Woden Madruga [ [email protected] ]
Passo cedo pela calçada do Cova da Onça e lá estava Mestre Gaspar, mais uma vez envolvido com a bandeira do Brasil, rodeado pela patota de quase todos os dias. No ar percebia-se um clima de muita ansiedade. Na esquina com a Doutor Barata vejo Lenine Pinto subindo a escada do Carneirinho de Ouro. No Cova, a conversa era uma só : futebol, a Copa, Neymar, o jogo desta terça-feira. Quem Felipão escalará no lugar de Neymar? William ou Ramires? Por que não Bernard? A galera estava dividida. Tinha o pessoal de William e tinha o pessoal de Ramires. Os defensores de Bernard eram poucos. Entre eles, o poeta Carlos Castilho, que considera o mineirinho de apenas um 1 metros e 62 de altura e 21 anos de idade, o cara que tem “a alegria nas pernas”, portanto mais brasileiro, o substituto ideal.
Mas a oposição (juntando os lados de Ramires e William) acha que o mineirinho não tem tope físico pare enfrentar os galalaus alemães. Castilho replica: É baixinho, franzino, mas joga na Ucrânia que tem topado até os russos de Putin e seus parentes. Além do mais a Alemanha que enfrentou a França ficou devendo. Os que defendem a escalação de William, acham que o meia joga mais avançado; Ramires é volante, fica mais atrás, perto da defesa. O Brasil precisa atacar logo, ir para cima dos alemães. O William tem essa característica, joga assim no Chelsea, da Inglaterra. Aliás o mesmo clube de Ramires.
Mestre Gaspar atento à discussão não quis entrar no mérito. Na sua opinião, o problema da seleção não está ali naquele lugar que ficou sem Neymar. Aliás, ele acha que Neymar ocupou várias posições no campo e até o jogo com a Colômbia não jogou em nenhuma. Esteve abaixo da média derna da estreia do Brasil. Merece nota seis, no máximo. Mas lamenta muito a falta desleal que recebeu do cangaceiro colombiano, mas violento que o Corisco. Para o Mestre Gaspar o problema da seleção brasileira está lá na frente. No Fred. Até agora, tirando o novo feitio do bigode, não mostrou nada nesta Copa.
Mestre Gaspar, dá uma respirada, olha na direção do cais, querendo auscultar o rio Potengi, onde, nos tempos da mocidade remava pela Sport (era sota voga na categoria Iole a 4 remos, mesma guarnição de Manoel Gurgel, sota proa), e arremata, como se afundasse o remo no meio do rio, altura da Pedra do Rosário, a guarnição do Centro Náutico, vinte metros atrás:
– Sabe o que me preocupa na seleção é a teimosia de Felipão. Esse negócio dele insistir escalar Fred no ataque nem o Fróide, judeu – austríaco – tcheco explica.
Milagre
De Luís Fernando Verissimo em sua coluna no Estadão de ontem com o título “Milagre”:
– Tem gente que, para conseguir dormir até o jogo com a Alemanha, pensa na Copa de 1962, quando o melhor jogador da seleção também se machucou e precisou ser substituído. Entrou Amarildo – e o Brasil foi campeão mesmo sem Pelé. Mas as pessoas estão fazendo a analogia errada.
– Amarildo foi muito bem, mas o principal efeito da ausência do Pelé foi energizar o Garrincha, que fez coisas no Chile – gol de falta, gol de cabeça, marcação de adversário no campo todo – que nem ele sabia que podia. Garrincha nunca jogo tanto quanto naquela Copa, porque jogou por dois, por ele e pelo Pelé. E há quem que jogou por quatro.
– Portanto, quem estiver rezando para o substituto de Neymar, seja ele quem for jogador como o Neymar deve redirecionar as preces e pedir um milagre como o que aconteceu com Garrincha em 62.
Chuvinha
Julho vai devagar com suas chuvinhas. Final de semana de neblinas apenas por estes agrestes ainda esperançosos: Parnamirim, 5 milímetros, Canguaretama, 4, Baía Formosa, Extremoz e Georgino Avelino, 3, Nova Cruz e Passa e Fica, 2.
Não chove, mas venta muito. A ventania de agosto chegou mais cedo. Muito vento pelas beiradas do Potengi.
Economia
Acabo de ouvir na CBN: “Projeção de crescimento da economia brasileira cai pela sexta semana seguida”. Vou debulhando a notícia:
– A projeção de instituições financeiras para o crescimento da economia este ano continua em queda. Pela sexta vez seguida, a estimativa do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, foi reduzida.
– Desta vez, a projeção passou de 1,10% para 1.07%. Para 2015, a expectativa é de crescimento um pouco maior: 1,5% a mesma da semana passada. São projeções do boletim Focus, resultado de pesquisa semanal do Banco Central com instituições financeiras.
Política
Já está liberada campanha política eleitoral. Mas o que se viu no final de semana foi chocho ainda. Uma procissão aqui, uma festa matuta acolá, uma canjicada no meio.
Diz o pessoal do marquetingue que a coisa só vai acelerar depois da Copa, segunda quinzena do mês.
Fechador
O fechamento das Centrais do Cidadão, com a redução do atendimento em 40% somente na Capital, como bem mostrou a TN (manchete de primeira página) em sua edição de sexta-feira, 4, é um retrato perfeito do governo Rosalba Ciarlini. Um governo fechado, fechador.
Academia
O poeta Ferreira Gullar aceitou candidatar-se à vaga de Ivan Junqueira, também poeta, na Academia Brasileira de Letras. As inscrições abrem-se depois de amanhã, quinta-feira.
Ferreira Gullar, maranhense, 83 anos, está no time dos grandes poetas brasileiros. Também gosta de futebol. E foi sobre futebol o mote de sua coluna de domingo na Folha de S. Paulo: “Ainda bem que não adivinho”. Falava do jogo Brasil e Chile.