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Na praia, alimento não tem fiscalização

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Jouse Azevedo – Repórter

Sanduíche natural,  ostra, camarão, tapioca, peixe, espetinhos de todos os tipos, caldinhos variados. Quando esses alimentos são oferecidos aos banhistas na praia não há como precisar o tempo em que estão expostos e muitas vezes em que condições de higiene foram preparados.  Na hora da fome muita gente acaba esquecendo que esse tipo de consumo pode ocasionar a temida intoxicação alimentar, umas das doenças mais comuns dessa estação. O Ministério da Saúde lançou no início deste mês uma cartilha alertando sobre as doenças do verão.
Alimentos perecíveis, como o camarão, são comercializados sem os devidos cuidados com conservação
Em Natal, o problema maior é que os ambulantes que oferecem comidas nas areias de Natal não sofrem fiscalização da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos -Semsur ou da Coordenadoria de Vigilância Sanitária-Covisa.  Com essa falta de fiscalização, fica difícil escolher um alimento que seja confiável para matar aquela fome que bate quando menos se espera.

A Coordenadoria de Vigilância Sanitária-Covisa, em Natal, não aborda o vendedor ambulante. De acordo com Dalila Gurgel, fiscal da Vigilância Sanitária, a abordagem é realizada com base nos cadastros. Os bares e restaurantes que possuem endereço fixo recebem a visita do órgão público.

A Covisa orienta a população a observar as condições de higiene dos carrinhos onde ficam expostos os alimentos na areia e não aconselha o consumo de comidas que foram preparadas nas casas dos ambulantes. Os vendedores que preparam o alimento na areia da praia, mesmo os que já estão instalados há anos nas praias, também são considerados vendedores ambulantes pela Covisa.

A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos -Semsur, informou que não há um sistema de cadastramento para os ambulantes que atuam nas praias da capital. Segundo Antoniel Siqueira, a Semsur não opina quanto a manipulação dos alimentos, cabendo a responsabilidade a Vigilância Sanitária.

A ação da Urbana está restrita a fiscalização aos ambulantes que ocupam áreas como estacionamento ou calçadas, sem autorização. O combate é feito em quem fixa churrasqueiras em locais não permitidos ou em quem vende coco  e suja a cidade. A Semsur informou também que combate o uso indiscriminado da faixa de areia pelos comerciantes. Durante a semana, é permitido que cada comerciante ofereça cinco mesas para os clientes.

A fiscalização da Semsur que combate as irregularidades nas praias conta com cinco carros, um caminhão de remoção e 20 fiscais. Ainda esse ano a Secretaria vai realizar ação para os comerciantes que se instalaram na areia das praias da capital, segundo Antoniel Siqueira.

Nutricionista recrimina alimentos sem fiscalização

O consumo de alimentos oferecidos na praias é totalmente recriminado pela Nutricionista Funcional, Fátima Nunes. Para ela o risco de contrair uma doença alimentar é muito grande já que não há como comprovar a qualidade na hora da preparação desses alimentos. As condições de trasporte em que são submetidos até chegar a praia, para só então serem vendidos, prejudicam ainda mais a qualidade dos alimentos.

Apesar de recomendar o consumo de frutas na praia, Fátima lembra que a salada de fruta oferecida na areia não é a maneira ideal de consumir o alimento. “O problema está na preparação da salada de fruta. É fundamental que o preparador da salada de fruta esteja utilizando luvas descartáveis e que a fruta apresente boa qualidade. Sabemos que muitas vezes o vendedor é humilde, não tem uma cozinha adequada para preparação de alimentos e ainda trasportam em local inadequado”, explicou.

De acordo com Fátima os espetinhos de queijo é arriscado porque os ambulantes costumam trabalhar de maneira artesanal e para completar ainda manipulam dinheiro. O que agrava ainda a qualidade. De acordo com a nutricionista, a hidratação também é importante no verão. É recomendado e liberado o  consumo da água de coco e água. “O ideal é levar frutas para a praia, oferecer principalmente para as crianças e se alimentar quando voltar para casa”, reforçou a nutricionista.

Ambulantes oferecem grande variedade

Mesmo sem fiscalização, há muitas opções nas praias da capital. Se o cliente estiver tomando sol em frente a barraca do Sr. Dão da Barraca do Caranguejo da Gaiola, na Praia do Meio, pode escolher saborear desde caldos até peixe completo. O vendedor conseguiu montar ao longo dos 40 anos de praia, um míni restaurante na areia que, aparentemente, o aspecto de higiene não era o mais adequado.

Alguns metros à frente, o alimento preparado pela ambulante Sônia Fernandes era aguardado pelo casal Solange Barbosa e Antônio Carlos. Dentro da embalagem a reportagem constatou que o alimento não estava sob refrigeração e a embalagem era pequena e abafada. O cheiro do alimento crú também não era agradável. Mesmo assim os clientes aprovaram a qualidade.

Ao ser questionado sobre a preferência sobre os alimentos oferecidos na beira da praia, o natalense Thiago Silva Tavares confessou não abrir mão dos caldos de peixe. “Não dá para dispensar esse prato. Para evitar surpresas ou uma doença alimentar, eu como sempre na mesma barraca”, explicou se referindo a Barraca do Sr. Dão.

Tentando evitar que a família seja surpreendida com uma infecção alimentar nessas férias, a dona de casa Celina Adriano dispensa qualquer alimento oferecido na praia. Segundo ela, a tática de alimentar bem as crianças antes de sair de casa e encurtar o tempo na praia, evita que a criança fique com fome e peça tudo que passe pela frente. “Com o café da  manhã e os biscoitos que eu trago de casa, as crianças conseguem aguardar a hora do almoço. Só compramos na praia água-de-coco e picolé”, explicou a dona de casa, enquanto mostrava a variedade de guloseimas que estava na sacola de praia.

Já o vendedor que preferiu não se identificar, oferecia quatro tipos de alimentos em um mesmo recipiente, camarão, o peixe conhecido como ginga, tapioca e coxinha. O que separava um dos outros eram os saquinhos que cobriam os camarões. Apesar da boa vontade em mostrar que os alimentos estavam em boas condições, não era possível precisar as condições higiênicas em que foram preparados e o tempo em que estavam prontos, já que o ambulante confessou já ter trazido de casa os alimentos preparados.

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