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Nasa descobre planeta habitável

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Mônica Reolom
Agência Estado

São Paulo – A existência de vida fora da Terra, um dos maiores mistérios para os seres humanos, nunca esteve tão próxima de se confirmar. Cientistas anunciaram ontem a descoberta do primeiro planeta fora do sistema solar de tamanho similar ao da Terra e onde pode haver água em estado líquido na superfície. Isso significa que o planeta pode ser habitável. A novidade reafirma a probabilidade de que haja planetas irmãos à Terra na nossa galáxia, a Via Láctea. O trabalho, conduzido por um cientista da agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa, foi publicado ontem na revista científica Science.
Embora as condições no Kepler-186f sejam propícias para a existência de vida, ainda vai demorar uma década para confirmar dados
“É o primeiro exoplaneta (planeta que orbita uma estrela que não seja o Sol) do tamanho da Terra encontrado na zona habitável de outra estrela”, explicou Elisa Quintana, astrônoma do centro de investigação da Nasa, que liderou as investigações. “A descoberta é algo particularmente interessante porque o planeta, batizado de Kepler-186f, orbita uma estrela anã vermelha (a Kepler-186), menos quente do que o Sol, em uma zona onde pode haver água líquida.”

De acordo com os cientistas, o planeta recém-descoberto tem 1,1 vez o tamanho da Terra, está na quinta posição contada a partir de seu sol e precisa de 129,9 dias terrestres para dar uma volta inteira em torno de sua estrela – o equivalente a um ano. Já a estrela anã tem aproximadamente metade do diâmetro do Sol e fica a 490 anos-luz da Terra. Essa zona é considerada habitável porque a vida, tal como conhecemos, tem possibilidade de se desenvolver no local.

“Que a gente saiba, só existe vida aqui (na Terra). Então, estávamos procurando por um sistema exatamente como o nosso, ou seja, que tivesse um planeta do tamanho da Terra, localizado na zona habitável (com uma distância da sua estrela tal que a temperatura na superfície faça com que seja possível a existência de água) e que estivesse orbitando uma estrela parecida com o Sol”, explica Isa Oliveira, pesquisador de astrofísica e sistemas planetários do Observatório Nacional.

“Até hoje, a gente só tinha conseguido uma ou duas dessas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Dessa vez, temos as três características juntas”, afirma. O professor de Astronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Kepler de Souza Oliveira Filho, ressalta a importância da descoberta para a ciência. “(Esse planeta) é um bom candidato a ter vida. Tem um sistema planetário como o sistema solar e a estrela é um pouquinho mais fria do que o Sol, mas o planeta é um pouquinho mais perto da estrela do que a Terra. Ele estava sendo esperado há muitos anos. Não tínhamos capacidade técnica de encontrá-lo, e agora comprovamos que ele existe, sim”, salienta o professor.

A estrela que funciona como o sol desse sistema é a anã vermelha que, segunda a pesquisadora Isa Oliveira, representa 70% das estrelas no universo. “É bastante excitante que isso ocorra ao redor de uma estrela tão comum. Dá esperança de que a ocorrência de planetas com vida seja bastante possível em outros locais no universo”, afirma. “Pode ser que consigamos descobrir muitos outros planetas mais próximos para que a próxima geração de telescópios possa observá-los melhor. Pode ser o começo de uma era bastante frutífera.”

Embora as condições no Kepler-186f sejam propícias para a existência de vida, ainda vai demorar ao menos uma década para que os humanos confirmem a informação. “O planeta tem o tamanho certo e a temperatura certa para ter água. Agora, se tem água, vamos ter de esperar ser medido o espectro dele e para isso deve levar ao menos 10 anos”, diz Oliveira Filho. Segundo ele, esse é o tempo necessário para construir telescópios com tecnologia adequada para fazer a medição. O planeta está a quase 500 anos-luz de distância, ou seja, “é muito longe para confirmar qualquer coisa a curto prazo”.

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