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Modernismo do sertão ao asfalto

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A poesia visual de Arnaldo Antunes, o romance histórico do escritor português Miguel Sousa Tavares e o encontro do caiçara com o sertão exaltado pela obra de Oswaldo Lamartine formam o tripé principal da programação que abre oficialmente a terceira edição do Festival Literário da Pipa, em Tibau do Sul. Até o próximo sábado (19), a mais famosa das praias do litoral Sul potiguar irradiará ideias, debates e troca de experiências em torno das mais variadas nuances literárias. Um cronograma extenso e intenso de atividades estão na agenda, e a intenção é contemplar todas as faixas etárias com oficinas, debates, exibição de vídeos, exposições e leituras dramáticas. Toda a programação é gratuita.

Woden Madruga conversa com Sousa Tavares: Será um bate-papo informal.Este ano a Tenda dos Autores, epicentro do Flipipa, está em novo endereço: foi transferida da praça principal de Pipa para um terreno amplo às margens de uma falésia, local que amplia as possibilidades e cria espaços de convivência como a Casa das Palavras, a Tenda de Autógrafos, a instalação Árvore do Livro, estandes de livrarias e o Varal das Narrativas, espaço para onde irá convergir toda a produção literária e poética desenvolvida nas oficinas.

As atividades começam cedo, a partir das 9h desta quinta-feira, mas a abertura oficial acontece às 18h, com debate sobre “A Literatura em Oswaldo Lamartine”. O tema será esmiuçado pelo médico e escritor Paulo Bezerra Balá, o professor Humberto Hermenegildo e o poeta Paulo de Tarso Correia de Melo.

#saibamais#Amigo próximo de Lamartine (1919-2007), Paulo Bezerra garante que “para entender o sertão hoje em dia tem que se conhecer a obra de Oswaldo Lamartine”, disse ao VIVER, adiantando que o foco de sua participação está focada na herança deixada pelo sertanista. “Vou falar sobre Acari, Serra Negra e Acauã”, enumera. Vale ressaltar que a veia escritora de Balá foi desencadeada por incentivo do próprio Oswaldo no início deste século: de 2000 para cá lançou cinco livros sempre apontando suas palavras para o sertão e seus habitantes.

Em seguida Woden Madruga e Miguel Sousa Tavares traçam um perfil do romance histórico “Equador”, obra lançada pelo português em 2003. “Será um bate-papo bem informal, como se estivéssemos num botequim. Inclusive, gostaria que a participação do público fosse intensa durante o debate”, provoca o jornalista que estará conduzindo a segunda mesa da noite.

Para fechar a quinta-feira, o músico e poeta paulistano Arnaldo Antunes exercita toda sua versatilidade literária ao lado do poeta potiguar Jarbas Martins. Vários são os assuntos que permeiam o trabalho linguístico-visual de Antunes, entre eles a influência da poesia dos anos cinquenta, o concretismo e experimentos visuais: “Vou me fixar no poeta Arnaldo Antunes, que usa vários suportes para dar vazão a sua arte, desde infografias ao vídeo-poema”, disse Martins, também um adepto da poesia visual. “Dentro dessa multiplicidade, a poesia dele é leve, genial, e abraça temáticas infantis. As crianças deveriam ser mais incentivadas para ler Arnaldo Antunes”, acredita.

A TRIBUNA DO NORTE fará cobertura especial durante o III Festival Literário da Pipa. Exemplares do jornal circularão todos os dias na Tenda dos Autores com reportagens sobre o evento, disponibilizados gratuitamente para o público que estiver acompanhando os debates. O leitor também poderá acompanhar o Flipipa através da TN Online (www.tribunadonorte.com.br).

Bate-papo

Dácio Galvão, curador

Dácio, como foi formatada a programação do Flipipa 2011?

Em primeiro lugar nós não partimos necessariamente dos nomes e sim da abordagem teórica que significasse uma leitura da escritura moderna no Brasil e no Rio Grande do Norte. A primeira mesa por exemplo, diz respeito a Oswaldo Lamartine de Faria, que é exatamente o que há de literatura na obra e o que há na literatura oswaldiana que dialoga com características do modernismo brasileiro, calcado basicamente na oralidade com projeção no eruditismo. Na narrativa poética, temos Carlito Azevedo, Arnaldo Antunes e Eucanaã Ferraz, três representantes do período pós-anos oitenta que também estão ligados ao segundo momento do modernismo. São tributários desse legado modernista.

O ponto de partida deste ano foi o modernismo?

Isso, foi pensando nessa carga, nessa voltagem tributária do modernismo para as produções de poetas e romances atuais. Pensando nisso, nos preocupamos em ter um dos pilares do pensamento teórico brasileiro fazendo uma conferência amanhã (sexta, 18) para dar um suporte de amarração mais consistente que é o Davi Arrigucci Jr. Teremos também na sexta um debate sobre a troca de cartas entre Cascudo e o modernista Mário de Andrade.

Há uma preocupação em contextualizar com o que acontece localmente?

As presenças de Jarbas Martins contextualizando a poesia concreta e neo-concreta com Arnaldo Antunes; João Batista de Morais Neto, que tem uma formação acadêmia, uma militância e uma produção literária ligada a questões como o tropicalismo e pós-anos oitenta. Na verdade essa relação com o local é implícita, mas estreita, pois os debates serão conduzidos pelos potiguares, num fluxo de diálogo de mão dupla. Hoje temos que pensar na imersão do autor dentro de um contexto globalizado, onde todos são potencialmente intercionalizados. 

Jarbas Martins: A poesia de Arnaldo é leve e genial e utiliza vários suportes.PROGRAMAÇÃO

TENDA DOS AUTORES

18h – Mesa 1: A Literatura em Oswaldo Lamartine, com Paulo Bezerra Balá, Humberto Hermenegildo e Paulo de Tarso Correia de Melo;

19h – Mesa 2: Romance e Historicismo em Equador, com Miguel Sousa Tavares e Woden Madruga;

20h30 – Mesa 3: Poesia Linguística-Visual em Arnaldo Antunes, com Arnaldo Antunes e Jarbas Martins.

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