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Frio e chuva mudam rotina em Natal

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O inverno ainda nem começou oficialmente e o natalense já está sentindo na pele os efeitos da estação mais chuvosa do ano. Apesar de ter chovido 18 milímetros em Natal, muita gente retirou os casacos  do armário e fez dos guarda-chuvas, acessórios fundamentais na hora de sair de casa.

A quinta-feira em Natal  foi de chuva e frio, surpreendendo a todosBasta andar pelas ruas da cidade para comprovar. Na manhã de ontem não foi difícil encontrar quem fez uso dos agasalhos para se proteger do frio. “Há algum tempo eu não sentia esse friozinho em Natal. Essa semana até tirei os casacos do armário. Mas confesso que prefiro essa temperatura mais amena, do que aquele calor insuportável”, disse a professora Michelle Pascoal.

Essa mudança não aconteceu apenas ontem, a queda na temperatura vem sendo observada pelo natalense desde o último domingo e deve permanecer até amanhã, de acordo com informações Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn). “Estamos próximos do início do inverno no hemisfério sul – que começa dia 21 de junho – por isso  a diminuição da temperatura. Ontem, 17, a temperatura mínima foi de 24 graus e está na média. Mas com o passar dos dias devemos registrar mínima de 21graus e  máxima de 29 graus”, disse o meteorologista da Emparn, Uelinton Pinheiro.

Além dos casacos, a estudante Thaís Araújo também está recorrendo aos edredons. “A noite faz mais frio, passei o fim de semana na praia e tive que dormir com um edredom e uma rede”, falou a estudante.

E o frio ainda deve continuar em julho quando a temperatura deve ficar em torno dos 20 graus. Nas regiões serranas a temperatura mínima deve variar entre  15 graus a 18 graus, com destaque para a Serra de Martins, Serra de Santana e Serra de São Miguel. No Litoral Leste, na capital Natal, as temperaturas deverão variar entre a mínima de 19 graus a uma máxima de 28 graus.

Apesar da sensação de frio, os pluviômetros da Emparn não registraram chuva forte. Choveu  em 28 municípios do Estado das 7h do dia16/06) às 07 horas de ontem (17/06).

 As regiões Leste, Agreste e Central, registraram as maiores precipitações, mas em pequena intensidade. No Litoral Leste a maior chuva foi em  Natal, com 18 milímetros, em Parnamirim a chuva foi de 12,5 milímetros e em Baía Formosa foi de 11,7 milímetros.

Apesar das precipitações, o Corpo de Bombeiros não registrou nenhuma ocorrência em Natal.  Não houve alagamento nas  áreas de riscos e o trânsito fluiu normalmente pelas ruas.

No Agreste potiguar o maior índice registrado foi em Passagem, com 8  milímetros e na Região Central, Florânia registrou a única precipitação de apenas 1 milímetro.

A expectativa da Emparn é que no período de junho a agosto, as chuvas ocorram dentro do normal, totalizando um valor entre 600 mm a 700 mm para a Região Metropolitana de Natal; de 300mm a 500mm para o Litoral Sul; cerca de 400mm para o litoral Nordeste; e índices entre 200mm a 400mm para as regiões do Agreste potiguar, Baixa Verde e Borborema potiguar.  “O nosso inverno se caracteriza pela diminuição da temperatura, pelo estabelecimento do período chuvoso na Região Leste e Agreste. A previsão é de chuva de pequena intensidade nas próximas 48 horas, mas a qualquer momento poderão ocorrer  chuvas intensas, que penetrarão até a região agreste”, disse Uelinton.

O inverno do RN também se caracteriza pelo início do período de estiagem nas regiões do interior. Ainda segundo Uelinton Pinheiro o inverno no semi-árido ficou 50% abaixo da média.

Região Nordeste sofre aumento da temperatura

O aumento da temperatura máxima diária em algumas áreas da região Nordeste foi sete vezes e  meio superior à média do aumento da temperatura global, nos últimos 40 anos, é o que apontam os meteorologistas.  “Em alguns lugares do sertão nordestino a temperatura máxima diária aumentou até 3º C, que é um número muito superior à média do aumento da temperatura global verificado nesse período, de 0,4º C”, informou o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Paulo Nobre.

“Estamos observando, com base nas séries históricas de dados de estações meteorológicas continentais, que há uma tendência de ‘aridização’ do semiárido nordestino, ou seja, que a temperatura do ar está aumentando e as chuvas estão se tornando mais episódicas na região”, explicou Nobre, através da assessoria de imprensa do Inpe.

De acordo com os meteorologistas, isso explica que a sensação compartilhada pelos sertanejos nordestinos de que o clima da região onde vivem está se tornando mais quente e seco nos últimos anos e que as chuvas estão cada vez mais fortes e esparsas tem comprovação científica.

Segundo os meteorologistas, as temperaturas máximas e mínimas registradas no interior do Nordeste, na região mais conhecida como semiárido ou sertão, estão ficando, ano após ano, mais elevadas, atingindo níveis muito superiores à média global. Por sua vez, as chuvas estão ocorrendo com maior intensidade, porém com menor frequência na região.  

Em Vitória de Santo Antão, no sertão pernambucano, por exemplo, a temperatura máxima diária aumentou mais de 3º C nas últimas quatro décadas, saltando de 31,5º C para 35º C. Devido ao aquecimento, a água disponível no solo da região está evaporando mais rapidamente e dando origem a nuvens maiores e mais carregadas de vapores de água que, ao se precipitarem, resultam em chuvas mais intensas, seguidas de longos períodos de estiagem.  “Em outras regiões do País, como São Paulo e na Amazônia, isso também está acontecendo”, indica o especialista. “Mas como chove muito nessas regiões, essa variabilidade climática demora mais tempo para ser percebida”, explica.

O especialista aponta que um dos principais impactos dessas mudanças climáticas no semiárido nordestino, onde as chuvas são anuais e costumam ocorrer no período de fevereiro a maio, é a diminuição da disponibilidade de água no solo da região.
Em função disso, a prática da agricultura de sequeiro, que depende da água de chuva para o cultivo de culturas de subsistência, como feijão e milho, deve se tornar cada vez mais inviável no interior do nordeste. “Hoje, em várias regiões do semi-árido nordestino, e no futuro, em todo o sertão, as culturas agrícolas que apresentam uma alta demanda de água para plantio de sequeiro estão definitivamente condenadas”, alerta.

Por outro lado, Nobre analisa que essas mudanças no ciclo hidrológico nordestino beneficiam o cultivo de frutas pelo sistema de irrigação por gotejamento, que é praticado em cidades nordestinas como Petrolina, no Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia, em que são utilizadas pequenas quantidades de água para a plantação de uva e manga, entre outras frutas. Porém, como nem todo o solo do Nordeste é apropriado para esse tipo de atividade agrícola e a água está sendo tornando escassa e cara na região, a recomendação do meteorologista é que a economia nordestina seja baseada cada vez mais em atividades que apresentem menor dependência desse recurso natural.

“É uma leitura equivocada imaginar que o desenvolvimento sócio-econômico do semi-árido se reduza ao aumento da disponibilidade hídrica para a produção agrícola”, avalia. “É claro que a água é importante e necessária para atender as necessidades da população nordestina, mas é preciso estimular atividades econômicas que não dependam diretamente dela, como as relacionadas aos setores de tecnologia e energia renováveis, por exemplo”.

Na opinião do pesquisador, as mudanças climáticas estão sendo vistas de uma maneira apocalíptica. Mas se forem tomadas as medidas necessárias, será possível se beneficiar das alterações do clima no futuro. Para tanto, é preciso que haja uma capacitação em meteorologia no Brasil em nível municipal, de forma que os tomadores de decisão recebam informações detalhadas sobre previsões de eventos extremos, como chuvas e secas intensas, e possam planejar suas ações de intervenção.

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