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Natal em conexões visuais

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Yuno Silva – repórter

Intenção dupla e marcos históricos caracterizam o 15º Salão de Artes Visuais de Natal. A edição 2013 bateu recorde em números de inscritos, e pela primeira vez abriu suas portas para trabalhos de artistas de todo o Brasil. O valor do prêmio oferecido, R$ 6 mil (brutos) para cada um dos 15 selecionados, também se destaca por estar acima da média nacional. Porém, os dois principais pontos que merecem atenção vaga no plano da subjetividade: o primeiro é a possibilidade de inserir Natal definitivamente no circuito nacional de artes visuais; o segundo ponto diz respeito a capacidade de gerar um contato mais dinâmico com novas referências estéticas. O resultado do Salão foi divulgado esta semana e a abertura da exposição coletiva, que irá reunir os 15 trabalhos selecionados na galeria da Fundação Capitania das Artes, está marcada para o dia 13 de dezembro.  
Jean Sartief apresentou proposta fotográfica. Bitú Cassundé (CE), curador: “Busca por propostas maduras”
O edital admitiu inscrições em três categorias: seleção de trabalhos, pesquisa visual e texto teórico; e os trabalhos contemplam 12 linguagens – desenho, escultura, fotografia, gravura, isntalação, poesia visual, objeto, performance, pintura, intervenção urbana, vídeo arte e arte-e-tecnologia. Dos 158 inscritos, 75 eram do Rio Grande do Norte, e destes quatro foram selecionados pela curadoria formada por Jota Medeiros, Sânzia Pinheiro e o cearense Bitú Cassundé. O Salão de Artes Visuais é o único evento promovido pela Prefeitura com realização anual prevista em lei municipal.

“Acredito que teremos um recorte significativo do que vem sendo produzido no país”, disse o artistas plástico Flávio Freitas, diretor do Núcleo de Artes Integradas da Funcarte, setor responsável pela formatação do edital e da realização do Salão. Freitas informou que dois artistas de fora do RN já confirmaram presença e virão a Natal montar suas obras. “O Salão deu um salto grande em termos de qualidade este ano, e no próximo vamos trabalhar melhor o edital. Anotamos pelo menos 10 itens que precisam de ajustes”, admitiu.

Sobre o pagamento dos prêmios ele disse querer “agilizar para o mais breve possível, ainda dentro desse ano fiscal”.

Diante de questionamentos sobre a não seleção de algumas linguagem, como performance e intervenção urbana por exemplo, Freitas adiantou que os ajustes não prevêem esse tipo de expediente. “Isso limitaria as artes visuais e a própria autonomia dos curadores. Não podemos fazer esse tipo de recorte no Salão, o que pode ser feito é desenvolver projetos com foco em determinada linguagem”.

Discussão espacial

Para a curadora Sânzia Pinheiro, o resultado traz diversidade e deverá render boas discussões – principalmente quanto a percepção dos espaços: urbanos, públicos, privados. “O critério básico que delineou nossa avaliação foi a consistência da proposta. Observamos o nível de sofisticação, a maneira como o artista articula os materiais e sua relação com as linguagens. Foram quase 20 horas de trabalho até chegarmos ao resultado final”.

Bitú Cassundé reforça: “O júri não parte de nenhum princípio norteador, vamos construindo uma linha ou um eixo de pensamento a partir dos trabalhos apresentados. Foi a partir do mergulho no material inscrito que as coisas ganham sentido, e nossa seleção buscou as propostas que estão mais amadurecidas”, garantiu o curador ao VIVER.

O cearense acredita que a abertura para artistas de outros lugares significa um grande avanço, e que o Salão “dá um grande” passo na direção do mais dinâmico com novas referências. “O contato com pesquisas desenvolvidas por artistas de outros lugares só tem a acrescentar”, garante. Cassundé disse que a curadoria elaborou algumas sugestões para as próximas edições, entre elas “que se pense na possibilidade de promover residências artísticas, tanto trazer gente de fora como levar artistas locais para outros pólos”.

Preconceito

A presença de cinco artistas do RN no Salão, contando com Marcelo Gandhi (potiguar radicado em São Paulo), “confirma e reconhece a produção de nossa cidade”, avaliou Flávio Freitas. Para Freitas, a ausência na seleção de linguagens inscritas não caracteriza preconceito e cita um trecho da ATA apresentada pelos curadores: “Os critérios adotados para a seleção dos trabalhos desta edição foram balizados por conceitos que problematizam e discutem questões da arte contemporânea tais como: cartografia e subjetividade, paisagens e seus desdobramentos contemporâneos, reflexões sobre espaços e memória, relações entre corpo/política e corpo/paisagem, a ruptura de fronteiras no sistema da arte, caligrafias contemporâneas, a relação entre público e privado”.

Freitas acredita que a presença de seis artistas de São Paulo, ou mais de um terço dos selecionados, “é reflexo direto de que lá estão o maior número de museus, escolas de arte, galerias, curadores, colecionadores e artistas visuais do Brasil”. Ele deixa claro que acha “pessoalmente” que toda seleção “é por principio  injusta”, mas exalta a possibilidade da mostra coletiva do Salão ser a de “maior qualidade artística já vista entre todas os Salões já realizados em Natal”.



Curadoria

Bitú Cassundé (CE)
Jota Medeiros (RN)
Sânzia Pinheiro (RN)

Artistas selecionados
Adeildo Leite (PE) – Pintura
Artur Souza (RN) – Fotografia
Bruno Faria (SP) – Instalação
Giovanni Ferreira (RS) – Instalação
Janaína Wagner (SP) – Vídeo
Jean Sartief (RN) – Fotografia
Júnior Pimenta (CE) – Instalação
Luiz Roque (SP) – Vídeo
Marcelo Gandhi (SP) – Pintura
Rafaela Jemmeme (SP) – Instalação
Roberto Freitas (SP) – Instalação
Roberto Traplev (PE) – Instalação
Rodrigo Freitas (MG) – Pintura
Stefania Paola (RJ) – Instalação
Zé Frota (RN) – Fotografia
Sofia Bauchwitz (RN) – Texto

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