segunda-feira, 13 de maio, 2024
24.1 C
Natal
segunda-feira, 13 de maio, 2024

Minhas livrarias em Londres II

- Publicidade -

Marcelo Alves Dias de Souza – Procurador Regional da República

Dando sequência à crônica da semana passada, na toada do “turismo literário”, vou continuar falando do bairro de Bloomsbury e de suas livrarias. Como já disse aqui, Bloomsbury é um bairro tradicionalmente ligado à intelectualidade. Basta lembrar que ali estão os prédios principais da Universidade de Londres. E quem conhece bem a capital do Reino Unido sabe que essa região concentra um bom número de livrarias/sebos, sendo um dos polos a serem visitados por aqueles interessados nesse, até certo ponto bizarro (reconheço), “turismo de livrarias”.

Por falar na Universidade de Londres, é bem pertinho da “Senate House”, sede da administração central da Universidade, prédio de gosto duvidoso mas que merece uma passada, que fica a gigantesca livraria Waterstones (na verdade, uma das lojas dessa rede de livrarias). Fica no número 82 da Gower Street (de metrô, sugiro descer exatamente na estação Gower Street), também muito pertinho da sede principal do University College London – UCL (uma das universidades da Universidade de Londres), prédio belíssimo que merece ser visitado tanto pela sua arquitetura como para prestar homenagem ao grande filósofo e jurista Jeremy Bentham (1748-1832) que, embalsamado e modelado em cera, ali dá as boas-vindas aos curiosos. Servindo a professores e estudantes da Universidade de Londres, a Waterstones de Bloomsbury vende de quase tudo: livros novos e de segunda mão (bastante em conta), revistas, periódicos, DVDs e por aí vai. Provavelmente a maior livraria de Londres, ali você gastará, com certeza satisfeito, algumas ou muitas libras.

Já mais a leste em Bloomsbury (metrô Russell Square), na vizinhança do “Brunswick Shopping Centre”, um misto de prédio de apartamentos e shopping center simpaticíssimo (com lojas, pequenos restaurantes, cinema de arte e um excelente supermercado, embora haja uma opinião em contrário), há um famoso polo de sebos da cidade. São muitos, grandes e pequenos, para todos os gostos. Há, por exemplo, o Judd Books (número 82 da Marchmont Street), que, além do grande acervo voltado às artes e às ciências sociais, comercializa livros acadêmicos novos ou de segunda mão a preços muito convidativos. Mas, nessa região, destaco, em primeiríssimo lugar, o Scoob Books. Gigantesco, talvez o maior sebo que já frequentei. Fica no subsolo do “Brunswick Shopping Centre” (loja 66), fazendo ainda uso, para fins de estoque e para atender clientes mais exigentes, de armazéns da região. Por sinal, lá levei o nosso conterrâneo Alex Medeiros, em passagem por Londres, para garimpar algo sobre futebol e os beatles; e ele, embora amigo meu, sobre a qualidade de um sebo, não me deixaria mentir.

Já mais ao sul de Bloomsbury (já em direção à “City of London”), fica o que muitos chamam de “Legal London” (ou “Londres jurídica”, em razoável português), onde, além do majestoso prédio das “Royal Courts of Justice” (sede tanto da “High Court of Justice” como da “Court of Appeal”), se acham as quatro “Inns of Courts” de Londres: “Lincoln’s Inn”, “Inner Temple”, “Middle Temple” e “Gray’s Inn”. É exatamente entre o “Lincoln’s Inn” e o “Inner Temple” que ficam, pelo que eu conheço, as duas melhores livrarias jurídicas de Londres. A primeira delas é a Hammicks Legal Bookshop, que, muito fácil de achar, fica nos números 191-192 da famosíssima Fleet Street. A outra, a meu ver com acervo ainda maior, é a Wildy & Sons, que, pitorescamente escondida, tem sua entrada através da bela arcada do “Lincoln’s Inn” (Lincoln’s Inn Archway, Carey Street).

Por fim, caro leitor, despedindo-me do bairro de Bloomsbury, vai uma recomendação e uma promessa: mesmo se você já estiver enfadado dessa coisa de livrarias, sobretudo de livrarias jurídicas, não deixe de visitar a “Legal London”. Não deixe, sobretudo, de conhecer as “Inns of Courts”. Enormes, belíssimas, construídas no decorrer de séculos, as “Inns of Courts”, fisicamente, são conjuntos de prédios, com jardins, igrejas, bibliotecas e escritórios, administrados em forma de sociedade/condomínio, para fins de abrigar e congregar as atividades de várias centenas de profissionais do direito (basicamente, de “barristers”, que, ao lado dos “solicitors”, formam um dos dois grupos de advogados no Reino Unido). Vale mais que a pena, por exemplo, dar um pulo no “Inner Temple” para curtir a interessante arquitetura e visitar a badalada Igreja dos Templários, retratada, romanceadamente, no “Código Da Vinci”, de Dan Brown (1964-). Assim como vale a pena, como fizemos dia desses, aproveitando o pouquinho de sol da manhã, passear pelos jardins e praças do “Lincoln’s Inn”, que, para mim, é um dos mais belos sítios de Londres.

Aliás, sobre as “Inns of Courts” e a “Legal London” como um todo, um dia, escreverei aqui. Contando com a benção do Criador, isso eu legalmente prometo.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas