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Natalense apresenta suas armas

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“Tiro à vontade”, avisa o instrutor. Ouve-se uma sequência de disparos. O cheiro de pólvora se espalha pela sala e o alvo de papel pendurado a alguns metros começa a ser perfurado. “Muito bom. Abra, descarregue, carregue e feche. Aguarde meu comando”. Pausa na aula. “Agora, tiro à vontade”, ordena mais uma vez. As balas atingem o alvo novamente. “Pronto, o senhor está apto. Aguarde um pouco que vou lhe entregar o documento para apresentar na Polícia Federal”, avisa o professor. 

A cena descrita acima foi presenciada pela reportagem na tarde da última terça-feira, dia 19, em uma das escolas de tiro de Natal credenciada pela Polícia Federal. O instrutor de tiro Ricardo Belém dava as instruções para o auxiliar de lavanderia Jair do Nascimento, 42 anos. O homem estava cumprindo uma das etapas no processo de aquisição de arma legalizada. “É uma burocracia grande, mas já está acabando. Já fiz o teste psicológico e faltava a aula de tiro”, conta.

Jair do Nascimento é um dos natalenses vítima da violência urbana que desistiu de esperar pela polícia ou de utilizar outros mecanismos de segurança. Há 15 dias, a filha dele foi assaltada nas proximidades de casa. Levaram celular e carteira. Bandidos usaram arma e agiram com violência. “Não pensei duas vezes. Para proteger minha família, resolvi comprar a arma. Deus queira que não precise usar, mas, se for preciso, vou atirar”, promete.

O Estatuto Nacional do Desarmamento instituído pela Lei 10.826/03 garante que qualquer cidadão pode comprar e manter dentro de casa ou estabelecimento comercial até seis armas de três modelos diferentes. No entanto, a Lei possui algumas restrições. Para conseguir autorização, é preciso, entre outros, ter emprego e não responder processo. Adquirir uma arma é caro. Um modelo simples não sai por menos de R$ 2.500,00 e as taxas com os procedimentos legais custam, em  média, R$ 500,00.

O investimento é menor se comparado com outras alternativas que existem no mercado de combate à violência. De acordo com o presidente do presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada e Transporte de Valores do Rio Grande do Norte (Sindesp/RN) Rossini Braulino, para manter um segurança armado 24 horas em uma residência ou estabelecimento comercial, o investimento é na ordem de R$ 17 mil. “A segurança humana está inacessível para pequenas e médias empresas em razão do custo. Hoje, só quem contrata segurança humana armada são bancos, governo e grandes corporações. ”, explica.

No Estado, existem hoje 24 empresas ativas entre segurança humana armada, transporte de valores e escola de formação. O número aumentou, nos últimos cinco anos. O setor emprega aproximadamente seis mil pessoas e o mercado, na análise de Braulino, não deve aumentar. “Há uma expansão da atuação de empresas de segurança eletrônica, por ser mais barato. Mas isso não resolve. A segurança eletrônica não inibe mais o bandido. Os bandidos não respeitam nem a polícia armada, imagine a segurança eletrônica”, avalia o presidente.

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