sexta-feira, 19 de abril, 2024
32.1 C
Natal
sexta-feira, 19 de abril, 2024

Isaura Rosado retorna a uma FJA de problemas

- Publicidade -

Ramon Ribeiro
Repórter

Órgão da administração estadual responsável pela gestão pública de cultura, a Fundação José Augusto vai para o seu terceiro diretor em menos de dois anos de governo Robinson Faria. Quem retorna ao comando da pasta é  a professora Isaura Amélia Rosado. A nomeação foi publicada no Diário Oficial do Estado, na quinta-feira (5). A artista plástica Dione Caldas Xavier também foi nomeada e retorna à Fundação no cargo de Chefe de Gabinete.
Isaura Rosado volta a Fundação José Augusto
A mossoroense assume a pasta no lugar do conterrâneo, o cordelista Crispiniano Neto, que tinha sucedido o ator Rodrigo Bico. Os dois foram indicações do PT, que recentemente rompeu com o governo e entregou todos os cargos que ocupava na administração estadual.

“É minha terceira vez na gestão da Fundação José Augusto e  contarei sobretudo com minha experiência das gestões anteriores. Trago o conhecimento necessário para desenvolver as políticas públicas concernentes a área de cultura”, limitou-se a dizer a gestora, através de sua assessoria de imprensa, informando que estava  ocupada com assuntos burocráticos da pasta e não poderia dar entrevista.

A última passagem de Isaura Rosado pela entidade da cultural estadual foi durante o governo Rosalba Ciarlini (2011-2014). Em seu retorno, encara antigos, novos e graves problemas para resolver. Dos equipamentos geridos pela Fundação José Augusto, apenas o Teatro de Cultura Popular (TCP) voltou a funcionar. O Teatro Alberto Maranhão, o Teatro Lauro Monte Filho, em Mossoró, e o Adjunto Dias, em Caicó, seguem parados; a obra da Biblioteca pública estadual Câmara Cascudo continua parada, assim como o Museu Café Filho; a gráfica Manimbu pouco publicou além do jornal literário O Galo; os editais estão todos parados, com exceção da Lei Câmara Cascudo.
FJA
A falta de recursos é notória dentro da Fundação. O órgão, que tem 62 setores, entre equipamentos culturais e departamentos da administração, gasta 80% dos recursos com pagamento de servidores. É de conhecimento geral que as coisas só vão funcionar se houver apoio do governo.

Antes de confirmar o nome de Isaura Rosado, o governador Robinson Faria chegou  a dizer em Brasília que a professora seria “um nome bem aceito no meio cultural” e negou que sua possível indicação  tinha como finalidade uma “aproximação com a ex-governadora Rosalba”.

Não é bem o que a classe artística acha. Na segunda-feira (2), representantes de 12 movimentos e coletivos culturais enviaram uma carta  ao gabinete do governador em que sugeriam outros nomes representativos da classe para assumir a direção da Fundação, o do sociólogo e gestor cultural Josenilton Tavares e o da produtora cultural Tatiane Fernandes.

Integrantes de movimentos artísticos comentaram a nomeação. Para o ator e integrante da Rede Potiguar de Teatro, Arlindo Bezerra, o governo não fez o que prometeu em campanha, que era “ouvir a classe artística e escolher nomes de perfil técnico”. “Indicamos nomes competentes e isso foi completamente ignorado por ele. Com essa situação fica uma sentimento de desânimo com a gestão de cultura”, diz. A Rede ainda publicará uma nota se posicionando sobre o assunto.

A produtora cultural Nathalia Santana, que é membro do Fórum Potiguar de Cultura, endossa a insatisfação mas diz que a classe artística não vai ficar apática. “Reconheço o esforço de Isaura, mas não sei de onde o governador tirou isso de que os artistas querem ela. O tempo dela já foi. Queremos um novo olhar na gestão cultural”, disse. A produtora espera que seja possível um diálogo com a gestora.

Paulo Sarkis, músico e vice-presidente do Sindmusi-RN, vê a nomeação do governador “como ato mecânico” e “sem ousadia”, e cita a produtora Tatiane Fernandes como “um nome de renovação, diálogo e oxigenação”. “A cena musical não deve ter muitas esperanças de ações mais ousadas que contemplem toda essa produção que floresce nos últimos tempos. A orquestra sinfônica, o coral canto do povo e o Instituto Waldemar de Almeida, acredito que nas mãos de Isaura, voltam a ser vistos como ônus aos cofres públicos, e, portanto, sem perspectivas de concursos tão necessários”.

O escritor Lívio Oliveira comenta que Isaura pode não ser a escolha da classe, mas ela une o conhecimento cultural com a sua relação política. “Ela tem o ponto forte que é o bom trato com a cultura. É uma pasta muito difícil. Os governos não têm nenhum interesse. Torço para que ela saiba conduzir o que já vinha sendo feito pelos seus antecessores e consiga avançar”. Lívio aponta a Biblioteca Câmara Cascudo como “prioridade máxima” no campo da literatura.

PRIMEIRO ATO
Apreciadora de artes plásticas, em seu primeiro dia de trabalho, a diretora anunciou um edital de Ocupação de Salas de Exposição da Pinacoteca Potiguar, que estava parado, e disponibilizou-o para consulta pública. O edital  programado para o segundo semestre de 2016. O texto que servirá para a consulta pública já está disponibilizado no site www.cultura.rn.gov.br/ e está programado para a edição do Diário Oficial do dia 6 de maio.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas