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Indústria do mel sucumbe à seca

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Sara Vasconcelos – Repórter

Os danos causados pela estiagem prolongada vão além da paisagem seca e de carcaças de gado no campo. O setor da apicultura potiguar também amarga  prejuízos. A produção de mel de abelha, que crescia em ritmo acelerado, despencou no último ano. A quebra na safra é estimada em 90%.  Com a seca, as colmeias foram esvaziadas, uma indústria de beneficiamento que funcionava no estado fechou as portas e não há previsão de o produto voltar à pauta de exportações este ano. Em contrapartida, o preço disparou.
Em 2010, tambores armazenavam mel na Afical. Sem matéria-prima, a indústria fechou este ano
Segundo analistas e produtores,  a produção de mel do Rio Grande do Norte, que chegou a 1,1 milhão de quilos entre 2009 e 2010, poderá regredir em uma década e ficar no patamar dos 200 mil quilos – o mesmo volume colhido em 2002.

O prejuízo ocorre porque como não chove, não tem flor para as abelhas se alimentarem e elas debandam ou morrem. Caso o clima contribua, será possível repovoar os enxames e haver uma retomada da produção de 5% a 40% nos próximos dois anos. O caminho para voltar a produzir em grande escala vai além, no entanto, das condições  climáticas – principal fator de perda. São necessárias políticas de crédito, assistência técnica e a regulamentação da profissão de apicultor, segundo especialistas.

Enquanto a meteorologia e os anseios de produtores não se alinham, a Afical –  agroindústria do Estado responsável por beneficiar e exportar 100% do mel que compra dos produtores – suspendeu as operações depois de 5 anos de atividade. Com capacidade de processar 10 mil toneladas de mel ao ano, foi desativada em março e não tem previsão de retomar as atividades. A Afical  é abastecida por produtores de todo o Nordeste. A produção potiguar representa 15% da capacidade instalada da indústria.
#SAIBAMAIS#
“Não se colheu nada neste primeiro semestre em todo o Nordeste. As poucas colmeias com abelhas estão sendo mantidas para não dar perda total e mesmo que as chuvas venham, a safra será insignificante para exportação”, avalia o diretor da Afical, Armando Brito.  A agroindústria recebe o mel, classifica, analisa,  e beneficia o produto, o que inclui seleção da matéria-prima, homogeneização,  filtração, decantação e envase. Cerca de dez funcionários  estão em casa, recebendo os salários, aguardando definições até o segundo semestre. “Preferimos não demitir e aguardar”, conta Brito.

Até 2011, diz o  economista Aldemir Freire, o Nordeste era a principal região produtora de mel do Brasil, detendo cerca de 40%  e com tendência a se consolidar,  não fosse a seca prolongada desde 2012. “O baque é muito grande, superior a 50% nas exportações regionais e no RN é superior. Não será em dois, três anos essa recuperação”, afirma.

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