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Livro explora caminhos da industrialização no RN

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Cana-de-açúcar, pecuária e algodão formaram o tripé que sustentou os primórdios da atividade industrial no Rio Grande do Norte, uma trajetória que ganha contornos históricos com a publicação de uma pesquisa realizada nos últimos dois anos pelos geógrafos José Lacerda Alves e Aristotelina Pereira Barreto Rocha. Ilustrado com imagens de Giovanni Sérgio, o livro “História da Industrialização do RN – Uma indústria de resistência” será lançado nesta sexta-feira, às 18h, no Solar Bela Vista.
Aristotelina Pereira e José Lacerda trazem a história e um panorama atualizado do desenvolvimento
O projeto tem patrocínio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do RN (Fiern) — que está completano 58 anos em 2012 — e como intuito é transformar a obra em fonte de pesquisa, a tiragem de mil exemplares será toda distribuída entre empresários, bibliotecas, instituições comerciais, industriais e imprensa.

A publicação faz parte de um movimento nacional, promovido pelas federações de cada estado, cujo foco é o registro definitivo sobre o desenvolvimento da industrialização no Brasil. O trabalho dos professores Lacerda e Aristotelina, ambos da UFRN, também traça um panorama atualizado: “Temos desde registros do Engenho Cunhaú, considerada a primeira indústria em atividade aqui no RN, até as atuais montadores de computadores”, disse Lacerda, ressaltando que o título abrange todos os segmentos como a produção de café, têxtil, laticínios, boné, doces, frutas, castanha de caju, farinha, sal, construção civil, entre outros. “Nossa preocupação não foi a cronologia e sim a temática”, adiantou o pesquisador.

Além de informações interessantes sobre o segmento, um dos pontos altos do livro é a contextualização histórica sobre a formação das cidades atrelada ao início das atividades da indústria têxtil. “Diferente da pecuária e da cana-de-açúcar, atividades essencialmente rurais, a indústria do algodão se concentra próxima aos centros urbanos, e com o surgimento de uma nova classe de consumidores surgem novas indústrias para atender as necessidades dessas pessoas”, verifica Lacerda. Nessa período se dá, por exemplo, a expansão da indústria tabagista no RN – para quem não sabe, antes do domínio das grandes multinacionais, várias fábricas de cigarros de pequeno porte atuavam em Natal e Mossoró.

Entre as curiosidades do livro, destaque para a fotografia do poeta Jorge Fernandes, representante dos Cigarros Vigilante, em frente à sede da empresa no número 85 da Tavares de Lyra, na Ribeira.

O trabalho de pesquisa levou cerca de dois para ser concluído, e o material organizado no livro foi garimpado em arquivos públicos, de jornais e no Instituto Histórico e Geográfico, entre outras fontes como os livros da coleção Mossoroense e acervo pessoal das famílias de empresários retratados. “É interessante reparar que tivemos o cuidado de incluir fotografias da época e as antigas logomarcas utilizadas pelas empresas”, informa Aristotelina Pereira.

A geógrafa e pesquisadora ainda chama atenção para a mudança urbana vista no livro. Três exemplos dessas alterações na paisagem da cidade são: a indústria têxtil T. Barreto funcionou onde hoje está o Carrefour; a Fábrica de Fiação e Tecidos de Natal, primeira do ramo têxtil no RN de propriedade de Juvino Barreto, funcionava no local onde hoje é a agência Ribeira da Caixa Econômica Federal; e a Cotonifício Norte-riograndense S.A. A empresa exportadora de algodão cedeu lugar ao Portugal Center mas a capela de Santo Antônio que existe até hoje foi doação do antigo proprietário.

Serviço: Lançamento do livro “História da Industrialização do RN – Uma indústria de resistência”, de José Lacerda Alves e Aristotelina Pereira Barreto Rocha com imagens de Giovanni Sérgio. Hoje, às 18h, no Solar Bela Vista

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