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Mulher ocupa 90% das novas vagas

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Sara Vasconcelos
Repórter

Em meio a conjuntura de retração econômica e alta taxa de desemprego, a participação das mulheres no mercado de trabalho vem – na contramão –  crescendo no Rio Grande do Norte. Dos 130 mil postos de trabalho criados no Estado, entre o início de 2012 e o início de 2015, 90% foram ocupados por elas. Com isso, a proporção de mulheres na população ocupada subiu de 38,1% para 42,1%. Já a taxa de desocupação delas caiu de 14,3% para 11,9%, no mesmo período. Mas nem tudo é motivo de comemoração. A remuneração – embora registre crescimento – continua inferior ao que é pago entre os homens ocupados.

Os dados se referem a pessoas com 14 anos ou mais, com empregos formais ou não, levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua),  divulgada pelo IBGE.
Presença em áreas como construção civil ainda é pequena
#SAIBAMAIS#Analistas de mercado apontam como fatores para o crescimento da taxa de ocupação entre as mulheres, o avanço na inserção em  segmentos que apresentaram crescimento, maior escolaridade, mas nem tudo é mérito da força de trabalho feminina. Os dados podem ter reflexo do chamado “efeito estatístico”, explica o economista e superintendente do IBGE no Rio Grande do Norte, Aldemir Freire.

Ou seja, o crescimento é maior na taxa de ocupação entre as mulheres porque a perda em postos de trabalho foi maior entre os homens, puxada sobretudo pelas demissões na construção civil e na agricultura onde a mão de obra é, ainda, majoritariamente masculina. Somente na construção civil, o número de pessoas ocupadas, entre o primeiro trimestre de 2014 e o mesmo período deste ano, caiu 28% – são 41 mil trabalhadores a menos nos canteiros de obra.

“Entre os homens, a desocupação cresceu consideravelmente e isso também pode interferir na pesquisa. Fato é que as mulheres estão cada vez mais presentes no mercado de trabalho, sobretudo em áreas como comércio, serviços, educação e saúde”, analisa o superintendente do IBGE-RN.

O coordenador do mestrado em Economia da UFRN e do Grupo de Pesquisa sobre Mercado de Trabalho da mesma universidade, William Eufrásio Pereira, atribui o crescimento da ocupação feminina a dois fatores: de ordem estrutural, com a presença maior  em postos de trabalho formais e informais, que vem crescendo historicamente.

Salários

O segundo é de ordem “conjuntural”, explica William Pereira, e reflete uma realidade negativa para o público feminino: a diferença salarial. “Em tempos de crise, com recessão de mercado e necessidade de cortar gastos, adequar a finanças, algumas empresas preferem optar pela mão de obra feminina que, infelizmente, ainda recebe menores salários”, explica o economista e analista de mercado de trabalho.

Dados da Pnad contínua mostram que o rendimento das mulheres no primeiro trimestre deste ano cresceu pelo quarto ano consecutivo na Região Metropolitana de Natal. Saindo da média de R$ 1.082,00, no primeiro trimestre de 2012, para R$ 1.136,00, nos primeiros  três meses desse ano.

Apesar de positivo, o resultado quando comparado a remuneração paga aos homens mostra que a discrepância ainda é acentuada. Na relação entre o rendimento médio real de todos os trabalhos, os salários recebidos pelas mulheres corresponde a 75,31% do dos homens.

Essa diferença salarial, avalia José Alves de Andrade Filho – Consultor de recursos humanos da DJL Consultoria,  é mais comum nos cargos de gerência e diretoria, pois, nos cargos operacionais e de supervisão os salários são compatíveis, e em alguns casos as mulheres chegam a ganhar mais. “A cada dia essa diferença diminui, mas alguns empresários ainda possuem pensamento “machista” e acreditam que a mulher não pode ganhar o mesmo que o homem”, disse.

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