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Na sala de reboco de Alceu Valença

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Tádzio França e Eliade Pimentel – Repórteres

No centenário de Luiz Gonzaga, o cantor pernambucano Alceu Valença rende homenagens ao Rei do Baião, mas quem ganha este presente é o público brasileiro. Em Natal, depois de percorrer mais de vinte cidades em todo país com seu novo show baseado em pérolas do forró e do xote, Alceu se apresenta amanhã (sábado) dentro da programação do Circuito Musical Agosto da Alegria, na praça Augusto Severo (Largo do Teatro). O evento terá início às 20h, com show dos cantores Pedrinho Mendes e Sueldo Soaress celebrando 30 anos de carreira. 
Alceu Valença apresenta show neste sábado dedicado a Luiz Gonzaga, com canções como Sabiá, Vem Morena, Asa Branca, Pau-de-Arara e Cintura Fina
Para quem gosta de forró, ou melhor, para quem é fã do saudoso e inesquecível Luiz Gonzaga, o show de Alceu é um verdadeiro culto ao arrasta-pé.  No repertório, não faltarão canções como Sabiá, Vem Morena, Asa Branca, Pau-de-Arara, Cintura Fina e Xote das Meninas. Dos seus próprios sucessos, o pernambucano desfia Coração Bobo, Pelas Ruas Que Andei, Cavalo de Pau, Belle de Jour, Táxi Lunar, Como Dois Animais, Anunciação, Tropicana, entre outras.

Em entrevista concedida por e-mail ao caderno FIM DE SEMANA o cantor conta como surgiu a ideia de fazer a homenagem e relata que conheceu Gonzaga pessoalmente, no início de sua carreira. “Ele foi assistir ao meu show. Perguntei o que havia achado do meu som e ele respondeu: ‘é uma banda de pífanos elétrica”. O encontro gerou uma parceria, o dueto na música Plano Piloto, homenagem de Alceu a Brasília.

Com seu jeito bem irreverente, o cantor estrela o clipe Na Sala de Reboco (um dos clássicos do repertório de Luiz Gonzaga), que será lançado neste show, no qual ele faz dueto com a cantora e acordeonista Lucy Alves, do grupo Clã Brasil, de João Pessoa-PB. No vídeo, dirigido por Gustavo Caldas, foi utilizada uma estética bem contemporânea, com jovens atores compondo o elenco. Na Sala de Reboco pode ser assistido no youtube ou no site www.alceuvalenca.com.br.

Alceu se apresenta em Natal ao lado de Paulo Rafael (guitarra), Tovinho (teclados), Nando Barreto (baixo), Cássio Cunha (bateria), Edwin (percussão) e de Lucy Alves (acordeon e voz). Com um repertório criterioso e músicos de alto nível, o show desse Agosto da Alegria tem tudo para ser a melhor opção para sábado à noite. E o melhor de tudo: é gratuito. 

Há quanto tempo você começou o projeto de homenagem a Gonzagão?

ALCEU VALENÇA – Para mim, é natural fazer esta homenagem a ele. Desde menino, eu gostava de escutar Luiz Gonzaga nos auto-falantes da minha cidade e percebia uma identidade muito forte com sua música, seu estilo, suas melodias insinuantes. Por ter nascido em São Bento do Una (PE), numa região próxima à de Luiz Gonzaga, cresci escutando as mesmas manifestações que o rei do baião consolidou em sua obra. Escutava os aboiadores, que tangiam o gado próximo às fazendas da região, adorava ver os cegos cantadores de feira, os emboladores, os cordelistas que recitavam seus versos em decassílabos.

Como tem sido a recepção do público?

A atual turnê começou em junho, pouco antes do São João, e já percorreu mais de 20 cidades pelo país. Em todos os palcos por onde passamos, a recepção foi muito calorosa. O show chega com toda a energia para o público de Natal. 

O forró hoje tem muitas caras. Como prender a atenção das gerações mais novas com este forró mais clássico?

Na minha concepção, o forró verdadeiro é aquele que descende diretamente da linhagem de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Hoje em dia, existem grupos que se autodenominam como forró, por uma questão meramente mercadológica. Mas o verdadeiro forró permanece vivo como posso perceber em todas as cidades por onde este show tem passado. As gerações mais novas estão sempre presentes até porque meu som descende de uma tradição, mas não fica engessado nela. Há um diálogo permanente com as novas sonoridades, com uma proposta mais contemporânea. O forró se adequa perfeitamente à linguagem da música universal sem abrir mão de sua identidade. Músicas como Sala de Reboco, Vem Morena e Xote das Meninas vão permanecer ainda por muitas gerações. São atemporais. 

Você acrescentou algum elemento novo às versões de Gonzagão?

AV – Procuro justamente destacar a universalidade da obra de Gonzaga, de modo que haja uma integração conceitual como as minhas próprias músicas. E destacamos também a elegância, a classe, o alto nível artístico dos gêneros cultivados por Gonzaga, como o baião, o xote, o xaxado, a embolada, o chamego, entre tantos outros.

Quanto ao clipe de Sala de reboco, você atuou em todas as etapas?

Rodamos o clipe em apenas uma noite, na Casa dos Morcegos, em Olinda. Foi uma ideia desenvolvida pelo diretor Gustavo Caldas e por minha mulher e produtora, Yanê Montenegro. O clipe tem a participação da cantora e sanfoneira Lucy Alves, do grupo Clã Brasil, de João Pessoa, que também estará no show de Natal com a gente. É bonito ver uma artista jovem com uma identidade nordestina tão verdadeira, distanciada das armações mercadológicas comuns nos dias atuais. Eu só cantei e atuei, mesmo, e dei algumas sugestões. Gosto de acompanhar tudo de perto, principalmente depois de ter dirigido meu primeiro filme.

SERVIÇO:

Alceu Valença, Pedro Mendes e Sueldo Soares (Circuito Musical Agosto da Alegria) – Sábado, 25  às 20h. Praça Augusto Severo (Largo do Teatro). Entrada franca. 

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