De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), em Natal, a taxa de ocupação nos mais de 26 mil leitos disponíveis foi de 86% em janeiro passado. Mais de 70% dos turistas entrevistados avaliaram como “ótimo” ou “bom” o serviço disponibilizado pela rede hoteleira natalense. Os indicativos também foram positivos para bares e restaurantes. 83,67% dos ouvidos pelo Instituto Certus afirmaram que os bares e restaurantes natalenses são “bons” ou ótimos”.
Os números apontam ainda que a capital do Estado pode estar sendo pouco divulgada nos meios de comunicação. Apenas 4,58% dos turistas afirmaram que foram influenciados por propaganda em televisão. O percentual é mais baixo quando analisamos a mídia impressa: apenas 1,39% foram influenciados por revistas e 2,39% por propagandas em folhetos e folders. A internet, com 32,07% e amigos ou parentes, com 43,82%, lideram o ranking dos veículos ou meios de comunicação que influenciaram a vinda de turistas para Natal.
“Uma amiga veio ano passado e disse que gostou bastante. Recomendou a visita ao Forte dos Reis Magos e o passeio de buggy no litoral Norte. Decidi aceita a indicação e não me arrependi. Todos da família adoraram as praias e passeios. Isso é um paraíso”, afirmou a professora Ângela Galvão, natural de Uberlândia/MG. Na última quarta-feira, Ângela era uma das dezenas de turistas que pagavam R$ 40,00 por poucos minutos de passeio em cima de um dromedário.
#SAIBAMAIS#Para Flávio Alexandre, vice-presidente da Cooperativa de Desenvolvimento da Atividade Hoteleira e Turística (Coohotur), Natal é, entre as cidades do Nordeste, a mais preparada para receber turistas. O que falta, segundo ele, é divulgação. “A pesquisa mostra que o turista gosta da nossa cidade. O natalense pode ter sua avaliação negativa da cidade, mas o turista demonstra que somos um destino bom, agradável. Falta a divulgação para nosso turismo crescer ainda mais”, disse. O empresário lembra que, atualmente, o setor hoteleiro está preparado para receber a demanda existente e um possível crescimento. “ Mas não iremos crescer se não houver a divulgação”.
A pesquisa da Certus em parceria com a TRIBUNA DO NORTE revelou ainda a origem dos turistas que chegam à Natal. Segundo Flávio Alexandre, o resultado desmente o que antes se afirmava: o turismo regional não é tão forte neste período. Paulistas, cariocas e mineiros lideram o ranking e, somados, representam 45,22% dos turistas que estiveram na capital do Estado no período de 26 a 29 de janeiro. “Isso é um indicativo de que nossa divulgação está deficiente. O turismo regional está fraco”, analisou.
Com relação aos preços cobrados, a comerciante Paula Barros, de Paracatu-MG, considera razoável. “Não achei a cidade cara. Ficamos num hotel em Ponta Negra e nos divertimos muito. Queremos voltar em breve”.
Turistas desconhecem noite natalense
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no RN (Abrasel/RN) e o Sindicato dos Guias de Turismo do Rio Grande do Norte (Singtur/RN) divergem sobre os motivos que levaram quase 50% dos turistas entrevistados afirmarem que desconhecem as diversões noturnas de Natal. Para a Abrasel/RN, um “esquema” coordenado pelos guias acaba impedindo a circulação dos turistas durante a noite. Segundo Max Fonseca, presidente da Associação, não faltam opções na cidade. “O que falta é incluírem as opções de lazer noturno nos pacotes de passeios. Se o dono do bar não entra no esquema, não levam os turistas até lá”, disse.
Segundo a pesquisa da Certus, 47,61% das pessoas ouvidas não sabiam o que responder quando questionadas sobre as diversões noturnas da cidade. “O pessoal não sabe responder porque simplesmente não as levam aos locais. Os pacotes são fechados somente com os passeios durante o dia e a noite é esquecida. Os guias não indicam os bares e boates e são condicionados, feito gado, a seguir somente aquele caminho: praia e sol”, afirma Max.
O empresário critica a forma como as empresas divulgam a cidade. Segundo ele, Natal é “vendida” apenas como um local de sol e mar. “Mas não temos somente isso. Há muito o que ser explorado. Porque não colocar o Alto de Ponta Negra ou os bares da Ribeira nos roteiros de passeios? É preciso fazer esse debate junto com os empresários e guias de turismo. Por enquanto, estão dando um tiro no próprio pé com essa exclusão de bares, boates e patrimônio cultural dos roteiros”.
O presidente do Singtur/RN, Jarbas Júnior, defende a categoria e acredita que os proprietários de boates e bares têm uma visão distorcida sobre a função dos guias. “Nós oferecemos todas as dicas para os turistas. Deixamos todos informados desde uma farmácia até boates e shows. Acontece que o empresário pensa que precisamos chegar com um ônibus cheio na frente do estabelecimento. Não podemos fazer isso porque não há estrutura para tanto”, revela.
Jarbas conta ainda que o turista já chega à cidade com a expectativa de visitar praias e fazer os passeios já conhecidos. “Eles querem praia e sol mesmo. Passam o dia visitando esses locais e, quando anoitecem, estão enfadados. A maioria prefere ficar no hotel e dormir”, disse. O sindicalista diz ainda que não há casas noturnas que comportem os turistas. “Não temos nenhum local especializado nesse público. A única atração, nesse sentido, é o Forró com Turista, no Centro de Turismo, e, mesmo assim, não tem uma estrutura boa”.
