A greve dos bancários está mantida até que os bancos apresentem uma nova proposta de reajuste, diz o Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte. Houve uma rodada de negociações no sábado (27), onde não chegaram a um acordo. A proposta dos bancos, que ofereceram 7,3% de ajuste nos salários, foi recusada pela categoria, que pede 35%. Quanto ao cumprimento da Lei de Greve (lei 7783/89) – que institui aos bancários a não paralisação da compensação de títulos e cheques -, o Sindicato afirma estar cumprindo. 
“As compensações estão sendo feitas e os caixas eletrônicos estão abastecidos, a nossa parte estamos fazendo”, afirma Marta Turra, coordenadora geral do Sindicato dos Bancários do RN. De acordo com ela, não é necessária a garantia de 30% do efetivo dos trabalhadores em outros serviços bancários, porque somente a compensação bancária responde por mais da metade dos serviços bancários prestados à população.
O Sindicado dos Bancários cogita de representar contra o Procon estadual no Ministério Público do Trabalho, por abuso e desvio de poder. Para a coordenadora geral do Sindicato, Marta Turra, o Procon está fugindo de suas atribuições. Turra afirmou que o Procon já devia estar fazendo, há algum tempo, a exigência para os bancos “reduzirem tarifas, que são as mais caras do mundo, ou cumprir a lei da fila fixada para que uma pessoa não passe mais de 30 minutos esperando por atendimento”.
Para ela, a competência para dirrimir dúvidas e questões relativas ao período de greve, é a Justiça do Trabalho, que é o fórum competente para debater e julgar o Acordo Coletivo de Trabalho.
O Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) está agindo para evitar que os clientes sejam prejudicados. As pessoas que se sentirem prejudicadas pela greve dos bancários devem procurar o Procon, que está recebendo denuncias para encaminhar ao Ministério Público. “O Órgão está coletando informações para abrir um procedimento junto ao Ministério Público, para tentar minimizar os transtornos causados pela greve”, afirma Ney Lopes Júnior, coordenador do Procon-RN, ressaltando que a greve é legitima.
A orientação do Procon é de que quem se sentir prejudicado e desejar fazer uma denúncia, pode ligar para o 9178-7474 ou enviar email para [email protected], informando o banco, a cidade, a ocorrência e, no caso do email, anexar cópias dos documentos de identidade. As pessoas também podem procurar as sedes do Procon nas zonas Norte e Sul da capital.
Problemas identificados
Na manhã de ontem, nas agências bancárias o movimento aumentou nos terminais eletrônicos, com filas e reclamações. Na Caixa, havia disponibilidade de envelopes para depósitos de dinheiro em cheque ou em espécie, além do atendimento presencial na boca dos caixas eletrônicos para quem quisesse tirar alguma dúvida. Já no Banco do Brasil, onde são feitos os depósitos em conta-correntes dos servidores públicos estaduais, que começaram a receber salários ontem, a movimentação de clientes era maior, bem como as reclamações.
Um dos problemas era a falta de envelopes para depósito. A promotora cultural Joelma Tavares estava revoltada “porque não tinha envelopes disponíveis” para depósito de dinheiro em caixas eletrônicos. “Tenho o número da conta da pessoa e não posso depositar”, protestou. Marta Turra esclareceu a possível falta de envelopes para depósitos nos terminais. “Essa função é dos gerentes das agências, não nos compete repor material”, garante.
O sindicalista Gilberto Monteiro chegou a denunciar, ontem pela manhã, que o Banco do Brasil havia desativado o modelo “depósito” nos terminais, o que foi negado pela assessoria da instituição. A assessoria do BB confirmou que a agência da rua Afonso Pena, no Tirol, está concentrando a maior demanda por depósitos em espécie ou em cheque, por falta de recursos humanos em decorrência da greve, na maioria das agências de Natal.
Por causa da greve, a assessoria do banco admitiu que pode ocorrer de limitar o tempo de processamento de depósitos em algumas agências. Na rede bancária privada, algumas agências estão funcionando com caixas nos guichês, embora, na agência do Bradesco da Avenida Rio Branco, o atendimento estivesse sendo emergencial apenas para pensionistas e aposentados.
Reivindicações
A greve dos bancários começou à 0h desta terça-feira (30) e reivindica, além do reajuste salarial, a contratação de mais profissionais, melhores condições de trabalho e o fim do assédio moral. O sindicato afirma que a sobrecarga de trabalho já afastou mais de 20 mil bancários de suas funções. Até o fim da greve, os clientes devem optar por canais alternativos, como lotéricas, banco postal, internet e correspondentes bancários.
