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História da Cidade revisitada

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Yuno Silva
Repórter

Publicado há 67 anos por Câmara Cascudo, o livro que conta a história da capital potiguar terá seu conteúdo atualizado na exposição “História da Cidade do Natal”. Mesmo título da obra escrita por Cascudo em 1947, a pedido do então prefeito Sylvio Pedroza (1918-1998), a mostra evidencia passagens relevantes da memória natalense a partir de trechos de textos do pesquisador. O passeio pelo circuito montado no primeiro andar do Memorial dedicado ao mais célebre dos provincianos, na Cidade Alta, remonta aos tempos da colonização portuguesa, atravessa o período de ocupação holandesa no século 17, alcança os três dias de governo Comunista em 1935 e o período da 2ª Guerra Mundial, até desembocar nos dias de hoje – época de Arena das Dunas e aeroporto internacional em novo endereço.
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Em cartaz a partir desta quarta-feira (23), com visitação gratuita guiada por monitores das 9h às 17h, a exposição aproveita paineis e peças estavam instalados no Forte dos Reis Magos desde janeiro 2007. A visita começa na sala do Marco de Touros, réplica em madeira feita pelo artesão Viana de Natal do monumento de posse chantado pelos portugueses em 1501 no litoral Norte do RN. A exposição ainda não tem data para terminar e seu acervo está aberto para incorporar documentos, objetos e imagens doadas por colaboradores.

O visitante também terá acesso a vídeos raros sobre a 2ª Guerra, réplicas de vestimentas do período colonial, peças encontradas no Forte nas escavações arqueológicas de 1994, maquete de hidroaviões que cruzaram os céus de Natal entre as décadas de 1920 e 40, e as quatro edições do livro “História da Cidade do Natal” publicados em 1947, 1980, 1999 e 2010. Também serão distribuídas cópias da Lei Áurea, da carta de Pero Vaz de Caminha e do jornal A Liberdade, editado pela imprensa oficial no curto governo Comunista.

Um detalhe curioso é o manequim vestido como Jerônimo de Albuquerque, um dos fundadores de Natal, posicionado na sacada da janela do Memorial, de olho no marco zero de fundação da cidade que fica na praça André de Albuquerque.

Entre as raridades da exposição estão fragmentos da algema utilizada para prender André de Albuquerque no início do século 19, e uma edição antiga do livro escrito pelo holandês Gaspar Berléu, publicada em 1940 pelo Ministério da Cultura, onde são narrados os feitos de Maurício de Nassau no litoral do Nordeste no século 17. Apesar de meio fora de contexto, vale conferir a válvula de gás acetileno utilizada para abastecer as lâmpadas dos postes próximos a entrada do antigo edifício onde funcionou o Real Erário.

“Quando o Forte passou a ser administrado pelo Iphan-RN, todo esse material foi devolvido à Fundação José Augusto”, explicou o jornalista e pesquisador Eduardo Alexandre Garcia, que colaborou com a equipe de pesquisadores que formataram a exposição na época. Responsável pelo acervo do Centro de Documentação Cultural Eloy de Souza (Cedoc), Eduardo Alexandre avisa que “História da Cidade do Natal” não é uma exposição para grandes entendidos do assunto. “Contamos com a visita de estudantes, turistas e natalenses interessados em conhecer a histórica da cidade e reconhecer a importância da literatura de Cascudo”, avalia.

Como o material original estava muito focado na história do Forte dos Reis Magos, foram criados novos paineis para preencher lacunas históricas – um deles, por exemplo, traz uma linha do tempo comparando o que acontecia no RN, no Brasil, nas Américas e no resto do mundo. “Fechamos o circuito da mostra com o painel ‘Rumo ao Futuro’, apresentando o novo aeroporto, a Arena das Dunas, o museu do vaqueiro e as mudanças na paisagem urbana”, enumera.

Polêmica do sumiço
Correu rápido nas redes sociais nos últimos dias comentários sobre o possível sumiço do acervo da FJA que estava exposto no Forte dos Reis Magos – justamente o material que está exposto no Memorial Câmara Cascudo. “Não desapareceu nada, está tudo aqui, nós é que retiramos de lá pois o Iphan-RN quer montar outra exposição, bem bonita”, disse Isaura Rosado, secretária Extraordinária de Cultura.

Isaura acredita que a polêmica surgiu quando algumas pessoas sentiram falta do material durante visitas ao Forte e reclamaram na internet.

O superintendente do Iphan-RN, Onésimo Santos, emitiu nota como forma de esclarecer os fatos: ele informa que os materiais “são peças expográficas, réplicas, manequins, vestimentas e painéis, desprovidos de qualquer valor histórico e que foram produzidos para a Fundação José Augusto para serem expostos no Forte dos Reis Magos. Trata-se portanto de propriedade da FJA”, avaliou.

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