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Monti recebe sinal verde na Itália

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Roma (AE) – O novo governo do primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, ganhou ontem por ampla maioria – 556 votos contra 61 – um voto de confiança na Câmara dos Deputados, pavimentando o caminho para seu “governo de compromisso nacional” aprovar medidas econômicas urgentes com o objetivo de reiniciar os esforços econômicos do país e evitar um colapso da zona do euro. Monti alertou os deputados que pretende governar até 2013, não importa o quanto forem duras as medidas de austeridade que seu governo adotará. A ministra do Trabalho, Elsa Fornero, disse que a primeira reunião de gabinete ocorrerá na segunda-feira, quando Monti e os 16 ministros discutirão as primeiras medidas que serão tomadas.
Mário Monti reconhece dificuldades, mas está confiante no sucesso da política econômica que será implantada pelo novo governo.
Em discurso à Câmara dos Deputados mais cedo, Monti disse que espera que seu novo governo seja um sucesso, apesar dos desafios extremamente difíceis que enfrenta, com investidores seguindo preocupados sobre o contágio da crise da dívida soberana na zona do euro. “O trabalho que eu recebi é quase impossível, mas nós teremos sucesso”, afirmou o premiê. Monti está sob enormes pressões para tomar medidas que recuperem a economia italiana e ao mesmo tempo reduzam a enorme dívida do Estado, de 1,9 trilhão de euro, ou 120% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Monti afirmou que reintroduzirá uma taxa imobiliária sobre proprietários de imóveis, abolida por Berlusconi, reformará o sistema previdenciário e lutará contra a evasão fiscal. Ele disse que em breve essas medidas serão apresentadas em um pacote, mas não entrou em muitos detalhes.

O primeiro-ministro também afirmou que vai se encontrar na próxima semana com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, assim como vai a Bruxelas para se reunir com chefes das instituições da União Europeia.

O ex-premiê Silvio Berlusconi, cujos votos do Partido Povo da Liberdade (PDL), ajudaram a aprovar Monti na Câmara e no Senado, disse nesta sexta-feira à agência Ansa que a Itália vive uma “situação extraordinária”. Segundo ele, a situação “dos mercados e do euro é tal que chegamos a esse estado, contrário aos Cânones da democracia, em que temos um governo que não foi eleito pelas pessoas. Foi uma resposta italiana para uma situação difícil”, afirmou o magnata de 75 anos.

O PDL, agora se aglutinando ao redor de Angelino Alfano, ex-ministro da Justiça do caído governo Berlusconi, disse que apoiará o governo Monti apenas o período necessário para aprovar as medidas exigidas pela União Europeia (UE). “Ao nos darem a confiança ou ao retirá-la, vocês precisam perceber a consequência que isso pode ter para todos os italianos comuns”, disse Monti, aparentemente se dirigindo aos parlamentares do PDL.

O ministro do Desenvolvimento Econômico, Corrado Passera, disse que o desemprego, acima de 8%, é o principal problema hoje da Itália, atingindo mais as mulheres e os jovens. O ministério de Passera passou a concentrar também os Transportes e se espera que gere trabalho com obras públicas.

Reformas estruturais enfrentam dificuldades

Florença (AE) – A Itália e outras economias mais fracas da zona do euro precisam impulsionar seu potencial crescimento para compensar o enfraquecimento temporário, mas as reformas estruturais necessárias para fazer isso são muitos mais difíceis de implementar que as reformas fiscais, afirmou ontem o membro do conselho executivo do BCE Lorenzo Bini Smaghi. As declarações de Smaghi foram feitas no lançamento do livro “Zero-Cost Reforms”, escrito por Tito Boeri, um economista da Universidade Bocconi, de Milão.

A Itália poderia ter utilizado os custos mais baixos para tomar empréstimos nos seus primeiros 10 anos na zona do euro para cortar a dívida pública, mas preferiu, em vez disso usá-los nos atuais gastos, destacou. Tais decisões poderão ser facilmente repetidas, por exemplo, por meio da implementação de um alto imposto de renda sem reformas econômicas, mas isso conduzirá a outra rodada de ceticismo dos investidores e temores sobre o financiamento da dívida, ressaltou Smaghi.

As reformas estruturais têm enfrentado interesses ocultos, mas os mercados financeiros emergiram como um “novo lobby”, acrescentou. Para aplacar essa força, que inclui os poupadores italianos, exigirá não só realizar reformas na legislação, mas convencer a sociedade a apoiá-las, acrescentou.

A Itália respondeu às demandas para que antecipasse o equilíbrio do seu orçamento para 2013, mas mudanças substanciais nas práticas trabalhistas, levaram mais muito mais tempo, segundo ele. Smaghi sugeriu o uso mais amplo das ferramentas fiscais.

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