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Natal revisitada

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Nei Leandro de Castro
Escritor

É sempre bom rever Natal, reencontrar a família, os amigos. Dessa vez, encontrei também uma revelação de poesia que me deixou fascinado. Na noite de autógrafos do meu livro “As dunas vermelhas”, sentei-me ao lado de uma garota de 14 anos, Regina Azevedo, que autografava o seu livro de estréia, “Duas vezes que morei em você”, edição da Jovens Escribas. Que excelente poeta! Mal entrada na adolescência, já escreve com uma maturidade impressionante. Alguém já disse que a descoberta de um poeta é mais importante do que a descoberta de uma nova constelação. Eis uma descoberta que vai fascinar todos os amantes da poesia. Com seu livro de estréia, Regina já pode ser incluída entre os grandes nomes da poesia feminina do RN, ao lado de Iracema Macedo, Ana de Santana, Nivaldete Ferreira e a grande e saudosa Zila Mamede. Parabéns, Regina. Que os deuses da poesia estejam sempre ao seu lado.

Em Natal, costumo andar pela Rua Professor Zuza, onde morei dos cinco aos onze anos de idade. A Professor Zuza é a minha Combray proustiana. São inesquecíveis cenas da infância como o saxofone de Milton, os causos contados por Pedro Bala e o Galego Assis, a briga entre Totinha e Ivan Cocuruta, tão impressionante quanto aquele duelo de murros entre John Wayne e um escocês grandalhão, no filme “Depois do Vendaval.

Eu andava pela Professor Zuza quando uma senhorinha, de uns 60 anos, me abordou:

– Você se parece com Hemingway.

Respondi:

– É, mas eu já dei adeus às armas…

Dessa vez não foi possível  beber uma batida de maracujá, no Bar de  Nazaré, na companhia do meu poeta peripatético preferido. O poeta está meio chateado comigo, não admite que eu tenha uma aposentadoria muito mais alta do que o seu salário como funcionário da Fundação José Augusto.

Também não foi possível usufruir do bacalhau à Acari, do chef Gerard Baptiste. O chef estava em viagem pela Tasmânia, em busca de receitas exóticas. Nada demais, para quem tem Talento. O bardo da Rua São João também andava sumido. Não foi encontrado no Bella Napoli, que freqüenta todas as noites ao lado da moreninha estonteante. Espero que a moreninha tenha diminuído o seu ciúme pela farofinha de ovos, que o poeta não troca por nada neste mundo.

Também não foi possível participar de uma tertúlia na Livraria Câmara Cascudo. Senti falta de ouvir a erudição de Soares dos Anjos, dissertando sobre o cosmopolitismo das moneras. Uma pena! 

Pensamento da semana: “Há pessoas tão aborrecidas que nos fazem perder o dia inteiro em cinco minutos.” (Rodrigo Rodrigues Roque)

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