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Israel ataca navios de ajuda humanitária à Faixa de Gaza

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Tel-Aviv (AE) – Israel atacou ontem um grupo de seis navios que transportava mais de 750 pessoas com ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, deixando pelo menos nove pessoas mortas, segundo o Exército israelense. Metade das pessoas que estavam no navio eram de nacionalidade turca. O ataque ocorreu na madrugada de ontem, em águas internacionais no Mar Mediterrâneo, a 128 quilômetros da Faixa de Gaza.

Médicos israelenses socorrem em Haifa, Israel, vítima de ataque ocorrido em navio em Gaza. País justificou a ação dizendo que grupo teria atacado  soldados durante abordagemIsrael defendeu sua ação, argumentando que ativistas armados atacaram soldados israelenses enquanto eles eram levados de helicóptero para o convés de um navio. O Exército de Israel afirmou que a arma de um de seus soldados foi tomada e usada para atacar os próprios militares do país. Ainda segundo o Exército israelense, ficaram feridos pelo menos 12 ativistas e 10 militares israelenses. A emissora de TV israelense Channel 10 citou 19 ativistas mortos e 36 feridos, mas posteriormente reduziu o número de mortos para dez.

A filial de Gaza da ONG turca NGO IHH, que tinha um grande navio de passageiros integrando a frota, disse à agência France Presse que tinha informações sobre 15 mortos, a maioria dos quais eram turcos. Estimativas sobre o número de feridos variam entre 20 e 30 passageiros e sete soldados israelenses, dos quais dois estariam em estado greve. Não há informações oficiais sobre o estado de saúde dos passageiros feridos, que estão sendo tratados em quatro hospitais de Israel.

Um porta-voz militar israelense disse que não estava claro quem havia disparado primeiro. Esse ataque pode inflamar as tensões por todo o Oriente Médio – nações árabes e funcionários palestinos condenaram fortemente a ação israelense. A Turquia também reagiu duramente. Ancara apoiava publicamente a flotilha, que incluía embarcações turcas.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, demonstrou “pesar” pelas mortes ocorridas durante a ação de Israel contra o comboio humanitário, mas na opinião dele, as tropas israelenses agiram para “defender suas vidas”.

“Nós lamentamos a perda de vidas”, disse Netanyahu em Ottawa, durante encontro com o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper. “Nossos soldados têm que se defender e defender suas vidas”, afirmou ele.

Já o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse que as mortes dos ativistas foram de responsabilidade exclusiva dos organizadores do comboio. Barak chamou a flotilha de uma “provocação”, e considerou a ONG turca NGO IHH, como “partidários do terrorismo extremista”.

O governo israelense advertiu ativistas favoráveis aos palestinos para que não organizassem um comboio levando ajuda humanitária à Faixa de Gaza, disse o ministro de Comércio e Indústria de Israel, Binyamin Ben Eliezer.

“Nós estávamos cientes do que poderia ocorrer – nós os avisamos e dissemos a eles que tudo o que iriam fazer era provocação”, afirmou Eliezer. “Os resultados são desastrosos. Eu lamento muito as perdas, e cada gota de sangue vertida”, disse o ministro. “Um grande número de ativistas estava com facas, alguns deles, sete, oito deles com pistolas, então não é tão simples.”

Os organizadores do comboio, porém, disseram que soldados israelenses começaram a disparar logo que eles chegaram ao convés de um navio da flotilha. O comboio pretendia levar 10 mil toneladas de suprimentos à Faixa de Gaza, que sofre com um bloqueio israelense desde 2007.

Turquia, Europa, árabes e Brasil pedem investigação

NAÇÕES UNIDAS (AE) – O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniu ontem em caráter de emergência e começou a discutir o ataque da Marinha de Israel. A Turquia, a União Europeia (UE), os países árabes, os palestinos, o Brasil e a Argentina pediram uma investigação internacional independente.

O vice-embaixador dos Estados Unidos na ONU, Alejandro Wolff, não fez menção a uma investigação internacional independente, dizendo: “Nós esperamos que aconteça uma investigação transparente e instamos com força o governo de Israel a que investigue totalmente o incidente”.

Uma das reações mais fortes partiu da Turquia, já que a maioria dos mortos eram cidadãos turcos. O chanceler da Turquia, Ahmet Davutoglu definiu a ação como “pirataria e banditismo” em alto-mar, além de “assassinato conduzido por um Estado”.

Após considerações feitas pelos 15 países dos CS, bem como de Israel e dos palestinos, o organismo voltou a se reunir para considerar uma possível ação.

Riyad Mansour, observador palestino na ONU, disse que o ataque contra civis desarmados, em navios estrangeiros em águas internacionais, foi um “crime de guerra”.

O embaixador da França no CS, Gerard Araud, também pediu por uma investigação “independente e com credibilidade”. A França também pediu que o cerco à Faixa de Gaza seja abrandado. Israel mantém um cerco ao território palestino desde 2008.

O governo brasileiro recebeu com “choque e consternação” à notícia sobre o ataque israelense. Em nota divulgada ontem, o Ministério das Relações Exteriores afirma que o “Brasil condena, em termos veementes, a ação israelense, uma vez que não há justificativa para intervenção militar em comboio pacífico, de caráter estritamente humanitário”. O ministério também afirma que preocupa o governo brasileiro a notícia de que uma brasileira, Iara Lee, estava em uma das embarcações que compunha a flotilha humanitária. Segundo a nota, o ministro Celso Amorim determinou que sejam tomadas providências para a localização da brasileira.

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