderia ser encarada com maior profissionalismo. Fazendo valer também a condição de que somos uma das sub-sedes da Copa do Mundo, estamos na 11ª colocação no ranking de federações e em relação a estados do nosso porte, estamos numa condição privilegiada com três vagas na Copa do Brasil, dois times disputando a série B, um na série C e outro na série D. Nós temos visibilidade.

O senhor disse que grande parte dos recursos da FNF são captados por empresas fora do RN. A que se deve isso? O empresariado local ainda não tem o devido respeito ao nosso futebol?
Culturalmente nós não tivemos governadores de estado que nutrissem uma simpatia pelo futebol de forma efetiva, com em Pernambuco. Existem projetos públicos lá do tipo “Estou com a Nota”, onde eles jogam o público dentro dos estádios através de um financiamento de ingressos e acabaram criando uma cultura de amor ao futebol local. Aqui jamais tivemos coisa igual, além disso os empresários que controlam as televisões abertas no RN, não nutrem simpatia pelo futebol. Mas também não é só isso, tem a parte da FNF, que antes nunca teve  preocupação em se qualificar, bem como não se habilitava de forma profissional para ir ao mercado atrás da captar recursos. Eu não vou a ninguém pedir ajuda financeira, não recorro a ninguém para pedir ajuda para federação, eu vou na empresa formalizar propostas de parcerias,  de negócios. Lamentavelmente, isso não ocorre com os empresários locais. Acho que muito mais pelos fatos registrados anteriormente do que pelo momento que vivemos agora.

Mas o futebol, com todos os seus gastos, é viável para FNF?
Os maiores projetos de futebol hoje, bem como a maioria dos campeonatos, são bancados por nossa federação mesmo. No ano de 2014 será muito mais, quando podemos avançar até 100% da cobertura das questões básicas para os clubes, tais como: transporte, hospedagens e pagamento das taxas de arbitragem. Podemos avançar ainda em auxílio financeiro para solução de questões emergentes, como já fizemos na atual temporada.  Há um avanço no trabalho de captação de recursos e vislumbro a temporada vindoura bem melhor que a de 2013, digo que a curto prazo nós estaremos  financiando 100% do nosso futebol sem necessitar de qualquer apoio do poder público.

O presidente acredita que a presença de empresas de fora apoiando o futebol pode quebrar essa barreira entre o esporte e o empresariado local? Será que eles ainda não levam a sério a FNF ou o próprio futebol do RN?
Eu acho que não é questão de descrédito com o esporte, prefiro acreditar que o nosso futebol é que não era tratado com seriedade e isse acabou se tornando o grande motivador para criação dessa barreira. A cultura era essa, existia muito amadorismo, muito remendo, o campeonato iniciava e ninguém sabia se ele chegaria ao fim por causa de problemas na Justiça Desportiva. Nós conseguimos praticamente eliminar as ações na justiça, que atrapalhavam o andamento das competições e isso gerou credibilidade. O mundo é globalizado, ninguém vem ao nosso estado por que é bonzinho e quer dar dinheiro à FNF e aos nossos clubes, quem chega é atrás de parcerias e também atrás de obter lucros. Quando a Arena das Dunas contrata nossos clubes para mandar seus jogos lá, é por que ABC e América são um bom produto. Eles vão gerar negócios e a FNF tem de mostrar que o nosso futebol é muito maior do que questões pontuais e, por isso, fomos procurar a Arena das Dunas e mostramos a importância de realizarmos uma parceria mais efetiva , com o conjunto do futebol se integrado a esse projeto. Acho que essas atitudes podem acabar com a historinha de que um empresário diz que não patrocina A para não desagradar o B. Chega! Temos de pensar no conjunto da obra.

Antes também diziam muito que a CBF seria a madrasta do futebol potiguar. É isso mesmo ou o futebol do RN que era mau administrado e não sabia tirar proveito daquilo que a CBF oferece?
Acho até que a CBF tem de melhorar, mas indiscutivelmente 100% dos pleitos feitos pelos filiados — quando falo isso a memória mais próxima é de ABC e América — eles são atendidos religiosamente pela confederação.  Isso eu posso invocar até o testemunho dos presidentes destes clube. Em relação aos demais clubes, eles sabem do nosso esforço junto a CBF para valorizar o conjunto do nosso futebol. Isso, as vezes, gera alguns desencontros pela mudança cultural que tento demostrar nessa nova forma de se investir no futebol do RN. Com investimentos individualizados, a maioria é penalizada e acaba enfraquecendo o conjunto do futebol potiguar. Isso já melhorou muito, existem ações individuais para ABC e América, específicas para os objetivos deles, mas a FNF vai a luta, atrás de recursos e tem obtido resultados de entendimento, como  essa parceria com a OAS. Acredito que ela deva render bons frutos para o futuro do nosso futebol.

A FNF recebia uma “mesada” da CBF. Frente a todo esse sucesso de empreendimento, esse auxílio continua chegando? Isso não facilita o clientelismo na futura eleição de 2014?
Eu trocaria qualquer apoio sistemático, que continua sendo dado a todas as federação, por patrocínio, por busca de mercado para o futebol da minha terra. Hoje eu posso garantir que a parte da CBF é bem menor daquilo que consegui captar no mercado. O futuro está sendo escrito agora e ele dirá se estou ou não correto. Hoje a FNF não vive em função da CBF, vive em função de parcerias, de contratos e de marketing. Isso é que mantém nossa federação ativa. Não recebo nada de governo e, se recebesse, seria bem aplicado. Posso dizer que sobrevivemos com recursos próprios e uma pequena parte vinda de recursos da CBF que não contaminam minha posição junto a entidade. Se estou lá é para brigar pelos interesses do futebol potiguar.

QUEM
José Vanildo é advogado está no primeiro mandato como presidente da Federação Norte-riograndense de futebol. Sua gestão promoveu uma série de inovações na entidade e devolveu a credibilidade do futebol potiguar através de um modelo profissional de gestão.

O que
Ele apresentou os novos parceiros da FNF, cujos recursos serão suficientes para patrocinar as despesas básicas dos clubes da primeira divisão do Campeonato Estadual e anunciou que está praticamente fechado com a TV Interativo para transmissão da competição local para todo Nordeste.

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