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Juntos e em frente

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Tádzio França e Yuno Silva
Repórteres

Renato Teixeira foi um modernizador da música regional e caipira, mas tendo sempre o cuidado de não descaracterizá-la. É grande a distância – temporal e   musical – entre o autor de “Romaria” e a atual onda sertaneja, com seus ritmos rápidos, flertes com o pop, e apelo de arena. Mas Renato segue fazendo sua parte: apresentar os clássicos do interior brasileiro para iniciantes e iniciados, missão que ela carrega ao lado do amigo  de longas datas Sérgio Reis, através do projeto “Amizade Sincera”. A segunda edição desse show será apresentada em Natal neste domingo, às 20h, no Teatro Riachuelo.
Renato Teixeira acredita que o país vive um ciclo, mas aposta que novos talentos da música caipira de qualidade chegarão em breve aos ouvidos do público
“O que importa, na verdade, é que a música sertaneja de modo geral está muito forte no Brasil de hoje. Acredito ser questão de tempo para melhorar”, afirmou Renato Teixeira. Ele concedeu entrevista ao VIVER por telefone direto de Bonito, um dos principais cartões postais do Mato Grosso do Sul, onde dividiu o palco com Almir Sater na noite de abertura da 16º edição do Festival de Inverno de Bonito, MS, que acontece até o domingo, dia dois de agosto. Apesar das ressalvas a boa parte da geração sertaneja atual, Renato acredita o momento deve ser aproveitado. 

Os cantores veteranos serão acompanhados por uma banda que conta com a participação de um filho de Renato, Chico Teixeira, no violão de doze cordas, e um filho de Sérgio Reis, Paulo Bavini, na viola de dez e violão; o grupo Levy no baixo e Natan Marques (violão/guitarra). A seguir, o cantor e compositor paulista fala mais sobre o show e novos trabalhos:

Renato, você e o Sérgio Reis voltam a destacar o cancioneiro caipira, a raiz da música sertaneja nessa segunda versão do show Amizade Sincera (a primeira é de 2010 e virou DVD). A proposta permanece?
Sim claro, é fundamental apresentar a essa nova geração o que foi e continua sendo feito por artistas que defendem a música caipira de raiz. Essas referências são importantes, principalmente para mostrar a essência da música sertaneja. Fizemos a curadoria musical, incluímos algumas canções nossas e revisitamos a de outros compositores que são e foram essenciais para a consolidação da música que fala do jeito simples do sertanejo, da vida no interior. O show vai virar um segundo DVD ao vivo.

Acredita que atualmente a música sertaneja esteja distante do sertão, do interior e das próprias raízes? E para diferenciar os estilos evidencia a expressão “música caipira”?
O que importa, na verdade, é que a música sertaneja de modo geral está muito forte no Brasil de hoje. O baixo nível de conteúdo reflete o momento cultural desse período que o país atravessa, faz parte de um ciclo, incluindo a atual fase política. Acredito ser questão de tempo para melhorar.

Destacaria nomes de novos compositores que estão trilhando caminhos mais, digamos, de raiz?
Seria injusto citar nomes, sempre vou esquecer alguém, mas te garanto que tem muita gente nova com um trabalho interessante que daria para lotar dois ônibus. Uma geração que vem com conteúdo, e logo vai chegar aos ouvidos dos adolescentes que consomem essa música sertaneja de hoje. Mas indico um grupo de São Paulo, o Folk Na Kombi. Eles tocam na rua, a bateria fica dentro da Kombi, e estão misturando muito bem a música caipira com o folk.

Você e o Sérgio Reis se preocupam com a renovação do público?
O sertanejo que a gente curte é sequência daquele do Tonico e Tinoco, entre outros representantes autênticos, e aí entra Gonzagão e Dominguinhos. Temos um grande público e tocamos para esse público o que ele quer ouvir. Uma das características dessa renovação é baseada em mídia familiar: passada de pai pra filho.

E o que prepararam para esse show aqui em Natal?
Vamos fazer uma mistura dos nossos repertórios, cantar músicas famosas. Não adianta ficar inventando, tem canções que não tem erro, se quiséssemos teríamos um show com 100 músicas – todas conhecidas do grande público.

Quais músicas do seu repertório não podem faltar nos shows?
Tem várias: “Amanheceu, peguei a viola”, “Tocando em frente” (Ando devagar / Porque já tive pressa / E levo esse sorriso / Porque já chorei demais), “Romaria” (Sou caipira, Pirapora nossa / Senhora de Aparecida / Ilumina a mina escura e funda / O trem da minha vida), “Amora”, “Frete” (tema da série de TV Carga Pesada). Não adianta fazer show e não cantar essas músicas. Daí entram outras que são referência. A proposta é divertir as pessoas.

Você citou Luís Gonzaga e Dominguinhos, e o Sérgio Reis está preparando um projeto novo com repertório desses dois mestres. Você também está envolvido nesse trabalho?
Estou. Não como produtor musical, estou mais dando uma coordenada. Sérgio Reis canta Gonzagão e Dominguinhos começa a rodar em breve pelo Nordeste, ele estará acompanhado por músicos de Pernambuco. O Nordeste gosta muito do Sérgio, ele é carismático. Acho que vai ficar muito bonito esse trabalho.

Crítica
Renato Teixeira compôs a música “Rapaz caipira”, onde critica a atual safra da música sertaneja de consumo. Defensor aberto da música de raiz, ele fez renascer o termo “música caipira”.

Letra de “Rapaz caipira”

Qui m’importa, qui m’importa
O seu preconceito qui m’importa
Você diz que eu sou muito esquisito
E eu às vezes sinto a sua ira
Mas na verdade assim é que eu fui feito
É só o jeito de um rapaz caipira

Qui m’importa…

Se você quer maiores aventuras
Vá pra cidade grande qualquer dia
Eu sou da terra e não creio em magia
É só o jeito de um rapaz caipira

Qui m’importa…
Se dá problema eu subo na picape
E no horizonte eu tiro a minha linha
Quando me acalmo é que eu volto pra casa
Esse é o jeito de um rapaz caipira

Serviço:
Sérgio Reis e Renato Teixeira em Amizade Sincera II.
Domingo, às 20h, no Teatro Riachuelo. Preços: R$50 (balcão), R$90 (frisas), R$110 (plateia B), R$130 (plateia A), R$190 (camarotes).

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