Fernando Domingo
Repórter
A pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua (PNAD-Contínua) no Rio Grande do Norte, previsto para ser divulgado junto ao estudo nacional, no próximo dia 28 de agosto, está com seu trabalho de coleta de dados prejudicado. A informação foi confirmada pela presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Wasmália Bivar, em entrevista coletiva realizada na manhã de ontem, na sede do IBGE no Estado. Os procedimentos das pesquisas financeiras e de áreas pecuárias também estão atrasados. 
O motivo para o serviço prejudicado é a greve dos agentes temporários, que se arrasta desde o último dia 26 de maio, em diversos estados do país. Ao todo, o IBGE/RN conta com um quadro de funcionários para o cargo de 86 pessoas. A diretoria do Instituto no RN confirmou a não-renovação de contrato de 35 agentes de pesquisa, espalhados entre Natal e Parnamirim, no mês de junho, durante o período da paralisação.
Cada agente de pesquisa pode ter seu tempo de serviço estendido por até três anos, renováveis a cada 3 meses. A prorrogação do vínculo é baseada em três critérios: assiduidade, produção individual e qualidade do trabalho. A presidente do IBGE assegurou que as dispensas foram baseadas nas regras existentes nos contratos, e não em decorrência da greve.
“Os contratos venceram, e constatou-se que os agentes não compareciam há mais de 10 dias na instituição. Na normativa de contratação, está estabelecido três critérios, que não foram cumpridos”, garantiu Wasmália Bivar. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE questionou a diretoria do IBGE/RN sobre a admissão de novos funcionários, para honrar os prazos de entrega das pesquisas.
O chefe da unidade do Rio Grande do Norte, José Ademir Freire, declarou que novas chamadas já estão sendo feitas. “Os aprovados no último concurso, realizado no fim do ano passado [2013] estão sendo contatados, mas, é um processo lento. Não tenho como mensurar exatamente quantos já foram admitidos e quando estaremos com toda a equipe organizada”, disse.
A direção da Associação dos Trabalhadores do IBGE no Rio Grande do Norte (Assibge/RN) questiona estas novas contratações. De acordo com Rogério Henrique, presidente da Assibge/RN, a direção não pode admitir novos agentes, pois “tal medida é ilegal e fere o direito de greve”.
José Flávio, 33 anos, e Dayanne de Lira Freire, 22 anos, agentes de pesquisa,
integram o grupo dos que não tiveram seus vínculos renovados com o
IBGE/RN. Ele trabalhou durante 2 anos e quatros meses na unidade
estadual e lamentou a saída sem explicações. “A diretoria mandou um
telegrama avisando o desligamento e os vencimentos não foram honrados no
sistema”, lamentou. Já Dayanne estava perto de completar um ano de
serviço quando foi desligada do quadro de funcionários. Seu contrato se
estendia até o dia 25 de julho, mas foi cancelado em junho. “Conferi no
sistema, e lá constavam ‘faltas-greve’ e não apenas ‘faltas’. Se
basearam na paralisação para fazer os cortes”, disse.
Não há rodadas de negociação agendadas entre o sindicato e o IBGE. O Assibge/RN prometeu seguir com a greve até que o agentes que tiveram seus contratos não renovados sejam realocados à seus postos de trabalho.
“Toda semana o sindicato nacional protocola novo pedido de negociação no Ministério do Planejamento, pois, tem que ser chancelado. O IBGE só aceita negociar o pagamento dos dias parados e o ciclo de gestão da carreira. E isso, no momento, não é interesse nosso, pois queremos resolver as readmissões” afirmou Rogério Henrique.
Sobre as readmissões, Wasmália Bivar descartou qualquer possibilidade, porém, informou que, “passados os períodos de contratos e processos seletivos, todos aqueles que tiveram seus vínculos não renovados, podem participar de nova seleção”.
