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Jornal de sempre

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Adriano de Sousa
Jornalista

O Rio Grande do Norte é um estado de catatonia permanente. Aqui o tempo parece congelado, como se presente e futuro fossem apenas licenças poéticas do calendário, sem correspondência real no mundo físico. O déjà vu é tal que os leitores não estranhariam se os jornais abolissem a numeração e a data no cabeçalho.

Para comprovação, leia-se as notícias locais chamadas na capa da TRIBUNA DO NORTE que circulou com a data de quarta-feira. Os temas são os mesmos de qualquer outra edição deste ano. Há pequenas variações de números ou ênfase, mas nada que abale a convicção de que hoje é sempre ontem.

A manchete principal alardeia novos recordes de desemprego na Grande Natal (13,7%) e no RN (12,6%), agora vice-campeão nacional no drama, em indesejável repeteco de títulos gerados a cada pesquisa divulgada. As manchetes secundárias não são menos desalentadoras, a indicar que nosso presente de natal será mesmo esta caixa de Pandora onde cabem a economia o futebol, a gestão pública e um infindável etc. 

O ABC despediu-se da Série B com nova derrota, comprovando o desastre que foi terceirizar o clube a um projeto politiqueiro. A Prefeitura de Natal retardou por quatro dias o pagamento da folha funcional, para contornar a violenta baixa nas receitas próprias e nas transferências federais. Um sinal de que dias piores se anunciam.

O Governo do Estado debate-se na própria incompetência para honrar o compromisso salarial com os barnabés, buscando fórmulas que compensem sua incapacidade de pensar e agir em tempos de crise. Depois de aumentar impostos e sangrar o Fundo Previdenciário, tenta arrancar da Assembleia Legislativa autorização para ampliar o limite de remanejamento do Orçamento, avançando nas rubricas de outros poderes. Deverá conseguir, porque se há uma constante histórica na AL é a vocação para se submeter a todo governo.

A festa trágica continua. Os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado embolsaram quase R$ 800 mil correspondentes à imoralidade retroativa chamada de auxílio-moradia, pago inclusive a quem não paga aluguel. É aquele malefício que, em agosto passado, o próprio Tribunal de Contas suspendera, em decisão reformada depois pelo Tribunal de Justiça. Nenhuma novidade: aqui, quando algo muda, é para pior, ao menos do ponto de vista do cidadão rebaixado a mero contribuinte.

E dá-lhe jornal de ontem. Caicó é o município brasileiro com maior infestação proporcional pelo vetor da dengue – o mosquito foi encontrado em 27,1% dos imóveis visitados. Uma ironia, se lembrarmos que armazenar água parada (ou em movimento) é luxo desconhecido de caicoenses e de moradores de muitos outros municípios, todos castigados por quatro anos de seca e décadas de burrice governamental.

Completando o quadro de violência física e moral no Rio Grande Sem Sorte, lê-se que policiais acamparam no Centro Administrativo do Estado em protesto contra a incompetência na gestão da segurança. As polianas do governo respondem com indicadores de aumento das operações e redução da criminalidade. Mas, não convencem nem à própria polícia, que diz que os números são maceteados. Muito menos à população, a quem o sentimento de medo e insegurança, em casa ou nas ruas, fala mais alto do que qualquer propaganda rósea ou estatística bege.

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