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Literatura underground, ficção e experimentos dominaram o segundo dia do Flipipa

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Por Cinthia Lopes
e Yuno Silva
O Flipipa de sexta-feira começou e terminou bem, com debates bem diferentes mas que se completaram como uma refeição suculenta para o público ávido por histórias e conteúdos literários. Foi um bom começo as falas de Mayara Costa e Lívio Oliveira sobre a vida e a obra do poeta Ferreira Itajubá, suas particularidades e contextualizações. Pesquisadora da obra de Itajubá há alguns anos, o que lhe fez ganhar algumas alergias e uma dissertação de mestrado, Mayara discorreu sobre a figura singular de Itajubá, sua vida na província, o eu lírico, pseudônimos e fortuna crítica. Foi uma fala interessante que segurou a plateia , com Lívio Oliveira costurando as falas com perguntas sobre o poeta relacionando-o com Cascudo e poetas românticos. A plateia era ainda formada na maioria por professores e alguns estudantes de Letras. 
#ALBUM-3968#
#SAIBAMAIS#’Depois veio o trio de autores para falar sobre a viagem literária que é fazer ficção.  João Paulo Cuenca e Tatiana Salem Levy, dois escritores que hoje estão na ponta de lança da nova geração da literatura brasileira, mediados pela poetisa Carmen Vasconcelos, falaram sobre a paixão de leitor quando crianças e a inevitável  incursão pela escrita na fase adulta. Também debateram a literatura globalizada a aventura literária que foi o projeto “cadernos de viagem”. Falaram de suas influências literárias que surgem não só de outras leituras, mas da música, cinema e artes plásticas. Nessa hora a tenda  já estava com os 300 lugares quase todos ocupados.
Ao revelar a trejetória de suas carreiras, responderam a inevitável pergunta: Como nasce o escritor? Para Tatiana Salem,  esse despertar começou na biblioteca de casa. “Cresci numa casa cheia de livros com estantes até o alto”. Os livros foram também refúgio para a timidez de menina. Ela diz que com eles podia “ouvir histórias mesmo estando sozinha, conversar com as pessoas sem precisar falar”. A escolha da faculdade ficou entre a Física e as Letras. Optou pela segunda profissão e seguiu carreira acadêmica até se sentir “pronta para escrever”.  Para João Paulo Cuenca, a biblioteca da sua cidade e de sua escola tiveram um papel transformador e libertador. A leitura compulsiva de menino, entre aventuras de Julio Verne e mistérios de Agatha Christie – incluindo uma subversão escolar ao conseguir o ‘proibido’ Ruben Fonseca na biblioteca da escola – evoluíram naturalmente em suas experiências de leitor. Hoje, Cuenca só lamenta que as bibliotecas não sejam como as de antigamente, quando se podia ir nas estantes escolher livros de forma aleatória, sendo capturado por um título, uma capa bonita e uma orelha instigante. “Não gosto mais das bibliotecas de hoje em dia, que você não tem acesso aos livros”, disse. 
As viagens, elemento de construção literária de ambos, foi tema provocado pela mediadora Carmen Vasconcelos, que lembrou o projeto cadernos de viagem. Cuenca e Tatiana detalharam a aventura realizada  pelo português  Miguel Gonçalves Mendes em parceria com  os dois autores, numa viagem  até o Extremo Oriente para uma troca de experiências com artistas e pensadores de Macau, Hong Kong, Vietnã, Camboja e Tailândia. Desta viagem nasceu a série Nada Tenho de Meu. Cuenca descreveu o encontro com autores em Macau, onde participou de um festival literário, e lembrou que quem quiser acompanhar o programa ele está em exibição no Canal Brasil. Nos bastidores, Tatiana Salém e Cuenca comentaram a possiblidade de fazer algo semelhante na Pipa, de “literatura residência”, algo que vem sendo bastante trabalhado entre os jovens autores. “Eles ficaram empolgados com o festival e pensam em fazer algo assim, passar 20 dias aqui, trabalhar em grupo com outros autores, com oficinas e depois transformar em texto de ficção essas vivências”, disse Dácio Galvão.
LIVRO PORNOPOPEIA VAI VIRAR FILME
A noite esquentou e o público se divertiu com o bate-papo de Reinaldo Moraes e Mario Ivo Cavalcanti, pelos caminhos da escrita underground, beatniks, histórias do submundo, sexo, drogas e boa literatura. Reinaldo falou sobre seu processo de escrita e como as experiências de vida foram usadas a favor de sua literatura. “Vivi boa parte daquelas histórias (vistas no livro ‘Pornopopeia’), até por mais tempo que o recomendado, e claro que dei uma potencializada na porralouquice do personagem. Quis criar um personagem como o super-homem da putaria”, disse Reinaldo, avisando: “Gastei dinheiro, perdi saúde, acabei com um casamento, e falo sobre isso sem nenhum orgulho junkie”. 
O escritor adiantou que os direitos de “Pornopopeia” foram negociados para o cinema, e que o filme deverá estrear em “dois anos, pelo menos”. “Pornopopeia” surgiu na forma de um conto “sem começo nem fim”, que relata a cena da suruba brâmane. O autor tentou encaixar em um livro de contos, mas percebeu – “quando o editor justificou os motivos para limar o texto” – que teria que escrever o antes e o depois da tal suruba. A noite terminou com a conversa de alto nível entre o experiente Sérgio Sant’Anna e o jovem Rafael Gallo.
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