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Jornada atrai e motiva estudantes

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Itaércio Porpino
repórter

Mesmo quando se trata de áreas tidas como muito complexas, como astronomia e astronáutica, ensinar e aprender ciência pode não ser esse “bicho de sete cabeças” todo. Foi o que alunos e professores que participam em Natal da 12ª Jornada Espacial demonstraram ontem, no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI). Usando material reciclável – basicamente garrafas pet de 2 litros e papelão -, eles construíram  foguetes e os lançaram a uma altura de 50m (em média) com uma velocidade de 100 km/h.

A manhã foi inteiramente dedicada à confecção dos foguetes  e os lançamentos aconteceram na parte da tarde, mas às 10h a equipe da TRIBUNA DO NORTE pode acompanhar testes realizados com os primeiros que ficaram prontos.    
A manhã de ontem (9) foi inteiramente dedicada à confecção dos foguetes feitos basicamente de garrafas pet de 2 litros e papelão...
A construção e o lançamento dos foguetes de material reciclável estavam entre as muitas atividades da 12ª Jornada Espacial, que começou no dia 8 e se estende até a próxima sexta-feira, 12, com palestras, oficinas e trabalhos práticos ligados às questões espaciais. O lançamento de um foguete de verdade (nesta quarta, às 15h) e a palestra do astronauta brasileiro Marcos Pontes (sexta, às 10h30) são os destaques da programação.

A Jornada, realizada desde 2005 nas dependências do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos – SP, está acontecendo em Natal pelo segundo ano consecutivo. “Nosso objetivo é mostrar aos jovens o que fazemos aqui e motivá-los para que sigam adiante nessa área de estudos”, diz o Diretor do CLBI, Coronel Maurício Alcântara.

Neste ano, o evento reúne 36 professores e 43 alunos do ensino médio, representantes de 19 estados brasileiros, além do Distrito Federal, que se destacaram na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). A Olimpíada, realizada em maio deste ano, movimentou 800 mil alunos e 10 mil escolas de todo país.

A troca de conhecimento entre jovens de diferentes regiões brasileiras é uma das experiências que a Jornada Espacial propicia. Na atividade de construção de foguetes com garrafas pet, os alunos trabalharam em grupos.

Felipe Roz Barscevivius, 16 anos, de Sorocaba-SP, se juntou a Adriano Anzanello, 15 anos, de Santa Catarina-RS, e a Anne Louise Terceiro, 16, de Manaus-AM, e Matheus Abrão, 17, de Goiânia-GO. A equipe deles foi uma das primeiras a terminar a construção do foguete, testado pela manhã, para que a equipe da TRIBUNA DO NORTE pudesse  acompanhar.

Na primeira tentativa, o foguete não saiu da base de lançamento. Mas não foi por erro dos alunos. A pressão do ar que é bombeado por uma bomba de encher pneu de bicicleta para pressurizar a água colocada dentro da garrafa e fazer com que ela suba, acabou não sendo suportada pela mangueira, que  arrebentou.

Com a mangueira trocada, a segunda tentativa com o foguete foi um sucesso. Um outro foi testado e também ganhou as alturas a uma velocidade impressionante.

“O objetivo da experiência é mostrar aos alunos e professores como funciona um foguete e o que está por trás disso tudo, que são os princípios físicos e matemáticos. Mas claro que o que os deixa encantados é ver o foguete subir”, diz José Bezerra Pessoa Filho, tecnologista sênior do Instituto de Aeronáutica e Espaço.

PRÓXIMA SELEÇÃO
Quem deseja participar de eventos ligados às ciências espaciais, a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) abrirá inscrições em janeiro. A prova será aplicada no dia 15 de maio de 2015. Os melhores classificados poderão integrar a equipe brasileira e representar o país nas olimpíadas internacional e latino-americana, além das Jornadas Espacial e de Foguetes.

Números
100 km/h é a velocidade atingida pelos foguetes feitos de material reciclável
50 m é, em média, a altura alcançada
36 professores e 43 alunos de ensino médio, representantes de 19 estados brasileiros, além do Distrito Federal, participam do evento em Natal
800.000 alunos e 10 mil escolas de todo país participaram da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA),  em maio deste ano, que selecionou os estudantes para a 12ª Jornada Espacial

Personagens:

Nalbert Pietro
É o menor e mais novo entre os alunos que participam da 12ª Jornada Espacial. Com 14 anos e concluindo o 9º ano na Escola 4º Centenário, da rede pública de Natal, ele se revela um menino muito dedicado e decidido para tão pouca idade. Foi o próprio Nalbert que teve a iniciativa de participar da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), que o selecionou para o evento. Ele ficou sabendo da Olimpíada e, através do site, buscou informações de como se inscrever. Depois, procurou a escola para que ela pudesse participar.

“A escola apoiou assim que cheguei com a ideia. Eu fiz a Olimpíada e fui Ouro, mas nem esperava ser chamado”, diz o estudante, que está gostando muito do evento. 

“A jornada é muito boa. Traz bastante conhecimento e expande sua área de visão sobre a astronáutica no Brasil”, avalia Nalbert, que aos 14 anos já decidiu que vai ser astrofísico e até já sabe o lugar no Brasil que oferece o curso.

“Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul tem. Sempre tive admiração por astronáutica e astronomia e, por isso, pretendo fazer Astrofísica.”

Karin Yasmin
A estudante de Aracaju (SE), já havia feito a Olimpíada da OBA uma outra vez e sido selecionada, mas somente neste ano teve como viajar. Como da primeira vez, nessa segunda tentativa ela também alcançou uma pontuação bem alta e, no dia do seu aniversário, recebeu a boa notícia de que viajaria para Natal.

“Fiqui muito feliz”, conta a jovem de 17 anos, que acabou de concluir o 3º ano em uma escola particular de Aracaju, a Amadeus.
Quanto ao evento, ele está sendo tudo o que Karin Yasmin esperava. “Estou gostando muito das aulas e de todas as atividades. Tá tudo muito bem estruturado aqui. Uma das coisas que eu gostei foi de conhecer pessoas de outros estados e regiões do Brasil com os mesmos interesses que eu”.  Desde que se interessou em participar da Jornada Espacial, a estudante passou a pesquisar os temas trabalhados no evento. O colégio contribuiu oferecendo aulas especiais. Além disso, Karin fez, por conta própria, um minicurso de Astronomia na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Os conhecimentos estão lhe sendo muito úteis na 12ª Jornada Espacial.

Bate-papo – José Bezerra Pessoa Filho
Tecnologista senior do Instituto de Aeronáutica e Espaço

“A informação [nessa área] ainda é bastante limitada”

Qual o perfil dos alunos participantes?
São alunos do Ensino Médio, com idade entre 14 e 18 anos,  que foram selecionados na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astrofísica (OBA), realizada anualmente. Além deles, convidamos estudantes do Rio Grande do Norte – do IFRN e de uma escola estadual e uma municipal – para participar das atividades.

O que há de mais importante em um evento como este?
O que nos move e nos motiva a estar aqui é a oportunidade de mostrar a esses professores e alunos que o país deles desenvolve atividades em áreas bastante relevantes para a civilização humana, no caso, a astronomia e a astronáutica. Muito embora esses alunos sejam brilhantes e bem informados, a gente percebe que naquilo que diz respeito à astronomia e a área espacial, a informação é bastante limitada. E isso se deve ao fato deles terem pouco ou quase nenhum acesso a essas informações.

Porque são áreas muito específicas?
São bem específicas, mas, ao mesmo tempo, fascinam e oferecem um certo medo aos professores de ingressar nessas áreas, vistas como muito complexas. Queremos desmistificar um pouco isso. Não vou dizer que é fácil, mas é de acesso a qualquer pessoa que tenha uma boa formação e interesse de se desenvolver nesse campo.

O foguete

COMBUSTÍVEL
Depois de pronto, o foguete construído com garrafa pet de 2 litros recebe o combustível: água (numa quantidade equivalente a 1/3 do volume da garrafa). Através de uma bomba de encher pneu de bicicleta, a água é pressurizada e faz com que o foguete suba.

CUIDADOS
A pressão dentro da garrafa é limitada através de uma bomba com controle de pressão, para evitar o risco da garrafa estourar. Ainda com esse cuidado, todas as pessoas são mantidas distantes do experimento cerca de uns dez metros.

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