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Forte Moderno

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Yuno Silva *
Repórter

Entre o Potengi e o Atlântico, tendo a brisa marinha e o barulho das ondas como companhias para um café (ou chá) no fim da tarde, uma turma animada aguarda o sol se pôr antes de iniciar um passeio noturno pelo Forte dos Reis Magos. O grupo já visitou exposição elaborada pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) sobre a fortificação em forma de estrela e testemunhou mais uma performance instrumental de músicos que batem o ponto por lá semanalmente. Aos mais exibidos, internet sem fio gratuita permite que ‘selfies’ sejam postadas em tempo real mostrando, ao fundo (afinal é uma ‘selfie’!), resultado de escavações arqueológicas.
Superintendente do IPHAN anuncia inovações que serão inseridas no projeto de recuperação do Forte dos Reis Magos
A cena ainda é hipotética, mas o Iphan-RN — que assumiu a gestão do principal monumento do Rio Grande do Norte em dezembro do ano passado — trabalha  para torná-la real o quanto antes. Primeiro projeto aprovado no PAC Cidades Históricas a ser iniciado no país, a restauração do Forte dos Reis Magos está apenas no começo – o grosso da obra, orçada em R$ 8 milhões, deve ser iniciada nos próximos meses.

#SAIBAMAIS#“Até setembro iremos substituir a passarela interna de madeira para permitir que a visitação não seja interrompida durante os trabalhos”, informou Onésimo dos Santos, superintendente regional do Iphan. A instituição também acompanha de perto os demais projetos aprovados no PAC Cidades Históricos, 20 ao todo (destes, onze são praças), que juntos somam R$ 43,7 milhões. “Acredito que todas as obras deverão ser iniciadas antes do final do ano, os projetos estão prontos e a análise está bem adiantada”, garantiu.

Forte dos Reis Magos
“O que garante a preservação do Forte dos Reis Magos é a presença de quem mora na cidade. Temos que atrair o natalense, pois hoje 99% dos visitantes são turistas”, avalia Onésimo Santos. “Por isso nossa intenção de promover passeios noturnos, criar uma exposição permanente interessante, instalar um café e incrementar a programação cultural”, enumera.

O superintendente do Iphan-RN não soube dizer se o fluxo de visitas sofreu alterações de dezembro para cá, quando o Governo do RN/Fundação José Augusto saiu da jogada. “Não sabemos os números anteriores, o controle anterior era falho, mas registramos uma média de 12,6 visitas por mês até agora”.

As escavações arqueológicas na fortaleza foram concluídas, o relatório final foi emitido por especialistas da UFPE e uma análise complementar está em curso para identificar, a partir dos ossos de aves encontrados, se as espécies que sobrevoavam o Forte antes são as mesmas de hoje; se as rotas migratórias sofreram mudanças. “Vários detalhes foram revelados, como a existência de um piso de madeira em uma das salas que funcionou como banco de pólvora de particulares no século 19. Também confirmamos a saída de emergência, entaipada no século 19, que ficará à mostra após a restauração”, destacou Onésimo dos Santos.

Escavações nas paredes serão mantidas descobertas para apreciação dos visitantes, e algumas no chão serão cobertas por vidro pelo mesmo motivo. A recepção deverá sair de dentro do Forte, e os banheiros podem ser instalados neste novo espaço.

As pesquisas não confirmaram se a única sala com umbral arredondado serviu como capela, e a teoria sobre a secularidade de uma das camadas no piso caiu por terra quando foi encontrada uma embalagem de chiclete (pela estampa da embalagem chegou-se a data de fabricação: 1996). “Entre os achados mais importantes está o cravo de ferro fixado no arrecife sobre o qual o Forte está construído, utilizado para traçar as linhas base da edificação”. Outro detalhe é a cacimba construída durante a ocupação holandesa no século 17, no centro do Forte, que alcança o lençol freático do continente e forneceu água 100% potável.

City tour incompleto
Com a mudança na administração do Forte dos Reis Magos levantou-se a necessidade de fechar o lugar uma vez por semana para manutenção. Ficou acordado com operadoras de turismo que o ideal seria fechar nas quartas à tarde e nas manhãs de quinta. Porém o city tour oferecido pela CVC, que em Natal é operado pela Potiguar Turismo, não oferece mais o passeio. “O primeiro problema é a questão da segurança na área (responsabilidade da PM), em segundo lugar está a logística: é padrão os city tours serem feitos no dia seguinte a chegada do turista, e como quem desembarcar em Natal na terça ou quarta pode ficar sem o passeio, decidimos tirá-lo do roteiro”, disse Jarbiana Costa, gerente operacional da Potiguar Turismo.

Para ela em Natal não há muito o que mostrar: “O city tour em João Pessoa é bem mais fácil de ser feito, além de ter mais opções culturais. Aqui não temos como estacionar os ônibus na Cidade Alta ou no Museu Câmara Cascudo”, exemplifica. As demais operadoras e receptivos continuam oferecendo passeios ao Forte normalmente.

Números
8 milhões é o valor orçado para as obras de restauração
12,6 mil é a média mensal de visitantes

*Colaborou com esta matéria: Cinthia Lopes, editora

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