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Medicamentos descartados em BR

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Marco Carvalho – repórter

Comprimidos antidepressivos, analgésicos destinados a distúrbios de equilíbrio e géis ginecológicos. Anticoncepcionais, laxantes e remédios para tratamento de hipertensão. Foi isso que a reportagem da TRIBUNA DO NORTE flagrou na manhã de ontem ao receber denúncia de que medicamentos haviam sido descartados às margens da rodovia BR-101. No total, mais de 150 caixas foram descartadas no local já próximo à cidade de Arês – a 60 quilômetros da capital do Estado.
Parte de medicamentos descartados às margens da BR 101 foi entregue por taxista à TRIBUNA DO NORTE
Os remédios foram encontrados às margens da rodovia BR-101, entre os quilômetros 137 e 138 – no município de Arês. Ontem, lá estavam mais de 40 caixas de medicamentos, de 15 tipos diferentes. Dias antes, um taxista que terá a identidade preservada pela reportagem diz ter recolhido outras 100 após ver uma mulher jogar as caixas próximo ao acostamento da pista.

A denúncia partiu justamente deste homem, que deixou os medicamentos na sede da TRIBUNA, no bairro da Ribeira. No sábado passado, 19, ele conta que viu uma mulher despejando os medicamentos próximo à rodovia por volta das 15h.

Ontem, a reportagem conferiu in loco que ainda há caixas espalhadas próximo ao acostamento da pista. 

Bup, Vermectil, Adoless, Cordarex, Cittá, Forfig, Mitrax, Vagivit, Expressin, Percof e Diurisa são alguns dos remédios encontrados. Todos classificados com o selo de amostra grátis. A caixa indicava que é indispensável prescrição médica para aquisição dos medicamentos. Na minoria das caixas, cerca de 10, não havia o sinal da necessidade receita médica.

Também é a minoria que está dentro da validade, não chegando a 10 caixas. O vencimento da quantidade restante varia entre março e novembro deste ano.

De acordo com informações constantes na bula dos medicamentos, alguns dele representam alto riscos caso ocorra uso indevido, como em crianças por exemplo.

É exatamente neste ponto que a subcoordenadora da Vigilância Sanitária Estadual tocou em entrevista à reportagem no final da tarde de ontem. Maria Helena da Motta Urbano, que está de  férias no interior de São Paulo,  classificou como “extremamente preocupante” o fato em Arês e conta que o descarte inadequado traz sérios riscos à população. “O uso indevido desses medicamentos podem trazer sérios danos à saúde. Assim como para o meio ambiente que não absorve esses elementos”, afirmou.

Rastreamento

A Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat), em conjunto com a Vigilância Sanitária, irá rastrear a origem dos medicamentos descartados. Hoje, a TRIBUNA devolverá os remédios deixados em sua sede para os agentes de saúde pública. “É nosso papel verificar como os medicamentos foram parar na rodovia. Vamos apurar o motivo disso”, declarou a subcoordenadora Maria Helena Motta.

A diretora geral da Unicat, Telma Praxedes, confirmou a visão da Vigilância Sanitária. A partir da data de validade e do número dos lotes irá chegar à indústria, à distribuidora e a quem recebeu os remédios. “Vamos investigar se saiu do nosso almoxarifado. Os municípios também possuem almoxarifados e podem ter liberado esses medicamentos”.

A investigação terá início hoje com a entrega por parte da equipe de reportagem. Inicialmente, tanto Praxedes quanto Motta não quiseram antecipar responsabilizações e disseram que apenas após a investigação poderão saber a procedência do material.

Casos similares ocorreram este ano

Não é a primeira vez que o descarte inadequado de medicamentos ocupa o noticiário na Grande Natal. Em pelo menos outras três vezes em 2011, a população viu isso ocorrer.

Os casos ocorreram nas dunas de Jenipabu, no bairro da Cidade da Esperança e no conjunto Cidade Satélite. Este foi o mais recente, tendo ocorrido no dia 13 de agosto desse ano. No dia 12 e no dia 6 do mesmo mês, outros remédios haviam sido encontrados em localizações distintas.

Os casos contaram com o apoio da investigação do Ministério Público Estadual e em um deles houve responsabilização criminal de servidores por omissão e negligência.

Na Cidade da Esperança – zona Oeste de Natal foram encontrados ampolas de insulina e propofol. Nas dunas de Jenipabu, até mesmo medicamentos tarja preta foram descartados de forma inadequada.

CAMPANHA

Durante este mês, o Sindicato dos Farmacêuticos do Rio Grande do Norte (Sinfarn) já realizou uma campanha para o descarte adequado de medicamentos. A iniciativa, que contou com o apoio do Conselho Regional de Farmácia, chamava atenção da população para os riscos casos remédios fossem jogados em lixo comum ou no meio ambiente.

De acordo com o Sinfarn, “o descarte irregular de medicamentos contribui para a poluição do meio ambiente. Eles são formados por substâncias químicas que podem contaminar o solo e a água e afetar a saúde humana e de animais”.

Durante aquele final de semana, locais adequados foram espalhados para a cidade para recolhimento e posterior incineração.

“Essa mesma campanha foi realizada em cidades como Petrópolis e Rio de Janeiro. A meta do Sinfarn é ir além desse dia ‘D’ e ajudar a transformar o descarte seguro de medicamentos em um projeto de lei permanente para a cidade de Natal”, afirmou a presidente do Sinfarn, Jacira Prestes em nota publicada no blog do sindicato.

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