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Hidrocefalia oculta

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João Mariano Sepúlveda
Cardiogeriatra

A Hidrocefalia é doença de diagnostico simples quando ocorre em crianças, aumentando a pressão intracraniana por dificuldades de controle de volumes intra e extracerebral,  gerando aumento da caixa óssea craniana,  causando sintomas como convulsões, problemas de visão e de correção geralmente simples, pela colocação de uma prótese que regula a passagem liquórica, resolvendo ou reduzindo os problemas advindos desta patologia.

A hidrocefalia em adulto,  ocorre quando o líquido cefalorraquidiano (liquor), que circula pelo cérebro atuando como um sistema de proteção, não consegue ser reabsorvido. Normalmente, há cerca de 250 ml desse líquido circulando e sendo reabsorvido pelo cérebro de um indivíduo adulto, quantidade que se refaz em média três vezes por dia. Como a calota craniana já esta soldada nos adultos o aumento liquórico, aumenta a pressão nas estruturas do cérebro.

Na terceira idade cursa como hidrocefalia de pressão normal idiopática,   é insidiosa, lenta progressiva, sub diagnosticada e sub valorizada, sendo comumente  secundarizada   no  diagnóstico das demências.

De acordo com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira – Albert Einstein, no Brasil há aproximadamente 11 mil novos casos, em adultos, por ano, atingindo igualmente homens e mulheres, principalmente a partir dos 65 anos. Mas, considerando que a doença é subdiagnosticada, o número é provavelmente maior.

Sintomas como déficit de marcha, desequilíbrios, perda de memória, incontinência urinaria e fecal são comuns aos dois e facilmente debitados na conta das demências.

Ao menos  90% dos pacientes com esses sintomas tem a hidrocefalia.

Extremamente limitante. O paciente não consegue se locomover e fica preso ao leito, com incontinência que favorece infecções urinárias de repetição!

Muito mais insidiosa pode ocorrer em surtos de aumento de pressão do liquor sobre o lobo frontal.

Alem de processo de envelhecimento a hidrocefalia pode estar presente após traumatismo cranianos, acidentes vasculares cerebrais e infecções como meningites, tumores, que geram aumento na produção de liquor. Sendo essa a mais comum no idoso.

Também pode ser provocada quando há oclusão dos canais por onde circula o líquido, seja por defeito congênito ou por tumores – são casos mais raros e podem acometer pessoas de todas as idades.

O diagnóstico de hidrocefalia é feito pela história clínica e por exames de imagem que mostram os ventrículos aumentados. Quando há suspeita, é realizado o teste terapêutico denominado “Tap-Test”. Inicialmente, o paciente passa por avaliação da memória cognitiva e por testes de marcha. No outro dia é submetido à punção de cerca de 30 ml de liquor retirado da coluna vertebral, o que reduz temporariamente a retenção nos ventrículos.

Os testes são repetidos após a punção. Se o paciente mostrar melhora nas funções que estavam afetadas, a HPNI fica caracterizada. “O Tap-Test” é importante para a confirmação diagnóstica, pois aumenta a segurança na indicação de um procedimento cirúrgico para pacientes de mais idade.

Diagnosticada e tratada nos dois primeiros anos, tem cem por cento de remissão de sintomas, após isso as sequelas podem ser irreparáveis.

Tratamento pode ser feito de duas formas, por endoscopia com perfuração de alivio e a cirurgia de implante valvar.

A cirurgia é a indicação preferencial para o tratamento da hidrocefalia. Procedimento (derivação ventrículo-peritoneal) adotado já há muitas décadas com índices de eficácia e segurança superiores a 80%.

Ocorre a colocação de um cateter no ventrículo cerebral, ligado a uma válvula e a outro cateter, implantado na altura do pescoço e que chega até a região do abdômen.

A válvula tem a função de regular o fluxo, abrindo toda vez em que há aumento dos ventrículos e drenando o excesso de liquor. Os sintomas cessam por completo logo após o procedimento e os índices de recidiva são baixos.

As novas tecnologias possibilitaram  a criação de válvulas reguláveis que, caso seja necessário, podem ser ajustadas sem procedimentos invasivos. Antigamente  qualquer problema nas válvulas era necessário que fossem trocadas com a realização de nova cirurgia.

Estamos hoje com uma epidemia de diagnósticos de Demência de Alzheimer a qualquer distúrbio de memória, a hidrocefalia em idosos deve ser sempre considerada.

Um bom domingo e um ótimo carnaval.

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