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Ganho real cai pela metade

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São Paulo (AE) – Caiu pela metade o ganho real dos pisos salariais negociados em 2013 em relação ao ano anterior e a perspectiva para 2014 é que esse movimento continue. “A tendência para este ano é que as negociações dos pisos salariais possam ter um ligeiro recuo ou, na melhor das hipóteses, repitam o patamar de reajuste de2013”, prevê o coordenador de Relações Sindicais do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre.
Acordos em áreas como construção tiveram ganhos menores
No ano passado, 95% das 685 categorias analisadas pelo Sistema de Acompanhamento de Salários do Dieese conquistaram reajustes médios de 2,8% acima da inflação para os pisos salariais. Em 2012, 98% das categorias avaliadas tinham tido aumentos médios de 5,68%. A medida da inflação adotada para o cálculo é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor do IBGE, que acompanha o custo de vida para as famílias com renda mensal entre um (R$ 724) e cinco salários mínimos (R$ 3.620).

No ano passado, os valores acordados variaram entre R$ 678, equivalente ao valor do salário mínimo vigente, e R$ 3.600. O valor médio dos pisos foi de R$ 879,04, cerca de 9% maior, em termos nominais, que o valor médio observado em 2012.

Setores
A pesquisa mostra que em todos os setores o porcentual de negociação que obteve aumento real nos pisos salariais foi superior a 90%. A maior incidência de pisos com reajustes reais foi registrada no comércio (97,4%) e na indústria (96,8%), seguido pela agricultura (92,6%) e os serviços (91,7%).

Silvestre explica que os pisos salariais têm influência do porcentual de reajuste do salário mínimo, que teve forte queda do ganho real no último ano. Em 2012, o mínimo teve aumento real de 7,6% e, no ano passado, de 2,6%. “A valorização do mínimo em 2012 puxou para cima os pisos salariais”, observa o economista.

Para este ano, ele acredita que a tendência de reajuste reais menores dos pisos continue. Isso porque acordos salariais do primeiro semestre de 2014 de categorias importantes, como professores, trabalhadores da construção civil, da indústria de calçados e de transporte público (ônibus urbano e metrô), por exemplo, foram fechados com reajustes reais menores.

 Silvestre acredita que o quadro atual macroeconômico, com inflação em alta, mercado de trabalho mais apertado, retração na indústria e expectativas negativas em vários setores, leve a um cenário mais adverso para as negociações salariais. Também para o economista da LCA Consultores, Fábio Romão, a tendência para este ano é que os reajustes sejam iguais ou menores do que em 2013. Uma das explicações é o enfraquecimento da ocupação. Em junho, a geração líquida de postos de trabalho com carteira assinada somou 25,3 mil vagas, segundo o Caged. No mesmo mês do ano passado, o saldo de postos de trabalho formais foi bem maior: 123,8 mil. “Com o enfraquecimento da ocupação, o poder de barganha do trabalhador nas negociações diminuiu.”

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