Woden Madruga [ [email protected] ]
Vivo fosse, Henfil, o cartunista maior, estaria completando hoje, 5 de fevereiro, 70 anos. Mineiro, nascido em Ribeirão das Neves, periferia de Belo Horizonte, morreu em 4 de janeiro de 1988, no Rio de Janeiro. Tinha apenas 43 anos. Deixou uma grande obra. Felizmente, naquela época não se usava a palavra ‘legado’, patenteada pela Fifa e boçalizada no vulgar tupiniquim. O desenhista, o cartunista, o chargista, o jornalista, o escritor, o ativista politico e social, um dos líderes da Anistia e o criador da frase “Diretas Já”, que puxaria a campanha pelas eleições diretas, subindo no mesmo palanque com Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela, Tancredo Neves e Lula. Henfil é um dos fundadores do PT.
Os seus 70 anos serão lembrados no Rio de Janeiro, num ato marcado para o começo da noite de hoje no Museu da República, organizado pelo Instituto Henfil e a ONG Henfil Educação e Sustentabilidade. Haverá um debate sobre a obra (incluindo sua relevância política) do grande artista, com a participação, entre outros, do diretor Paulo Betti, do jornalista Tarik de Souza e do músico Nelsinho Rodrigues. Acontecerá, também, o relançamento da revista Fradim, criação imortal do Henfil.
A revista foi lançada em 1972, editada pela Codecri. Ao todo são 31 números. Deixou de circular, quando Henfil foi morar nos Estados Unidos. Foi relançada em 1976, quando ele retornou ao Brasil. Teve vida até 1982. Agora, ano passado, o Fradim foi reapresentado (reeditado) em nova coleção, com o selo “25 anos sem Henfil – ‘Morro mas meu desenho fica’”. Tem um potiguar metido no relançamento do Fradim, em 1976. O escritor Dênis Morais, autor de O Rebelde do Traço – A vida de Henfil (José Olympio Editora, 1996), revela:
“O projeto mais ambicioso foi o relançamento da revista “Fradim”, em março de 1976 pela Codecri. Com tiragem de 40 mil exemplares, 52 páginas e anúncios de meia página, o número 7 apresentava formato horizontalizado (18cm x 27cm). A sugestão partira do crítico Moacy Cirne, que indicara como ideal para a fluência narrativa o padrão das tiras de Zeferino no ‘Jornal do Brasil’.
Além dos dois “fradins” (o ‘cumprido’ e o ‘baixin’) que vieram da revista Alterosa, de Belo Horizonte, onde Henfil se projetou para o Brasil, o “Fradim” ganhou um jeito de ser nordestino com as presenças da Graúna, do Bode Orelana e do Capitão Zeferino. Pouco tempo depois Henfil veria “conhecê-los” pessoalmente na caatinga nordestina quando chegou a Natal para fixar residência aqui. Vários números do Fradim foram criados na sua casa de Ponta do Morcego. Henfil morou em Natal de 1976 até meados de 1978.
Vou ao meu baú e confiro a existência de 19 números do Fradim (foram publicados 31) quase todos autografados por Henfil. Entre eles o número 1, “Fradim arout”, que será relançado hoje no Rio. O que está no baú é a 2ª edição, publicada em março de 1980, “2ª edição histórica-112 páginas”. Henfil autografou: “Woden, cê não presta mas eu te amo! Taí eu de novo cumprindo tuas profecias! Henfil 21.3.80”. No número 2 (2ª edição, novembro de 1980, a primeira saiu em setembro de 1973), Henfil escreveu, sob o olhar espantado da Graúna:
“Woden! Ei! Cadê você? Recebeu aí o 30? Recebeu aí o novo número do telefone (2302371)? Tanta coisa pra contar… Vem aqui? Novidades: TV em alta. Livro das Cartas da Mãe sai semana que vem. Você está na orelha-prefácio. E este Fradim 2, relançamento da edição esgotada em 73… Manda um bilhete, desafeto! Lúcia manda beijo! Teu mano, Henfil”
Da crise
As manchetes vão revelando os abalos na economia brasileira, tão contínuos com os de Pedra Preta, o chão tremendo lá embaixo, as paredes das casas rachando até chegar a cumeeira. Vou anotando o que a internet reproduz o que os jornais estampam:
a) Produção industrial brasileira cai 3,5% em dezembro, a maior queda em 5 anos; b) Com forte queda em dezembro, indústria cresce só 1,2% em 2013; c) Indústria brasileira tem pior desempenho desde o governo Collor.
Os analistas comentam: “A produção da indústria cresceu apenas 1,2% em 2013 diante de um cenário de empresários e consumidores pouco confiantes para investir e consumir, juros mais altos, invasão de produtos estrangeiros e crédito em desaceleração. Economistas não enxergam uma recuperação”.
Por que os petistas se ufanam tanto do governo Dilma?
Chuva
O boletim da Emparn dá conta de chuvas nas regiões Oeste, Seridó, Agreste e Litoral. Chuva acima de 20 milímetros em muitos municípios do Oeste, a maior em Tabuleiro Grande, 39. Em Janduis, Portalegre, São Miguel e São Francisco do Oeste, 26, Campo Grande, 23, Olho D’Água dos Borges, 22.
Em Carnaúba dos Dantas, no Seridó, 30; Acari, fina, 4 milímetros. No Agreste tem chuva de mais de 50: Jaçanã, 56 milímetros, Cel. Ezequiel, 30, Passa e Fica, 14, Nova Cruz, 13, Serra de São Bento, 12, Lagoa de Pedras, 11. A maior chuva na região Leste foi em Montanhas, 18; Ceará-Mirim, 12.
Muita chuva no Ceará, pegando todas as regiões do Estado (83 municípios) mais no Cariri e no Sertão Central. A maior chuva foi em Farias de Brito, no Cariri, 182 milímetros, Lavras da Mangabeira, 65. Em Assaré, no Sertão Central e Inhamuns, 46.
Desperdício
Ouço no rádio do carro, no meio do caos total do trânsito natalense, que a governadora Rosalba Ciarlini pegou mais uma vez o avião (semana sim, outra quase) e se mandou no rumo de Brasília. Agora a missão é conversar com os embaixadores dos países que terão suas seleções jogando na Arena das Dunas. Muito importante!
A governadora conversará hoje e amanhã com os embaixadores do Uruguai, da Itália e do Japão. A notícia não fala se a governadora levou intérprete.
Numa outra viagem o papo será com os embaixadores dos Estados Unidos, Grécia, Camarões, Gana e México. Haja viajem!
Mossoró é uma festa.
Escuridão
Volto à Ribeira, depois de trinta dias de férias (sem obrigação de ir à praia) e encontro a avenida Duque de Caxias, a mais importante do bairro, outra vez na escuridão.
Se a Ribeira no sol a pino já é um perigo, imagine na noite de breu.
