quinta-feira, 25 de abril, 2024
26.1 C
Natal
quinta-feira, 25 de abril, 2024

MP quer interdição do Viaduto do baldo

- Publicidade -

Comprometimento da estrutura, infiltrações, desagregação do concreto em vários trechos e armaduras expostas em alto grau de corrosão. Esses são alguns dos problemas do Viaduto do Baldo que levaram a promotora do Meio Ambiente Rossana Mary Sudário, a ajuizar uma Ação Civil Pública contra o Município de Natal pedindo a imediata interdição do trânsito do local.
#ALBUM-3736#
A deterioração das estruturas do viaduto foi denunciada no ano de 2010, quando a Promotoria instaurou Inquérito Civil Público. À época a Secretaria de Municipal de Obras Públicas e Infra-Estrutura (Semopi), realizou inspeção no local, a qual constatou as irregularidades.

De acordo com o laudo da secretaria o aspecto mais preocupante da obra,  refere-se ao comprometimento estrutural dos primeiros vãos ao lado da Avenida Prudente de Morais, que apresentam duas graves patologias estruturais.

A primeira delas é representada pelo alto grau de fissuração disseminada externamente na laje inferior e propagando-se pelas duas nervuras adjacentes. (…) A segunda reforça o comprometimento estrutural destes trechos das obras.

Na ação civil, a promotora alega que é alarmante a gravidade do problema, considerando principalmente  o fato de  o laudo técnico já apontava, há quase três anos, o estado de instabilidade da obra e os fortes indícios de comprometimento da segurança dos vãos, exigindo escoramento preventivo provisório e controle do tráfego de veículos.

Em abril deste ano , a Semopi informou  ao Ministério Público que seria preciso fazer novo levantamento técnico no viaduto para identificar, especificamente, quais os pontos e estruturas, bem como que tipo de serviços deverão ser realizados, haja vista o último laudo técnico sobre o assunto datar de outubro de 2009. E que ainda não conseguiu localizar técnicos especializados para fazer os serviços, mas continuam procurando e em breve encaminharão as solicitações à SEGELM visando a aquisição de recursos e de material para as obras; que não pode adiantar uma previsão de tempo.

“(..)pode-se concluir seguramente que, hoje, o Viaduto do Baldo, estando sujeito à ação contínua do tempo e não tendo recebido quaisquer reparos em sua estrutura, encontra-se ainda mais deteriorado do que em 2009, quando foi detectada a precariedade de sua situação através de laudo técnico. Não é exagero prever que, se não iniciadas as obras de recuperação em caráter de urgência, a estrutura poderá ruir a qualquer momento”, destacou Rossana Sudário.

A promotora pediu ainda que seja apresentado o cronograma das medidas necessárias para realizar a recuperação do Viaduto do Baldo, com prazo a ser determinado pelo Judiciário, sob pena de multa diária de R$ 30 mil em caso de descumprimento.

DESCASO

Um passeio rápido pelo viaduto – por onde transitam cerca de cinco mil pessoas/dia – mostra o descaso com o local. Segundo comerciantes da região, a única manutenção feita pela prefeitura se restringia a pintura da murada de contenção nas laterais da vias de rolamento, limpeza externa do canal do Baldo e raros remendos nas pistas, que não acontecem há muito tempo.

Uma parte da mureta de proteção caiu há mais de dois anos e nada foi feito. O espaço aberto é um risco para motoristas e ciclistas que trafegam pelo local. Ao longo da laje percebe-se a estrutura deformada, os desníveis. Como não há drenagem, a água se aloja, causando corrosão das estruturas.

Um exemplo é o trecho que fica  em cima do estacionamento da Cosern. Vários pedaços de concreto caíram em cima dos carros que ficavam no local. A Companhia chegou a interditar esse ponto do estacionamento para evitar um acidente.

“Há mais de dois anos fizemos a denúncia ao Ministério Público. No período da chuva a situação é pior, a estrutura do viaduto ficou totalmente exposta, caíram pedações de concreto, por sorte ninguém se feriu. Estou há 12 anos nessa unidade da Cosern e nunca vi uma obra de manutenção”, disse o funcionário da Cosern, José Albino.

Embaixo do viaduto, ferros estão expostos, manchas pretas decorrentes de água de chuva. Não raro, quem passa por baixo da estrutura é molhado pela água que pinga das paredes infiltradas.

Todo esse descaso pode se transformar numa tragédia anunciada. Podem acontecer acidentes com as pessoas e até com os veículos que transitam por suas vias ou nas ruas embaixo do viaduto.

Última inspeção ocorreu em outubro de 2009

A Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infra-Estrutura (Semopi) informou, através da assessoria de imprensa, que a secretária Tereza Cristina Vieira vai se pronunciar sobre o assunto  hoje a tarde, tendo em vista que é preciso uma reunião com os técnicos da Semopi e a procuradoria Geral do Município para inteirar-se da situação e observar os encaminhamentos jurídicos. De acordo com os autos do processo, o último parecer do município sobre a situação do Viaduto do Baldo, é um laudo  de  inspeção executada pela Semopi. O documento, datado de outubro de 2009, aponta graves problemas estruturais.

Veja alguns trechos do laudo:

“As inspeções realizadas no local da obra foram bastante esclarecedoras quanto à ocorrência dos tipos e estado de avarias existentes, cujas patologias estruturais foram identificadas com auxílio de variadas medidas instrumentais.

Um fator digno de registro refere-se ao razoável estado de grande parte de trechos das obras, considerando-se principalmente que não tem recebido desde a construção nenhum mínimo cuidado de conservação. Elementos estruturais com prazo de validade limitado, quando muito a um máximo de 10 (dez) anos, como as articulações de apoios constituídas de placas fretadas de neoprene, estão a exigir imediata substituição. A constituição de uma articulação deste tipo, como é sabido, está intrinsecamente dependente da mesma quanto a corrosão das capas de aço de fretagem e do estriamento por ressecação das lâminas de borracha sintética.

O aspecto mais preocupante da obra, com certeza, refere-se ao comprometimento estrutural dos primeiros vãos ao lado da Av. Prudente de Morais, que apresentam duas graves patologias estruturais, especialmente por se tratar de uma obra em concreto protendido, consequentemente em estado de compressão no concreto. A primeira delas é representada pelo alto grau de fissuração disseminada externamente na laje inferior e propagando-se pelas duas nervuras adjacentes. As fotografias correspondentes foram ressaltadas as fissurações existentes. A segunda patologia vem reforçar o comprometimento estrutural destes trechos das obras, desde que, em ambos, nos vãos correspondentes, verificou-se a ocorrência de flechas da ordem de 10cm. O único atenuante existente é que nas inspeções realizadas através de janelas abertas inferiormente, não foi constatada, ainda, a presença de fissuração interna. Em contrapartida verifica-se a presença de alguns sérios agravantes: presença de vários ninhos de concretagem, desagregação do concreto em vários trechos e armaduras expostas em alto grau de corrosão, inclusive bainhas dos cabos de propensão. É oportuno ressaltar, como alerta, que a principal causa de comprometimento estrutural de obras de concreto protendido refere-se estatisticamente ao surgimento nos cabos de protensão, submetidos a altas tensões de tração, do fenômeno de “Stress-Corrosion” (corrosão sob tensões). Neste aspecto, deve ser esclarecido que a tecnologia moderna permite a realização de ensaios de integridade física dos cabos de protensão, com utilização principalmente do Método RIMT.

As demais avarias estruturais existentes na extensão de toda a obra são comuns a obras congêneres, especialmente naquelas que não recebem cuidados de conservação ao longo de sua vida útil. Estas avarias, que caracterizam-se pela constante, rápida e progressiva propagação, especialmente a corrosão nas armaduras, promovem ao longo do tempo, por vezes lentamente, a perda de resistência das armaduras, que refletem diretamente na redução do coeficiente de segurança da estrutura. Por esta razão, deveriam ter sido interrompidas ou, ao menos, atenuadas, no seu nascedouro, a um custo muitas vezes inferior. A presença do afloramento de gramíneas de médio porte no infradorso das obras (ver detalhe na documentação fotográfica), além de representarem um gravíssimo sinal de total descaso com os mínimos cuidados de conservação, representam um importante alerta de presença de umidade retida na massa de concreto por período prolongado, acelerando tremendamente o processo de corrosão das armaduras e aumento da porosidade e desagregação do concreto.”

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas