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Mil quilômetros de brisa

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Yuno Silva
repórter

O diálogo visual entre as paisagens natural e humana vistas no litoral do Rio Grande do Norte e do Rio Grande do Sul, trechos da costa brasileira testemunhados palmo a palmo pelos fotógrafos gaúchos Anderson Astor e Marcelo Curia, ganha forma com a exposição “O Caminho da Praia”. Em cartaz a partir desta quarta-feira (4) na galeria do IFRN-Cidade Alta, a mostra reúne seleção de imagens captadas nos mais de 1 mil km de litoral percorridos à pé pela dupla. Hoje, durante a abertura, logo mais às 18h, Anderson e Marcelo conversam com o público sobre a experiência e o processo criativo do projeto – cuja segunda etapa, concluída dia 31 de maio por essas bandas, contou com recursos do 13º Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia.
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As imagens compiladas pelo curador Fernando Schmitt, que selecionou 150 fotos a partir de um universo de 13 mil cliques, pretende revelar contrastes, semelhanças e diferenças entre os dois Rios Grandes – detalhes percebidos ao longo do percurso apesar das disparidades entre as duas paisagens: “Muitas vezes, olhando as imagens, não dá para diferenciar. É interessante perceber, inclusive, semelhanças entre entre as pessoas que moram à beira mar. Essa dialética é um dos focos da exposição”, adiantou Anderson Astor. A mostra permanece aberta para visitação pública até o próximo dia 27 de junho, quando então segue para Porto Alegre.

“Como tudo é meio corrido nessa fase final, o catálogo do projeto só vai sair mais para o final deste mês”, disse o fotógrafo de 38 anos que em maio do ano passado acompanhou o artista-atleta gaúcho Túlio Pinto durante passagem pelo RN do projeto CEP Corpo, Espaço e Percurso (Túlio correu 487 km em 19 dias pelo sertão e agreste potiguar).

“Com esse registro do CEP configurei a segunda metade de ‘O Caminho da Praia’”, lembra o fotógrafo, que já havia feito os mais de 600 km do litoral gaúcho ao lado do parceiro de caminhada em 2011. Na ocasião, 70% do ‘rolé’ foi viabilizado com recursos angariados pela internet via financiamento coletivo (crowdfunding).

A dupla, que viaja sem equipe de apoio, cumpriu os 410 km do litoral potiguar, entre Tibau (divisa com o Ceará) e a barra do rio Graju (fronteira com a Paraíba), em 20 dias, concluídos no último sábado (31). “Só agora no final que o (curador) Fernando fez dois dias de caminhada conosco”. No RS eles fizeram cerca de 8 mil fotos, aqui fecharam em 5 mil imagens.

Na página eletrônica ocaminhodapraia.com.br, criada para ser o diário de bordo da aventura, Astor e Curia assinalam os três pilares que sustentam o projeto: em primeiro lugar, desafiar os fotógrafos com o exercício do olhar estrangeiro proporcionado pelo deslocamento a extremos distintos do país; o segundo ponto elenca a criação de um acervo imagético abrangente; e em terceiro entra o processo de construção coletiva, que gera diálogo entre as imagens.

Obstáculos naturais
Astor garante que não houve uma preparação especial para cumprir os cerca de 25 km diários. “Normalmente andamos bastante à pé e de bicicleta em Porto Alegre, e vimos que não seria grande dificuldade mantermos esse ritmo”. Como o litoral do RS é bem menos povoado, mais plano e sem grandes obstáculos naturais comparado ao do RN, Anderson e Marcelo Curia, 37, fizeram a caminhada empurrando um carrinho com água, mantimentos e equipamento de camping. “Na época não contávamos com o prêmio da Funarte (R$ 53 mil), situação bem diferente da vivida aqui no RN: como tínhamos verba para hospedagem e alimentação, andamos basicamente só com mochila”.

Serviço
Exposição fotográfica “O Caminho da Praia”, de Anderson Astor e Marcelo Curia, com imagens do Projeto RS-RN.
Abertura e bate-papo nesta quarta-feira (4), às 18h – em cartaz na galeria do IFRN-Cidade Alta até dia 27 de junho.
Acesso gratuito.

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