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Lembrando Sandoval Wanderley

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Há 124 anos nascia em Assu Sandoval Wanderley, poeta, jornalista, escritor, ator, dramaturgo, diretor de teatro, político. Sempre foi político, atuando quase sempre na oposição. Presidiu sindicatos. Foi deputado estadual (1934/37) e vereador de Natal (1948/1951). Fundou e dirigiu vários jornais, os primeiros ainda na década de 1910, aí pelos vinte anos de idade. Um desses jornais, “O Avenida” ou “O Combate”, fazia oposição ao governo Ferreira Chaves, sucessor de Alberto Maranhão, que também sofreu fisgadas suas.  Além de jornais, Sandoval fundou grupos teatrais. O teatro foi o seu grande campo de ação: ator, dramaturgo, diretor, crítico teatral. Escreveu mais de trinta peças. Nascido no dia 27 de setembro de 1893, faleceu em Natal em 10 de julho de 1972, aos 78 anos.

Fui honrado e privilegiado com a sua amizade. Tinha eu 9 anos de idade quando o conheci, levado por meu pai para a inauguração da sede do Partido Social Progressista, de Café Filho, que se candidatava à Assembleia Nacional Constituinte de 1946, primeira eleição após o fim da ditatura de Getúlio Vargas. Meu pai era cafeista roxo, como Sandoval era. Café e Sandoval sempre juntos nas lutas políticas e nos sindicatos. Na sede do partido, na avenida Rio Branco, defronte ao quartel do 21º BC (onde hoje fica o Colégio Churchill), funcionavam também a redação e as oficinas de O Jornal, dirigido por Sandoval e Abelardo Calafange, jornalista, médico, político e que foi deputado estadual por vários mandatos. Era a primeira vez que eu entrava numa redação de jornal. Imaginaria nunca que nove anos depois seria o meu destino. Lá se vão 64 anos. 

 Nas redações dos jornais me reencontraria por muitos anos com Sandoval, incluindo esta Tribuna do Norte, onde ele escrevia sobre teatro. O teatro que seria a segunda-vereda por onde se consolidou a minha amizade (e admiração) por ele. Também pisei no palco do Alberto Maranhão, levado por Meira Pires no final dos anos 50. O teatro passou a ser um ponto de nossos encontros, de nossas conversas que saiam dos jardins (naquele tempo o teatro – que hoje está fechado – tinha jardins) para a Praça Augusto Severo, passando pelo Tabuleiro da Baiana (podia ser uma cerveja ou uma cartola) e esquinas da velha Ribeira. Conversas que subiam no rumo da Cidade Alta para terminar no santuário do Grande Ponto. Outros companheiros se juntavam a essa peregrinação.

Quase sempre essas subidas para a Cidade Alta se fazia a pé, noite alta.  Sandoval sempre vestido de paletó e gravata, chapéu de feltro (na mocidade, chapéu panamá), elegante, sóbrio. A subida era pela avenida Junqueira Aires (hoje Câmara Cascudo). Passávamos defronte “A República”, jornal que ele dirigiu durante o governo Jose Varela. Logo em seguida, a casa do Mestre Cascudo que às vezes aparecia na janela da sala iluminada, onde escrevia suas obras noite a dentro.

Sandoval fundou o Conjunto Teatral Potiguar em 1941 e dez anos depois o Teatro de Amadores de Natal (TAN). Nos anos 60 fundaria no Alecrim, se abrigando numa dependência do Grupo Escolar João Tibúrcio, o Teatrinho do Povo que, após a sua morte, passou a ser chamado “Teatro Sandoval Wanderley”, que hoje pertence à Prefeitura de Natal e está fechado.

Como diria o também saudoso Ticiano Duarte, outro companheiro seu por essas jornadas natalenses, Sandoval Wanderley foi uma grande figura.

Os peixes de Everaldo
Caiu no meu aquário um bilhete de Mariana Rodrigues, Mariana de Alex, que vai contando assim:

“Woden,

Há quem goste de receber flores, anéis de brilhante ou cortes de cetim. Eu adoro receber carinhos; e um dos mais bonitos foi em forma de quadro. Um dia caiu um peixe muito especial na rede de Alex, e quem ganhou por isso, fui eu. Pelas ruas de Petrópolis, conheci o filho de Everaldo Gomes Porciúncula, dito O Bárbaro. Publicitário e amante do cinema pernambucano, Everaldo Porciúncula Júnior fez um conceito físico virar arte: se uma reta é a união de dois pontos, pontilhado ele definiu o seu traço. São peixes que deixam qualquer ser com inveja. Quando Alex me deu um, disse: “Esse peixe nem tudo nem nada”, e eu completo, mas encanta.

Os quadros do artista estão no espaço Sebrae da Casa Cor que este ano está montada no Aeroclube, na Av. Hermes da Fonseca, em frente ao 16 RI. A exposição vai até 1º de outubro. Vou correndo, aliás, nadando. (Alex mandou levar a isca, o anzol e a vara). Encontramos você lá e um beijo, Mariana”

Boa música

Deu na coluna de Ancelmo Gois, de O Globo:

– Sabe quem se apresentou, ontem 9 (foi sábado, 23), no Carnegie Hall, a famosa casa de shows em Nova York, no EUA, e foi aplaudido de pé? O brasileiro Quarteto Radamés Gnatalli, que tocou a obra de Villa-Lobos. O concerto foi em homenagem pelos 130 anos de nascimento do mestre da nossa música clássica.

Sinfônica  Do lado de cá, no Teatro Riachuelo, tem hoje à noite, concerto da Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte. Começa às 20 horas.

Livro 
A Edifurn está lançando, em edição digitalizada, o livro Cinco Cronistas da Cidade, reunindo crônicas de Augusto Severo Neto, Newton Navarro, Berilo Wanderley, Sanderson Negreiros e Vicente Serejo. Para cada um, 12 crônicas. Organização de Gustavo Sobral e de Helton Rubiano de Macedo.

Gustavo acrescentou um posfácio com o perfil três por quatro de cada um dos cronistas.

Exposição 
Dois últimos dias, hoje e amanhã, para ver a exposição “Quando a pele incendeia a memória – Nasce um fotógrafo do sertão do século XIX, que reúne parte da obra do fotógrafo José Ezelino da Costa (1889-1952). Está montada no Natal Shopping.  Curadoria de Ângela Almeida, artista plástica.

Escola 
Começa sexta-feira, 29, na cidade de São Paulo do Potengi, a programação comemorativa dos 50 anos da Sociedade Educadora São Francisco que mantém um dos colégios mais tradicionais de toda a região do Potengi, obra do educador José Miguel do Nascimento.

A primeira festa será a inauguração do ginásio de esportes, marcada para ás 8 horas da sexta.

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