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Investigação da morte de Anderson tem novos nomes

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Marco Carvalho – repórter

Os responsáveis pela investigação da morte do advogado Anderson Miguel da Silva já trabalham com novas pistas que podem levar à autoria do crime. Desde 1º de junho deste ano, data do assassinato, os policiais cercam o inquérito de sigilo, por determinação da Justiça. Ontem, porém, o delegado Marcus Vinícius Santos, da Delegacia Especializada de Homicídios (Dehom), confirmou que trabalha com informações de novos investigados. O ex-policial militar sergipano José Welton de Assis e o comerciante Ivanildo da Silva são as novas personagens do inquérito que pretende destrinchar os detalhes do crime ainda sem solução. O ex-PM conta que recebeu proposta de Ivanildo, conhecido como “Boca de Ouro”, para tirar a vida de Anderson Miguel. A outra parte nega qualquer envolvimento.

Para o delegado Marcus Vinícius, as informações iniciais têm que ser tratadas com cautela. “Estamos trabalhando com as informações repassadas por eles. Mas sabemos que todos tem interesse e as informações são relativas”, disse em entrevista na tarde de ontem. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE também entrou em contato com José Welton de Assis, conhecido como “Boy”. A entrevista ocorreu na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, onde Welton está detido há 8 meses pelo crime de falsidade ideológica.

O ex-policial militar de 39 anos de idade conversou por vinte minutos em sala reservada com a equipe de reportagem. Contrastando com a aparência tranqüila, a fala é rápida e cada palavra parece um tiro com alvo certo: Ivanildo da Silva. O homem natural de Sergipe conta que foi procurado por “Boca de Ouro” enquanto estava em um estabelecimento no bairro Planalto , zona Oeste de Natal, no começo deste ano.
Delegado Marcus Vinícius investiga o assassinato
“Ele soube que eu era ex-policial e achou que eu era pistoleiro. Veio primeiro fazer uma proposta para matar uns traficantes que tinham atirado contra ele. Depois falou em calar a boca de um advogado. Esse último serviço sairia por R$ 10 mil”, disse.
O homem, que se divide em sorrisos tímidos quando relata os crimes cometidos e olhar concentrado, confessou que até aceitaria o primeiro crime, mas a proposta para assassinar o advogado carioca Anderson Miguel seria negada. “Negócio de assassinar advogado não dá certo. O dinheiro era bom, mas gastaria muito mais para fugir e a Justiça ia acabar me pegando”, contou. A decisão em aceitar ou não a proposta, no entanto, não teve que ser tomada, uma vez que Welton foi preso por falsidade ideológica antes de fechar o negócio.

Qual seria o motivo para assassinar Anderson Miguel? “Ivanildo não me falou. Conversamos um pouco, mas teve esse lance da confusão na avenida 10, em que acabei preso. O negócio não foi fechado. Ivanildo deve ter procurado outro para atender os seus interesses”.

Devido à divergência entre as partes, o delegado Marcus Vinícius conduziu, durante a terça-feira passada em Alcaçuz, uma acareação para confrontar as informações. “Mantive a minha palavra. Repeti tudo o que disse aqui para você. Ele queria me contratar naquela época e agora quer me ver calado. Até ofereceu dinheiro para isso”, disse José Welton.

Para o delegado da Dehom, os dois são “celebridades”. “Eles estão dando entrevista por aí e repassando essas informações. Querem ser celebridade. Estamos investigando com cautela e analisando cada interesse”. De acordo com informações da polícia, Ivanildo “Boca de Ouro” está colaborando com as investigações e não possui antecedentes na Dehom. Marcus Vinícius Santos não repassou detalhes da investigação, decisão embasada no segredo de Justiça sobre o qual corre o processo.

Investigado comprou celular por R$ 600 dentro de Alcaçuz

Terminou na segunda-feira passada o castigo imposto ao ex-policial militar sergipano José Welton de Assis por ter sido encontrado portando um celular dentro da penitenciária de Alcaçuz. Na entrevista concedida no final da manhã de ontem, Welton contou como conseguiu o aparelho. “Encontrei o celular no pavilhão após um acordo que foi feito. Minha mãe depositou R$ 600 na conta de um cara e consegui o celular”, contou o homem entre sorrisos e esquivas às perguntas. A pessoa que teria envolvimento direto com a facilitação não foi denunciada.

“O celular servia para eu falar com minha mãe, que já está com idade avançada. E também falar com as ‘meninha’ né?”, esclareceu. Foi também por causa do celular que o ex-policial conseguiu falar com Ivanildo, de quem teria recebido a proposta para se calar em troca de dinheiro.

Transferência

Detido no setor médico de Alcaçuz – localidade destinada à prisão de pessoas que já trabalharam em forças da segurança pública – Welton deve ser transferido em breve. Segundo suas estimativas, ainda neste ano. Natural de Sergipe, Welton requereu junto ao Sistema Penitenciário Estadual a transferência garantida por lei. “Vou para perto da minha família. E também acho que já estou perto de cumprir a pena de falsidade ideológica. Já estou preso aqui há oito meses”, informou.

Advogado foi assassinado dentro do escritório

Eram aproximadamente 17h15min da tarde de 1º de julho deste ano. Um homem adentra o escritório do grupo Advogados e Associados na Avenida Miguel Castro, 836. O “cliente” procura pelo advogado Anderson Miguel da Silva, para tratar de uma causa de pensão alimentícia. A recepcionista informa a chegada por telefone. A entrada é autorizada pelo advogado. Minutos depois, quatro disparos. O pseudo-cliente sai apressadamente do escritório e foge num Siena branco com auxílio de um comparsa. Um dos réus e o delator da Operação Hígia, Anderson Miguel da Silva, estava morto. Executado com quatro tiros de pistola ponto 40 que lhe atingiram o peito e a cabeça. A vítima foi encontrada sentada na cadeira na qual trabalhava com a cabeça pendendo para o lado direito e o lado esquerdo do peito ensangüentado.

As investigações, então, passaram a ser conduzidas em conjunto pela Polícia Civil do Rio Grande do Norte e a Polícia Federal. Sob segredo de justiça, detalhes sobre o andamento dos inquéritos sempre foram negados ao longo dos meses. A estratégia da investigação optou pela não divulgação de um retrato falado do assassino.  No intervalo de mais de seis meses, entre a morte e a data de hoje, transcorreram acusações públicas entre a ex-mulher de Anderson Miguel, Jane Alves de Oliveira, e aquela que era a companheira do advogado na época do assassinato, Sebastiana Dantas. Ambas trocavam acusações e recomendavam reforço na investigação, que não resultou em nada relevante.

As investigações prosseguiram com sucessivas prorrogações no prazo inicialmente determinado pela Justiça, de 30 dias. Em algumas oportunidades, o superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Norte, Marcelo Mosele, reforçou a empenho para resolução do caso. “Não desaceleramos em nenhum minuto desde o início. Trabalhamos manhã, tarde e noite com o objetivo de resolver o homicídio”, disse em entrevista no mês de julho. Para ele, a morte do advogado carioca se destaca e não pode ser tratada como comum. “Não temos nas mãos apenas mais um caso. É um inquérito difícil, mas não impossível”.

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