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Natal terá ‘Observatório da dengue’

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Igor Jácome
repórter

No próximo mês, a população de Natal deverá ter acesso a uma nova ferramenta no combate à dengue. Por meio da internet, seja em computadores, tablets ou smartphones, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) vai receber denúncias de focos do mosquito transmissor, bem como de suspeita de infecção.  O projeto foi idealizado pelo epidemiologista Ion de Andrade, do Departamento de Atenção Básica da SMS e foi desenvolvido em uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Telessaúde Brasil.
Em muitos bairros de Natal, o problema é o acúmulo de recipientes e pneus que podem acumular água e proliferar larvas do Aedes
A proposta é inovadora e está voltada, em princípio, apenas para a capital. De acordo com os responsáveis, o aplicativo é o primeiro do tipo no Brasil, e será apresentado futuramente ao Ministério da Saúde. Em posse  dele, a população poderá, em pouco segundos, fazer denúncias relacionadas a focos ou suspeitas da doença, enviando inclusive fotos. Para tanto, basta entrar no site (cujo endereço ainda não foi definido) ou no aplicativo disponível para os mais diversos sistemas, e fazer um cadastro informando nome, e-mail e o endereço objeto da denúncia.

Com as devidas confirmações por parte dos agentes do município, serão feitos trabalhos de combate e prevenção ao foco e à doença. “Isso vai facilitar o mapeamento epidemiológico, que hoje é muito difícil de ser feito. Muitos casos não são notificados, principalmente os mais leves, e as pessoas não procuram atendimento. Assim há uma sub-notificação. Isso acaba sendo um problema”, afirma Ion Andrade.

De acordo com o professor Ricardo Valentim, que coordena o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS), da UFRN, a SMS vai receber as notificações em tempo real e os agentes de endemias, ou de saúde, dependendo do tipo de denúncia, serão encaminhados ao local para apurar a situação. “Em Curitiba existe um aplicativo em que as pessoas dizem onde tem um foco, mas não há qualquer contrapartida do poder público. Nesse aqui, existe uma notificação e uma resposta eficiente”, coloca.

 Com o projeto em andamento, o tempo de combate à doença deverá ser reduzido. “Entre a descoberta e o tratamento do foco, geralmente são 45 dias, enquanto o mosquito eclode em sete. Ou seja, quando há o combate, quem está sendo combatido é o tataraneto daquele primeiro”, exemplifica Valentim. O Governo do Estado também já teria procurado a UFRN para conhecer o projeto. “Estamos abertos a prefeituras e Estados que estejam interessados”, destacou.

O epidemiologista Ion de Andrade afirma que a ideia surgiu durante um seminário sobre os planos de contingência  no combate à dengue nas cidades-sede da Copa do Mundo.  Foi ai que ele procurou a UFRN. “Com a população aderindo, vai ser possível enxergar no mapa a concentração dos focos”, destaca. A população poderá destacar no mapa o local, porém, não terá acesso ao mapa com todas as denúncias, que será exclusivo ao poder público. 

O LAIS desenvolve uma pesquisa na área desde março do ano passado e começou a execução neste ano. O aplicativo, faz parte de um projeto mais abrangente, que é o Observatório da Dengue. A ideia é que os relatórios das visitas dos agentes também sejam feitos através da internet, mas ainda não há previsão de data para as melhorias.

De acordo com o coordenador  Programa Municipal de Combate à Dengue, Lúcio Pereira, o município conta com 382 agentes. Cada um é responsável por regiões de 800 a 1000 casas e trabalham com ciclos bimestrais de visitação. Até agora, de acordo com ele, não houve nenhuma reunião ou treinamento dos agentes para o ingresso no novo sistema. A data de lançamento do  aplicativo ainda não foi definida. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, no ano passado houve registro de 4.378 casos suspeitos na capital.

Números
45 dias é o tempo que se leva, em média, entre a descoberta e o combate ao foco do Aedes Aegypti. Ele deverá ser reduzido com o uso do aplicativo
7 dias é o prazo médio de eclosão do ovo do mosquito
382 é o número de agentes epidemiológicos de Natal
4.378 foram os casos suspeitos notificados em 2013

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