Woden Madruga
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Lembrando Dom Marcolino
Dois livros serão lançados hoje à noite (a partir das 19 horas na Pinacoteca do Estado (Palácio Potengi), ambos editados pela Fundação José.
Augusto: “A Estrela Conta – Memórias de Glorinha Oliveira” e “Dom Marcolino Dantas, por ele mesmo”. O primeiro é uma segunda edição do livro de Nelson Patriota, reunindo entrevistas que ele fez com a grande cantora. A primeira edição saiu em 2003. Ali está contado a história do rádio natalense. Glorinha Oliveira, como gosta de dizer o mestre Gaspar, seu fã de todos os auditórios, é uma glória. Derna dos tempos da REN (Rádio Educadora de Natal), coisa do começo dos anos 40.
“Dom Marcolino Dantas, por ele mesmo”, é um livro organizado pelo padre e acadêmico José Mário de Medeiros. Foi editado pela FJA em 2014, ainda no tempo da presidência de Isaura Rosado (Governo Rosalba Ciarlini) mas somente agora publicado, exatamente quando a professora Isaura, depois de secas e poucas trovoadas, volta ao mesmo birô, nomeada anteontem. O livro aparece catalogado como “autobiografia” e divulgado como “biografia”. Nem uma coisa e nem outra se levarmos em conta a definição legítima dos dois gêneros literários. Mas a obra organizada pelo padre José Mário, uma pesquisa de muito fôlego, contém os caminhos e os procedimentos de Dom Marcolino Dantas como Bispo e Arcebispo de Natal durante 38 anos (1929/1967). O prefácio é do professor e sociólogo Itamar de Souza.
O autor juntou discursos, orações, mensagens, homilias, atos administrativos de Dom Marcolino, notas publicadas nos vários jornais de Natal, muitos deles relatando a vida social e cultural da aldeia de Poti mais religiosa e não. É um passeio pela história natalense a partir do final dos anos 20 até chegando ao final dos anos 60. Rica a pesquisa peneirada pelo padre José Mário proporcionando uma leitura gostosa por aqueles tempos da província, incluindo aí os arrepios de Dom Marcolino quando se referia ao comunismo. Está num discurso que ele fez na Base de Parnamirim em junho de 1949. Transcrevo algumas passagens:
“A situação mundial continua caótica… O Nazismo e o Fascismo faliram… no mercado dos sistemas apareceu o Comunismo… adotou a violência; fez os campos de concentração que aprendeu com os nazistas; e estendeu a cortina de aço em torno das fronteiras… (…) O Comunismo é intrinsecamente mau… é ateu e materialista…”
No livro o leitor vai encontrar um pega pra capar entre os jornais A Ordem, órgão da Igreja Católica, e A Razão, jornal ligado ao Partido Popular, fundado por José Augusto Bezerra de Medeiros (onde Aluízio Alves começou a escrever menino) e, à época, 1936, dirigido por Eloy de Souza. No capítulo sobre essa encrenca tem uma carta de Eloy de Souza para Dom Marcolino e uma outra para o Monsenhor João da Mata Paiva.
O livro conta a chegada de Dom Marcolino em Natal, em agosto de 1930, desembarcando no Cais da Tavares de Lira. O jornal A Republica, edição do dia 22 de agosto, publicou a notícia:
“A bordo do paquete “Pará”, desembarcou ontem, ás 17:30, no cais Tavares de Lyra, Sua Excia. Dom Marcolino Dantas, bispo desta Diocese. O ilustre prelado, que procede da Bahia de regresso do Rio de Janeiro, onde detiveram altos interesses do seu ‘múnus” pastoral, foi recepcionado por grande número de pessoas de destaque social notando-se a presença de Suas Excelências o Dr. Juvenal Lamartine e o Desembargador Joaquim Inácio de Carvalho, Presidente e Vice-Presidente do Estado. ”
No livro o leitor encontrará também notícias dos pastoris, fandangos e quermesses que se realizavam nos festejos do final do ano. A Igreja presente. Temos aí um passeio muito agradável por uma Natal que não existe mais, como esta nota publicada no jornal A Razão de 26 de dezembro de 1933:
“As festas de Natal, nesta cidade tiveram este ano, um cunho excepcional de brilhantismo e animação.
Desde a tarde do dia 24, a cidade apresentava aspecto movimentado, notadamente no ponto de cruzamento de bondes da Avenida Rio Branco e nos Bairros de Tirol e Alecrim e na Praia de Areia Preta. Na Areia Preta o movimento foi bem animador. Ali se achava armado atraindo a fina sociedade natalense, o Iate Natal, criação de um grupo de gentis senhoritas para angariar donativos em benefício da Nova Catedral”.
Mais livros
Tem mais livros sendo lançados nesta sexta-feira natalense. A partir das 18h30, no Bar Mormaço (Rua historiador Tobias Monteiro, 138, Nova Descoberta), a Editora Jovens Escribas coloca na praça o romance “Fome”, de Márcio Benjamim, e o livro de poemas de Marcelo Cristo (dicristo), “Tons de Amar-Ela”.
De Agricultura
O deputado Walter Alves assumiu esta semana a titularidade na Comissão Permanente de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara Federal.
Do Sindi
E por falar em pecuária, hoje, em Uberaba, onde acontece a ExpoZebu, a maior exposição mundial das raças zebuínas, será realizado o 1º Fórum Nacional da Raça Sindi. É a raça zebuína que mais cresce no Brasil e que tem um chamego especial pelo semiárido nordestino.
Na quarta-feira, na ExpoZebu, houve o leilão do Sindi, registrado novos recordes. A média de preços por animal ficou ao redor dos 45 mil reais, quase o dobro do ano passado. O maior volume das vendas foi para o Mato Grosso e para a Bolívia.
Chuva
Maio vai seguindo sem chuvas, somando as frustrações do sertanejo. No Rio Grande do Norte, de quarta para quinta-feira, a Emparn registrou apenas neblinas pelo Litoral. Baia Formosa, 4,5 milímetros, Parnamirim, 3, Natal, 2. No Sertão de mesmo, lá pra dentro, nada.
Orquídea
Aberto, ontem, o Fest Orquídeas, montado na Sam’s Clube, vai até domingo. Muita coisa para se ver: de plantas a jarros e como se trabalhar com elas e eles. O Sam’s fica na Avenida Salgado Filho, apelidada bestamente de Br-101.
Política
Brasília é um estrondo a cada instante. O capítulo de ontem foi a suspensão do mandato do deputado Eduardo Cunha e o seu afastamento da presidência da Câmara, decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal. O PT comemora.
Hoje a Comissão Especial do Senado deve aprovar o relatório pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Amanhã, sábado, é outro dia… Ou não?
