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Galeria dos intérpretes e personagens

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Refletores – Valério Andrade [[email protected]]

Cadu
Foi o personagem mais simpático e agradável da galeria masculina. Além disso, Reynaldo Giannecchini humanizou, sem ser melodramático, a figura de um homem jovem e bonito que, de repente, para sobreviver, descobre que terá de viver com o coração de um morto.

É claro que um ator não precisa passar por uma situação semelhante na vida real para ser convincente na reprise ficcional. Entretanto, no caso de Reynaldo Giannecchini, houve uma ponte entre o real e o imaginário, construída lenta e progressivamente com eficiência pelo arquiteto Manoel Carlos.

Também deve ser ressaltado a maneira como Manoel Carlos construiu a relação triangular entre marido, esposa, filho. Ao perder Clara para uma mulher, o vazio do amor perdido foi sendo substituído pelo o amor do filhinho do casal, Ivan (Victor Figueiredo), que, sem brigar com a mãe, permaneceu carinhosamente ao lado do fragilizado pai – se a perda tivesse sido dupla, seguramente, o sofrimento emocional de Cadu teria sido muito maior.

Leitores discordaram da maneira como Cadu comportou-se depois de haver sido corneado por causa de uma mulher, e, também, por ter mantido um relacionamento amigável depois da (para ele) traumática separação. Essa aceitabilidade advém do enfoque da novela em relação à tentativa afetiva e sexual. Ou seja: Marina não é vista como adúltera. Apenas, apaixonou-se por outra pessoa, que, em vez de ter sido um homem, era uma mulher. A não copreensão e não aceitabilidade dessa realidade por parte do Cadu, seria conflitante com a proposta da novela da livre escolha amorosa e sexual.

Verônica
Além de Chica (Natália do vale), Verônica foi outra presença agradável, como personagem e atriz. Ao se libertar do neurótico e infiel Laerte, Verônica encontrou em cadu o que nunca teve com o ex-namorado. Por sua vez, entre as duas pretendentes (a outra: a médica Silvia), Cadu fez a escolha acertada, e se houve pesquisa entre ostelespectadores, o placar deve ter sido favorável a pianista.

Bonita, sem ser afetada, discretamente sedutora, Bianca Rinaldi teve uma atuação equilibrada, nem acima nem abaixo da que o papel exigia.

Jairo
É possível que esse personagem tenha sido criado pelos outros colaboradores de Manoel Carlos. O relacionamento entre Jairo e Juliana era tão postiço, tão agressivamente irreal, que comprometeu de forma irreversível o enfoque de uma história mais realista do que folhetinesca, vivenciada por personagens da classe média alta e ricaços de Goiás.

Jairo foi um corpo tão estranho quanto agressivamente desagradável em todo o decorrer da novela. Embora apelando para a super-reapresentação, Marcello Melo Jr., fisicamente, passou a imagem estereotipada do malandro (com um pé na bandidagem) que, por exigência do “politicamente correto”, era visto como vitima da elite branca.

Shirley
Apesar da artificialidade do seu relacionamento com aquela repulsiva cobra, Shirley era o tipo de personagem, que sem ser a vilã típica, mas por ter sido ajudada pelos diálogos ferinos, teve presença marcante.

Sua doentia fixação em Laerte seria mais convincente se a história se passasse no século 19 ou na primeira década de 1990.
Afinal, convenhamos, a ficção de nosso tempo não comporta amores eternos, ou heroínas como a de “O Morro dos Ventos Uivantes”. Mas, como atriz, seria injusto exigir de Viviane Pasmanter mais do que fez nos seus melhores momentos.

Felipe
Ele foi a maior e mais pesada mala sem alça da novela, sempre chato como bêbado ou nas vezes que apareceu sóbrio. E quando, finalmente, deixou de beber, continuou tão chato como quando vivia bêbado.

Se Thiago Mendonça é um ator competente, então, este ficou aprisionado no fundo da garrafa.

Selma
Selma – Não é fácil fazer papéis de personagens mentalmente enfermos, salvo, é claro, quando são enfocados humoristicamente – ou caricaturalmente. Para um ator de talento, como é o caso de Jack Nicholson, é relativamente fácil brilhar numa composição mais exteriorizada do que interiorizada. Difícil, porém, foi o que aconteceu com Ana Beatriz Nogueira vivendo uma personagem (Selma) vitima de precoce e inesperada senilidade.

Ela não teve um apagão, mas, além dos frequentes lapsos de memória, tornou-se incapaz de separar a realidade da imaginação.
É possível que a causa do que lhe aconteceu tenha sido consequência da súbita morte do marido. O transtorno mental, transformou-a numa pessoa agressiva, anti-social, capaz de infernizar a vida dos outros e colocar em risco a própria vida.

Manoel Carlos foi particularmente feliz em não apelar para os clichês desses personagens, ao optar pelo enfoque clinicamente mais real do que ficcional. Por sua vez. Ana Beatriz Nogueira, em vez de recorrer a truques histriônicos (de fácil comunicação popular) manteve-se fiel ao papel, numa interpretação contida, que, justamente por isso, os méritos não foram percebidos pela maioria dos telespectadores.

Branca
A Branca vivida por Ângela Vieira poderia, se essa fosse à intenção de Manoel Carlos, ter entrado na história das grandes vilãs das novelas. Entretanto, em vez disso, o que se viu foi uma mulher maldosa que passou a história infernizando a vida do ex-marido e hostilizando a educada e amorosa Chica.

Boa atriz, Ângela Vieira fez o que tinha de fazer, mas poderia, às vezes, ter falado mais baixo.

Tribuna da Imprensa
(…) Impressionaram-os gestos, as expressões fisionômicas, captadas em close pelas câmeras de TV, notadamente dos nossos jogadores, no pós-jogo. Ficaram todos dentro do campo durante uma eternidade medida em minutos, talvez motivados pela recusa involuntária de deixar o local da batalha e enfrentar a medonha realidade, a enormidade da derrota. Alguns sentados no gramado, cabeças entre as pernas, os ombros subindo e descendo no ritmo do choro. Outros passeando pelo gramado em passos miúdos, pés cutucando a grama, como se estivessem chutando uma bola invisível.

Mas o que mais impactou foi o olhar do guerreiro David Luiz, durante a obrigatória entrevista à frente do painel com os nomes e marcas dos patrocinadores da Copa. Olhar esquivo, esgazeado, que não fitava nada, nem nada via, retratando a agonia de sua alma destroçada. A expressão popular “os olhos são janela da alma” nunca foi tão bem representada. David Luiz encerrou sua entrevista com uma frase de pureza comovente emoldurada por uma expressão facial sincera, livre de anseios pessoais: ”Desculpem, eu só queria dar alegria ao povo”.

Flávio Azevedo (“O olhar de David Luiz”/Novo Jornal), empresário: 11.07.14.

WWW
Um campeão imortal reúne qualidade além do campo de futebol. O campeão acima dos padrões comuns é capaz de seduzir. O campeão natural, potente espadaúdo, é um carismático. A Alemanha faz parte do rol dos vencedores que ergueu a taça e dominou as massas. A simpatia dos seus jogadores contagiou o povo brasileiro como paixão de adolescente. Os alemães venceram no jogo e na preferência das multidões.

Rubens Lemos Filho (“Samba em Berlim”/Passe Livre/ O Jornal de Hoje):16.07.14.

WWW
(…) Se tem algum sentido, a bordoada (da Alemanha) escancarou que algo vai muito mal com o futebol brasileiro. Claro, o técnico Luiz Felipe Scolari cometeu uma série de barbaridades – a paralisia diante do blitzkrieg alemão, a soberba mesmo depois da derrota acachapante, a má escalação, a má convocação, e muitas outras -, mas ele é apenas parte de um problema muito maior.

Corrupção, gestão amadora, clubes insolventes, êxodo de jogadores, estádios vazios, campeonatos esdrúxulos que vez por outra terminam no tapetão, tudo isso seria ignorado não fosse a humilhação imposta pelos alemães. É horrível perder de 7 a 1, principalmente se você joga em casa e estiver numa semifinal da Copa do Mundo.

Amauri Segalla (“É preciso mudar tudo”), Isto é, 16/07.14.

WWW
(…) A seleção chororô, dirigida pelos três patetas (Felipão, Parreira e Murtosa), desempenhou o papel mais ridículo de sua história, após sofrer uma goleada humilhante, que ficará para sempre nos anais da Fifa e na lembrança dos torcedores decepcionados com uma atuação ridícula do escrete nacional, o qual perdeu a compostura em sua própria casa, de maneira acachapante. Era um bando desordenado em campo assistindo aos alemães darem um show de bola.

A cena mais ridícula do jogo contra a Holanda, a segunda decepção, foi os jogadores ouvindo as instruções dos reservas, enquanto o técnico Felipão, com a mão na cabeça, não sabia mais o que fazer. O comandante perdeu o controle da tropa. O Brasil jamais esquecerá o sonho do hexa que se transformou em terrível pesadelo com repercussão em todo mundo esportivo. Uma vergonha que maculou a história vitoriosa da CBF e os cincos títulos conquistados.

João Batista Machado (“Seleção-chororô e os três patetas”/Novo Jornal):17.07.14.

Eleições 2014/Visões

Presidencial
Fim de abril até a primeira semana de maio. O gabinete da recandidatura proclamava a vitória no primeiro turno. Inicio de junho já se admitia que a decisão seria adiada para a segunda fase – 26 de outubro. Agora, o temor é de derrota da presidente. Sintoma: empate técnico entre a petista e o tucano desafiante, conforme o atestado da Data folha, instituto de alta credibilidade.

Inclua-se no roteiro da dramaticidade a rejeição de 35%. Trata-se de diagnóstico de doença eleitoral com risco de morte nas urnas.

Walter Gomes (“De sonho a pesadelo”/O Jornal de Hoje):18.7.

Senado
Pessoas ligadas à deputada Fátima Bezerra estão preocupadas com o estilo arrogante da parlamentar petista. Desatenciosa, a irmã de Tetê sequer conversa com suas colegas professoras; em relação aos políticos, Fátima se comporta como se as lideranças tivessem obrigação de votar nela. Aliás, nem com o povo do seu próprio partido, o PT, Fátima tem conversado.

Túlio Lemos (“Salto”/ O Jornal de Hoje): 19.7.

Memória 

Ademar Rubens

Notícia triste que me chega de São Paulo: faleceu segunda-feira 21, naquela cidade, o advogado Ademar Rubens de Paula, natalense, e que desde a década de 1950 vivia na capital paulista. Tinha 84 anos.

Quando moço marcou com sua presença os movimentos políticos e culturais da aldeia, aluno do velho Atheneu da Junqueira Aires e figura atuante na paisagem humana do Grande Ponto. Morava ali, na Avenida Rio Branco. Quarteirão entre a João Pessoa e a Coronel cascudo, quintal para o Beco da Lama.

Vinha sempre a Natal rever familiares e amigos de antigamente. Bom papo, excelente histórias. Foi um dos poucos amigos a visitar Djalma Maranhão exilado no Uruguai. Manteve correspondência com o ex-prefeito e amigo. Estas cartas ele doou ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, através do jornalista Ubirajara Macedo, seu amigo e companheiro em andanças paulistas, Ipiranga com são João.

Woden Madruga (“Ademar Rubens”/Tribuna do Norte):23.7.14.

Tributo
O cavaleiro a moda antiga, espécie rara de se ver, por não existir na nação potiguar dos novos tempos, Pery Lamartine figura entre as tristes perdas do calendário dos ausentes de 2014.

A despeito da presença imperial da Capitânia das Artes e de a Fundação José Augusto ter sido (temporariamente?) sepultada pelo o casal Rosado, felizmente, comprometidas com a Cultura e a Memória natalense: sobreviveram duas respeitáveis instituições: a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras e o Conselho Estadual de Cultura.

Presididas pelos escritores Diógenes da Cunha Lima e Iaperi Araújo, Pery Lamartine foi merecidamente homenageado, postumamente, em sessão especial, por essas duas instituições.

Coube à escritora e jornalista Anna Maria Cascudo Barreto fazer a saudação, como membro ao Conselho e da Academia.

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