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Lembrando o golpe

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Woden Madruga [ [email protected] ]

A imprensa brasileira vem publicando  textos lembrando o golpe militar de 31 de março de 1964, lá se vão 50 anos. Revistas com cadernos especiais, jornais idem. Jornalistas (que viveram o momento), intelectuais, escritores, artistas, políticos juntam-se em depoimentos. Militares, também. Entre eles, golpistas. A História sendo contada, recontada, lembrada. Reescrita?  Tribuna do Norte  também publicou (domingo) alguma coisa no rastro dos resquícios de 1964. Mas não disse que as coleções do jornal daquele ano, quatro cinco anos depois, a ditadura já a galope, foram requisitadas pelos militares e até ontem não foram  devolvidas. Não se sabe onde foram jogadas. Destruídas, certamente. Há um vácuo no Arquivo do jornal, hoje informatizado, mas sem os jornais de 1964. Neles, aparecem as primeiras colunas do Jornal de WM. Foi no começo de 1964, antes do golpe, que a coluna surgiu nas páginas da  TN.

Lá se vão 50 anos. Quando a notícia de que os tanques do general Olympio Morão Filho saíram de Juiz de Fora, Minas, avançado no rumo do Rio de Janeiro, para configurar o golpe que derrubaria o governo de João Goulart, era noite na Ribeira, e foi pegar este batedor de notícias numa das mesas da Peixada Potengi, defronte quase à redação de Tribuna do Norte, aquele tempo de portas abertas para a avenida Tavares de Lira. Dividia a mesa com os poetas Luís Carlos Guimarães e Sanderson Negreiros. Havia noite que dividíamos o tempo entre a redação e a peixada, de uma calçada a outra. Nessa noite de 31 de março dividimos o espanto, as dúvidas e o medo.

 Arnaldo Jabor escreveu “Éramos uma ilusão em 64”, publicado no dia 25 de março no Estadão. Começa assim:

– O golpe de 64 aconteceu porque nós não existíamos. Éramos uma ilusão. A esquerda era uma ilusão no Brasil (Já imagino “as cerdas bravas do  javali” se eriçando em alguns cangotes). Pois não existíamos em 64. Mas existia o quê? Existia uma revolução verbal. A ideologia “revolucionária era um ensopadinho feito de JK, Marx, Getúlio, ISEB e sonho. Existia uma ideologia que nos dava a sensação de que “o povo do Brasil marchava conosco”, era um “wishful thinking de que éramos o “sal da terra”. 

Leio Carlos Heitor Cony. Título de sua crônica do dia 23, na Folha de S. Paulo: “Traídos e traidores”. Transcrevo:

– Com a proximidade do 1º de abril, venho recebendo pedidos da mídia geral para dar um depoimento sobre o golpe de 1964. Querem saber quem tinha mudado de lado, apoiado a deposição de João Goulart e depois se voltado contra o regime totalitário que os miliares instauraram naquela data.

– Em princípio, a maioria foi a favor do golpe, pelo menos até 13 de dezembro de 1968. Com a edição do AI-5, houve um golpe dentro do golpe, desgastada pelas violências e torturas, a mesma maioria passou a detestar o governo e os militares. Exemplo disso foi o próprio “Correio da Manhã”, que combatera Jango diariamente, inclusive publicando os famosos editoriais “Basta” e “Fora”. No entanto, já no dia seguinte, 2 de abril, publicou uma crônica que criticava o movimento da véspera.

– Dois jornalistas mereceram destaque: Carlos Lacerda e Hélio Fernandes, os que mais elogiaram o golpe e passaram a combater a ditadura. Lacerda tinha sido o principal oponente de Jango. Com a vitória dos militares, participou da primeira reunião dos militares, acreditando que tomaria o poder, que lhe seria servido numa bandeja.

– Recebeu um soco na mesa, dado por um general que ninguém conhecia, mas que assumiu a liderança daquilo que foi chamado de “Alto comando”, do qual saiu o nome de Castello Branco (por sinal, um lacerdista). Percebendo que não tomaria o poder, Lacerda passou a criticar com a violência costumeira o governo e o próprio Castello Branco, associando-o aos “anjos da rua Conde Lage”, zona do baixo meretrício, garantindo que ele era mais feito por dentro do que por fora.

– Hélio Fernandes foi dedo-duro implacável, cobrando mais prisões e punições. Chegou a ser candidato a senador pela UDN, mas depois do AI-5 foi cassado e confinado em Fernando de Noronha.”

A Crônica A crônica publicada pelo Correio da Manhã,  a que se refere Carlos Heitor Cony, é dele, Cony. Com o título de “Da salvação da pátria” saiu na edição do dia 2 de abril de 1964, no dia seguinte ao golpe. Está incluída no seu livro O ato e o fato (Crônicas políticas), publicado naquele ano pela editora Civilização Brasileira. Reúne 39 crônicas e cujo exemplar guardo com muito carinho, pois me foi autografado pelo autor.

O prefácio,  “A farsa de abril ou o mito da honradez cívica”,  é do editor Ênio Silveira. O livro tem um segundo prefácio: do próprio autor. Tem ainda um apêndice com três artigos assinados por Otto Maria Carpeaux, Márcio Moreira Alves e Edmundo Moniz.

Viva a chuva
Final de semanas de boas chuvas no Rio Grande do Norte. Chove em mais de 100 municípios, todas as regiões. As chuvas mais fortes foram no Oeste e Seridó. No Oeste: Itaú, 97 milímetros, Portalegre, 70, Janduis e  Major Sales, 69, Martins, 68, Umarizal, 67, Viçosa, 63, Porto do Mangue, 60, Paraná, 58, Tabuleiro Grande, 56, Apodi, 53, Tenente Ananias, 52, Mossoró, 50, Luís Gomes e Paraú, 58, Riacho da Cruz, 43, Governador Dix-sept, 41.

No Seridó: Ipueira, 71, Jardim do Seridó, 64, Florânia, 44, São José do Seridó e Santana do Matos, 42, Caicó (Palma e Emater), 39, Caicó (Itans), 36, Santana do Seridó, 34, Caicó (Mundo Novo) e Tenente Laurentino e  São do Sabugi, 31, Cruzeta, 27, São Fernando, 24, Acari, 22 (Na Fazenda Pinturas, de Paulo de Balá, a acumulada do final da semana foi de  48 milímetros).

No blogue de Marcos Dantas, de Caicó, tem registro de 100 milímetros na localidade de Cabeço Branco, em Acari,  de 93 em Ipueira, e 40 em Serra Negra do Norte.

No Agreste 

Na região Agreste as melhores chuvas foram em Ielmo Marinho, 53, João Câmara, 51, Boa Saúde, 44, Santo Antônio e Lagoa de Velhos, 23 (Em Queimadas, 34), Japi e Monte das Gameleiras, 21. Na região Leste: Ceará-Mirim, 42, Nísia Floresta, 33,  Pedra Grande, 29, Montanhas, 25. A chuva de Natal foi de 30, o bastante para “esculhambar” o pomposo Arena das Dunas.

No Ceará
Chove muito no Ceará:  161 municípios, em todas as regiões. A maior chuva foi em Fortaleza: 169 milímetros. Na região do Cariri teve chuva de 111: Caririaçu.

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