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Morre Lourival, o ‘reitor’ da boemia

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Quem buscar algo diferente no bar do Lourival, localizado na av. Deodoro em frente à antiga Rádio Poti, irá encontrar apenas um boteco como outro qualquer, com cerveja e petiscos. A boa conversa fiada de mesa e balcão, que fazia a alegria dos frequentadores mais cativos, já não é mais a mesma. É que morreu na madrugada desta quarta-feira (23), o comerciante Lourival Lúcio da Silva, de 86 anos, que além de emprestar o nome para o Bar do Lourival também transformou o espaço em uma extensão de sua casa. Lourival estava hospitalizado e teve complicações cardíacas.

Na tarde de ontem, sozinho, o funcionário Lupércio Alves: “Era uma grande figura”Há dez anos o comerciante sofria com problemas cardíacos. “Ele chegou a fazer seis cirurgias de ponte de safena e outras duas mamárias. Por recomendação médica, há seis anos ele se afastou do bar. Mas nós vamos manter essa tradição, cumprindo um desejo dele”, falou Lourival Júnior, que atualmente administra o bar fundado pelo pai.

O Bar do Lourival foi inaugurado há 45 anos e logo virou ponto de encontro da boemia de Natal. O local ainda é frequentado sobretudo por jornalistas, políticos, empresários e profissionais liberais influentes na sociedade potiguar.

Um dos visitantes mais ilustres do Bar do Lourival foi o “Rei” Pelé. Até hoje uma foto de Lourival com o rei do futebol decora o local, que ganhou clientela pela tradição de bons tira-gostos e cerveja gelada.

“O país vivia a época da ditadura militar e o Bar do Lourival era um lugar que nos permitia exercitar o  nosso posicionamento filosófico e político. Lá a gente exercitava a liberdade. Era como uma segunda redação do Diário de Natal e da Rádio Poti”, relembra com saudades o jornalista e publicitário Ricardo Rosado, frequentador assíduo nos idos dos anos 1970 e 80. “Era um bar comum, que ganhou força pela presença de jornalistas, intelectuais e políticos no local. O carinho era tanto que batizamos o bar como ‘A Universidade da Deodoro’ e Lourival era o nosso reitor”, brinca Rosado.

Quem também relembra a “rotina” de encontros no Bar do Lourival, é o jornalista Carlos de Souza. “Todo dia eu saia do jornal e passava por lá. Sempre me divertia com as histórias do professor José Melquíades, sobre sua convivência com Cascudo. Perto do final da vida ele ia religiosamente no Lourival e tomava quatro cervejas.”, conta o jornalista.

Sentado sozinho em frente ao bar durante toda a tarde, o funcionário mais antigo da casa, Lupércio Alves , se emociona ao falar sobre Lourival: “Trabalho há 20 anos aqui no bar do Lourival e a única coisa que tenho a dizer é que todo mundo está muito triste e vai sentir muita falta dele. Ele era amigo de todos os fregueses, às vezes aparentava ser um homem duro, mas era uma grande figura!”

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