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Futebol e literatura

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Woden Madruga [ [email protected] ]

O futebol também está entre os motes debatidos na Bienal do Brasil do Livro e da Leitura que se realiza em Brasília. No domingo, 13, o escritor uruguaio Eduardo Galeano, homenageado no evento, deu o pontapé inicial  na discussão sobre “O futebol e as ditaduras na América Latina”, quando transcorrem agora os 50 anos do golpe militar de 1964 no Brasil, tem ocupado o temário central da Bienal. O escritor uruguaio é  um militante político e um apaixonado por futebol. Joga um bolão nas quatro linhas. O debate de Eduardo Galeano foi com o historiador Lúcio de Castro e o jornalista e escritor Mário Magalhães, autor do livro Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo.

Numa de suas falas, Eduardo Galeano disse que os especialistas em futebol são perigosos para a sociedade e os times sequestrados pelos interesses econômicos da indústria do esporte: “Os clubes foram sequestrados pelos interesses econômicos, pela política. Mas está surgindo um movimento de recuperação dos clubes para que voltem a ser o que eles querem ser: um conjunto de pessoas ligadas por um amor a uma camiseta e não por interesses econômicos.”

 Na terça-feira, 15, foi a vez da palestra do escritor argentino Eduardo Sacheri, romancista, contista e professor de História. É autor do livro A questão de seus olhos, que  tem o futebol no miolo, e serviu foi roteiro para o  filme “O segredo de seus olhos”. Às folhas tantas de sua conversa em Brasília, Sacheri disse: “Acredito que as ditaduras – não somente na América Latina – souberam explorar, com objetivos publicitários, os grandes eventos esportivos. Penso, por exemplo, na Alemanha nazista e na Itália fascista. Claro que no nosso continente, o futebol, ao estar tão associado a nossa identidade, foi um veículo preponderante para esse uso. A Copa do Mundo em 1978, em meu país, é um exemplo profundo desse aparato do governo”.

O escritor argentino,  que confessa admirador da literatura de Clarice Lispector,  revelou-se também  fã de Ronaldinho Gaúcho: “É uma esteta da bola, um verdadeiro artista”.

Logo na abertura da Bienal, no sábado, 11, houve o primeiro debate sobre o Futebol e Literatura. Dois craques fizeram o deleite do público: os cronistas Xico Sá, cearense radicado em São Paulo, e o mineiro radicado no Rio de Janeiro, Sérgio Rodrigues.  Falando sobre a importância da literatura esportiva brasileira, os dois elegeram a crônica como o  gênero literário que melhor retrata o futebol e prestaram uma homenagem a Nelson Rodrigues, apontando o seu estilo inconfundível de narrar os jogos, o mundo do futebol. E reafirmaram: “O grande craque da literatura brasileira sobre o futebol é a crônica”.

Sérgio Rodrigues é autor de um belo romance, O Drible, que tem o futebol como  seu mote principal. Já falei aqui, de passagem, sobre o livro, dos melhores que eu li este ano (O Drible foi lançado  no final do ano passado pela Companhia de Letras). Você vai de um galope só da primeira a última página. Numa delas aparece o nosso Marinho Chagas, ao lado de outros craques como Zizinho, Zico e Telê. O crítico Sérgio Augusto falou assim sobre o livro: “Um romance do futebol brasileiro, do jornalismo desportivo e da cultura pop, no qual nem tudo é fantasia e a bola rola macia e certeira. O gol de placa de Sérgio Rodrigues, um Turguêniev carioca inspirado por Mario Filho e Nick Hornoby”.

Tostão disse: “É o livro que eu gostaria  de ter escrito”. Por falar em Tostão, ele estará nos próximos dias nas páginas desta Tribuna do Norte. Vem no pacote da Copa. É quem melhor escreve sobre futebol por estes jornais brasileiros. Acabo de ler sua coluna de ontem, na Folha de S. Paulo. Destaco duas passagens:

– Repito, pela milésima vez, o que passa a ser também um lugar-comum, que temos dois futebóis brasileiros. Um da seleção, moderno, em que quase todos os jogadores atuam foram e aprenderam a jogar coletivamente, e outro, que se pratica no Brasil, na média, fraco e ultrapassado. Não são apenas os times de São Paulo e do Rio que estão mal. Eles estão piores. Há também coisas boas.

– O futebol espelha os dilemas, paradoxos e contradições humanas. Na Copa, a vitória poderá ser pior que a derrota, para o futuro do futebol brasileiro. Quando mais mostram os problemas da Copa e mais se teme as manifestações de rua, os assaltos e a violência nas cidades-sede, mais se vende ingressos. Muitos torcedores que se dizem éticos, honestos e justos adoram ser campeões com um gol roubado.

Mossoró
E a eleição para a Prefeitura de Mossoró, hein? A justiça eleitoral, em todas as suas instâncias, entrâncias e reentrâncias, tem cassado as pretensões das duas principais candidatas: a ex-prefeita Cláudia Regina e a deputada estadual Larissa Rosado.
Mesmo assim seus partidos e coligações insistem em topar a briga com a Justiça, apesar de que em alguns cupiás já se  fala que os partidos  começam a  pensar num plano B. Quer dizer, substituir os atuais nomes bichados de cassação. A eleição está marcada para o começo de maio. Mossoró, como gosta de afirmar mestre Gaspar,  dá uma antologia.

Chuva
Não está faltando chuva somente no Nordeste brasileiro. Está faltando também mais lá em cima, na ilha de Fidel Castro. Acabo de ouvir na CBN:
– “Falta de chuva em Cuba reduz volume dos reservatórios”. A notícia detalha: “os reservatórios cubanos de água têm apenas 57% de sua capacidade devido a falta de chuva nos últimos três meses”
Se o São Francisco conseguisse chegar lá, hein? Na certa Cuba estaria na transposição de Lula.

No Seridó 
Continua chovendo no Seridó, aqui e acolá. O boletim da Emparn registra  chuvas (de terça-feira para o amanhecer de ontem) em Jardim de Piranhas, 28 milímetros, Santana do Matos, 18, Caicó (Mundo Novo), 13, Caicó (Emater), 10, Caicó (Batalhão), 10, no Itans, 9,7. Na região Oeste: Messias Targino, 22, Jucurutu e Portalegre 9.
Agreste nada. O Trairi está virando uma Cuba: não chove há muitos dias.

Calçadas
As calçadas de Natal continuam invadidas pelos camelôs. Vendem de tudo. Até Judas. Alguns deles acompanhados de testamento.

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