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Lysia Condé em CD primoroso de estreia

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Lívio Oliveira
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Nas últimas semanas tenho me deleitado com a audição contínua de uma obra musical de sabor e qualidades inegáveis e que de alguma forma tem algo de raro e que resgata em meio à história do cancioneiro nacional e mesmo internacional – no caso de “Duerme Negrito”, canção tradicional da América hispânica, eternizada por Atahualpa Yupanqui e Mercedes Sosa – peças musicais que já não se ouve com facilidade em época de axés e funks e coisa-e-tal; ao tempo em que nos traz outras mais contemporâneas que contêm brilho peculiar e que somam belos contornos na voz de sua intérprete. Falo do CD de estreia da cantora Lysia Condé, mineira de nascimento (Rio Pomba, 1973), que vive em Natal há uns bons sete anos. Bons para ela, ótimos para nós, potiguares da gema, que podemos vê-la e ouvi-la com regular frequência. Sua inserção em nosso meio musical só tem enriquecido a cena, inclusive com a sua ótima participação no espetáculo lançado no ano passado em homenagem aos cem anos do poeta Vinícius de Moraes.

Quanto ao CD, tudo nele se revela como algo meticulosamente cuidado, a partir da bela embalagem em digipack, capa e encarte que estampam imagens da graciosa cantora em ambientações meio românticas e vintage. A produção é integralmente vitoriosa e se constitui num agradável presente ao mundo dos apreciadores da boa música. A participação de músicos do quilate de Sérgio Farias (violão e bandolim – também produtor e diretor musical e arranjador das onze faixas), Antônio de Pádua (congas, na primeira faixa), Sami Tarik (percussão), Zé Hilton (acordeon), Di Steffano (bateria), Jow Ferreira (violão), Airton Guimarães (contrabaixo) e Carlos Zens (flauta) somente dignifica e evidencia o desenho acústico primoroso do CD. E há ainda a voz do cantor Miltinho (MPB4) na faixa “Enigma”, de sua autoria com o saudoso Magro.

Há um sutil fio condutor que permeia toda essa obra ora apresentada ao público. Na verdade, são os fios delicados da meiguice comportada, suavidade discreta, voz maternal e doce, sonoridade em brisa, leveza e afinação, timbre, textura e poética em fina seda e boas escolhas de repertório com acompanhamento de luxo. Eis a equilibrada lista de faixas, norteadas pelas qualidades todas do conjunto: “A Lua Girou”, “A Vida do Rio”, “Corta-Jaca”, “Enigma”, “Ana Bandolim”, “Flor Amorosa”, “Contrato de Separação” (compreendo como o ponto alto e melhor interpretação de Lysia no CD), “Primeiro Olhar”, “Duerme Negrito”, “Brincadeira”, “Mais de Um”. Essas canções terão execução certa no show de estreia do CD no próximo dia 15 de fevereiro, na Casa da Ribeira. No site da cantora (www.lysiaconde.com.br) há informações de como conseguir o ingresso. Bom correr para não se deparar com o esgotamento da lotação.

Um trecho da letra deliciosa e divertida da faixa maxixe “Corta-Jaca”, da pioneira e revolucionária compositora Chiquinha Gonzaga com Machado Careca diz tudo sobre o CD de Lysia: “Ai, ai, tem feitiço, tem…”. Tem sim. E é bom saber que o Rio Grande do Norte tem hoje Lysia Condé. Até quando? Somente o tempo e as descobertas que sua música provocará poderão nos apontar onde essas veredas musicais se integrarão e a estrada terá (certamente) continuidade.

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