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Hipertensão sistêmica: uma grande vilã (4)

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Dr.  Jorge Boucinhas – médico e professor da UFRN

Este e o próximo Artigos concluem a revisão sobre Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). O desta semana lida com as possibilidades advindas do uso de fitoterápicos, as tão na moda plantas medicinais. O vindouro versará sobre outras abordagens medicamentosas suaves, quais Homeopatia e Aromaterapia, tocando ainda em Musicoterapia.   

Um fitoterápico que alcançou reduzir a pressão arterial, sem provocar efeitos colaterais e com baixo custo, foi surpresa para muitos e alegria para os nordestinos. Uma pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de Processos Orgânicos, da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revelou que o exsudato resinoso da casca do cajueiro, depois de processado, pode ajudar a combater a elevação crônica da pressão arterial. Ainda necessitam-se maiores aprofundamentos e pesquisas mas a coisa parece promissora.

Outro interessante trabalho objetivou verificar os efeitos da aplicação dos extratos hidroalcoólicos de Allium sativum (o conhecidíssimo alho) e de Cymbopogon citratus (capim-limão, também conhecido por capim santo ou capim cidreira) sobre a pressão arterial de ratos. No grupo experimental o alho alcançou diminuir a pressão média de 124 mmHg para 108. O capim-limão diminuiu-a de 122 para 106. A associação de ambos diminuiu-a de 126 para 113.

Ichimura e colaboradores, em 2006, demonstraram o efeito anti-hipertensivo do extrato da casca do maracujá (variedade não especificada) em ratos naturalmente hipertensos. Este efeito foi atribuído às substâncias ácido – aminobutírico (GABA) e polifenóis (principalmente luteolina). Já Zibadi e colaboradores (2007) investigaram o efeito antihipertensivo do maracujá-roxo em ratos e em mulheres. No modelo experimental, 24 ratos naturalmente hipertensos foram divididos em três grupos e, por um período de oito semanas, observou-se um grupo controle e dois grupos suplementados com 10 a 50mg/kg de extrato de casca de maracujá-roxo. No experimento com mulheres hipertensas, por quatro semanas foi administrado o extrato em um grupo (400mg/kg), enquanto pílulas-placebo (sem substâncias ativas) foram aplicadas em outro. Observou-se diminuição significativa nos tratados em ambos os experimentos, sendo que os usuários não apresentaram efeitos colaterais, sugerindo que o extrato pode ser uma razoável opção no tratamento da Hipertensão.

Quanto ao cada vez mais palpitante tema das fibras medicinais, em uma metanálise de 25 ensaios aleatórios avaliou-se seu impacto sobre a TA e encontrou-se que há redução significativa tanto na máxima quanto na mínima.

Os ácidos graxos ômega-3, existentes principalmente em óleos de linhaça e de peixes marinhos de águas profundas, também têm-se revelado úteis para o mister. Uma metanálise de 31 estudos, com um total de 1.356 paciente, revelou que 5,6g/dia de azeite de pescado reduziu a TA em 3,4mm e a diastólica em 2. A explicação científica já foi encontrada, e é que dois destes ácidos, ditos eicosapentaenóico e docosahexenóico, inibem, em forma competitiva, a síntese de tromboxano-A2 (um vasocontrictor natural que favorece a agregação plaquetária) e interferem na síntese de prostaglandinas (mediadores fisiológicos) nas plaquetas e nos vasos sanguíneos.

Quanto ao magnésio, verificou-se que há uma relação inversa entre sua ingestão e a pressão arterial: quanto mais baixa ela é, mais alta a pressão. Isto foi corroborado principalmente em grandes estudos feitos no Hawaii, EUA, nos quais recomendaram-se doses de 6mg/kg de peso corporal do paciente para obter efeitos desejáveis.

Com relação ao potássio, os resultados são semelhantes: quanto mais se o ingere, principalmente sob forma de frutas em geral (especialmente laranja e banana), de certas hortaliças (principalmente brócolis, jerimuns, chuchu e espinafre), bem como de uma leguminosa (a ervilha), mais parece baixar a pressão.

Curiosamente também se têm achado dados similares quanto à vitamina C. Quanto maior sua ingestão mais baixa tende a ser a TA. Pensa-se que ela, o ácido ascórbico, bem como outros antioxidantes, tem tal ação por restabelecer a função endotelial (das células da parte interna dos vasos sanguíneos) alterada. O ácido fólico (uma vitamina) e a L-arginina (um amino-ácido) também agem por tal mecanismo.

Uma visão geral foi oferecida e espera-se que tenha sido útil.  Fica aqui um abraço e até a próxima semana!

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