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Moradores aguardam indenizações

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Sara Vasconcelos
repórter

Inaugurada pelo então presidente João Figueiredo, em maio de 1983, sob o status de “primeira cidade saneada do país” – embora a água chegasse a galões –  a nova  São Rafael foi projetada para replicar a  estrutura da cidade velha. Contudo,  não manteve igual estrutura – quadra, estação de trem, industrias – e tampouco ganhou novos equipamentos. Até hoje, há apenas três escolas e um posto de saúde relocados. A Igreja – principal ícone – é um dos poucos exemplos  reproduzidos.
O arquivo da Tribuna do Norte guarda fotografias da antiga cidade de São Rafael, que foi inundada pelas águas da barragem
Cerca de 60% dos moradores, segundo pesquisa feita pelo Historiador Djalmir Arcanjo, não foram indenizados por desapropriação de imóveis e permanecem sem escritura pública. “As casas entregues eram menores, muitos perderam terreno, bens e até hoje está assim”, afirma Arcanjo. 

#SAIBAMAIS# O autônomo Bernardo de Moura, de 27 anos, lembra que o avô Alvacyr Tavares morreu aos 80 anos sem ser indenizado. Depois de anos na Justiça, com uma ação coletiva, filhos e netos ganharam a causa.

O DNOCS, por meio da assessoria de imprensa, disse que não teria como informar o total de famílias indenizadas e orientou os que se sentem lesados a buscar os direitos, cujos pedidos serão analisados pela Procuradoria Geral, em Fortaleza. Não soube informar se o prazo prescreveu.

“Nem progresso e nem água”

Banhada pelo Rio Piranhas represado pela barragem, a cidade tem hoje o abastecimento de água na zona rural mantido por um carro-pipa do governo do Estado. No Centro, moradores lamentam a baixa qualidade da água e os gastos com o produto industrializado.

Desde março de 2012, o município decretou estado de emergência pela seca, renovado pela quarta vez. “O progresso naufragou nas águas da barragem. E com essa seca, nem progresso e nem água”, ironiza o professor e historiador Djalmir Arcanjo, de 49 anos, autor do livro sobre a história da cidade “São Rafael, a história da cidade que o progresso naufragou”.

Estrutura

O prefeito José Arimateia Braz lamenta a falta de infraestrutura e investimentos do governo federal. O sistema de irrigação ficou relegado ao discurso da época. A fruticultura perdeu fábricas de grande porte e acentuou o desemprego. “Hoje temos forte dependência do serviço público e contamos com a pesca. Não chegou o desenvolvimento prometido”, analisa o prefeito.

A exploração de atividades como o turismo que poderiam aquecer a economia, bem como o  tombamento histórico, segundo Braz, esbarram na posse da área ao Dnocs. “Com a retirada e proibição de barracas da antiga prainha, perdemos o carnaval e não conseguimos tirar do papel o projeto de área de lazer”, afirmou.

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